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sábado, 29 de janeiro de 2011

Cisne Negro (2010)


É indiscutível a capacidade de certos cineastas em constituir um elo entre a realidade e a imaginação, remetendo seu público a uma torrente de imagens reflexivas que visam enfatizar os anseios dos seres humanos. Darren Aronofsky interligou de forma grandiosa uma viagem psicodélica sobre as ambições e a incessável busca pela perfeição. Seu novo projeto confere uma realidade fantástica da ótica de uma jovem que assim como muitos almeja sempre o melhor, não importando quaisquer que sejam as conseqüências.

Sua história é ambientada em uma academia de balé, focando no ângulo de Nina, uma bailarina veterana pressionada pela mãe, antiga dançarina, a dar sempre sem melhor, sem importar-se com as conseqüências. Porém, Nina acaba por adentrar numa rivalidade competitiva com Lilly. Então durante este intenso embate de talentos, Nina passa a se questionar se Lilly realmente existe, ou se esta é um fruto alucinógeno de sua mente.

O roteiro é uma leitura atual de Aronofsky ao renomado ballet dramático O Lago dos Cisnes criado pelo compositor Tchaikovsky, e dividido em quatro atos. Então, durante o decorrer da trama, Nina passa a concorrer intensamente com sua rival pela posse do papel principal deste espetáculo, em uma disputa gloriosa, delicada e enlouquecedora.

Através de imagens e cenas surreais, o diretor imprime força e complexidade a sua obra, tornando Cisne Negro patamares acima que uma mera peça de entretenimento gratuito. É crível como este consegue manter seu chame e seu glamour, sem desconectar-se de seu conteúdo e foco central. As mensagens e resoluções negativas destiladas nesta produção fazem com que a sua relevância seja ainda maior, pois através de sua duração, Cisne Negro repassa uma análise das pessoas sobre altas ambições, e o que estas podem resultar futuramente.

A climatização soturna intensifica o drama trágico pelo qual toda a história se segue e faz de nós, espectadores, testemunhas da intensa jornada de Nina em busca de altíssimas projeções. Ao longo do processo de modificação de personalidade de nossa protagonista, a trama passa a obter uma aura cada vez mais complexa e sombria, adentrando cada vez mais numa viagem confusa, e delicadamente, insana.


Ao elenco, assim como a protagonista que vive, Natalie Portman encontra-se como a estrela de maior destaque em toda a produção, mostrando seu talento e seu sublime desempenho perante as câmeras. Enaltecendo sua performance, a mesma foi indicada ao Oscar de melhor atriz, em meio a outras tantas indicações que o filme recebeu. Aos demais coadjuvantes, suas interpretações são eficazes e competentes, eclipsadas é verdade, mas conseguem aderir positivamente ao trabalho.

Mesmo que mantenha temas intensos em meio a sua duração, Cisne Negro consegue através de uma incrível elegância e esmero transferir sofisticação e beleza equilibrar todos os elementos a seu total favor. A direção e roteiro de Aronofsky só reforçam ainda mais as - inúmeras - qualidades desta película.

O filme é uma reflexão sobre os dois lados de uma mesma moeda. O comportamento humano sobre seus anseios pessoais, num delirante conflito de personalidades distintas que se chocam por um único e almejado propósito. Consegue agregar a seu público uma dinâmica deliciosa de suspense e drama, compenetrando sempre em seus objetivos e suas filosofias centrais.

Um jogo psicológico e sensorial de glória em busca da glória. Uma visão fantástica e surreal de dois prismas sobre ações e atitudes divergentes, mas acima de tudo, com um objetivo em comum. Delicado e elegante como um simples passo de balé, Cisne Negro consegue, além de vários objetivos concluídos, um dos méritos mais emergentes em um filme (o qual poucos atualmente são capazes), firmar-se positivamente nos olhos e na mente de seu espectador, muito tempo após as luzes se apagarem, e as cortinas finalmente caírem.

Nota: 9.0


4 comentários:

  1. Muito bom seu texto, conferiu um olhar seguro e analítico sobre este filme - ao meu ver, uma obra-prima incontestável! É o melhor dos indicados, ao meu ver. Natalie merece o Oscar, ainda que as outras candidatas sejam fortes.

    Dou nota 9,5!

    abraço

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  2. Fico lisonjeado pelo elogio.
    Muito obrigado!

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  3. Assisti recentemente ao filme e gostei, apesar de ainda preferir O Lutador. A atuação de Portman é demais (apesar da personagem ser meio chata) e Mila Kunis é um exemplo de beleza.

    =]

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  4. Adorei seu texto sobre um grandioso filme!

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