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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Tempo de Recomeçar (2001)

"O fim só existe para quem não percebe o recomeço"

Tempo de Recomeçar (Life as a House) é o clichê em sua forma original e sincera. O longa foi lançado em 2001. De lá pra cá, muita coisa mudou no Cinema. Novos paradigmas surgiram, novas figuras passaram a dominar o cenário cinematográfico e idéias que eram aceitavéis para se construir uma história começaram a se repetir em demasiado e foram taxadas de clichês.

Assistir a Tempo de Recomeçar é ver retratada a velha e clichê história de redenção do pai doente que está prestes a morrer e decide demonstrar a todos em sua volta que sempre os amou, mas decide fazer isso com menos palavras, mais ações e guardando segredo. A empreitada de reconstrução de sua velha casa, uma métafora que posta de qualquer forma em qualquer filme de hoje em dia seria vista com olhos receosos pelo público e crítica, é o modo encontrado para reaproximar-se do filho rebelde e da ex-mulher enquanto espera a morte chegar, pois ao obrigar o filho ao acompanhá-lo e aceitar o auxílio de sua ex-mulher, acaba por se aproximar novamente deles e criar importantes laços negligenciados há algum tempo.


Interessante notar como o interesse genuíno por contar uma história nunca soa artificial e como um bom roteiro, cadenciado e bem dirgido, mesmo desenvolvendo situações simples e já conhecidas do grande público, mesmo utilizando de axiomas e de uma trilha sonora incidental para fazer emocionar, pode transformar o resultado de uma produção filmográfica. O filme conta a história de sempre, mas nunca soa gratuito. Tempo de Recomeçar mesmo sendo um filme sem surpresas não deixa de ser eficiente em sua função: fazer o público repensar os seus tortuosos caminhos em suas jornadas atribuladas demais e seu comportamento apático e passivo demais diante da necessidade de valorizar as pessoas que estão a sua volta.



O trio principal é composto pelos aqui excelentes Hayden Christensen, Kristin Scott Thomas (do recente O Garoto de Liverpool e do ótimo Há Tanto Tempo Que te Amo de 2008) e do oscarizado Kevin Kline (Um Peixe Chamado Wanda). Os três fazem um trabalho excelente. Inclusive, assusta a densidade dramática de Hayden que depois de ter feito filmes como este (vindo a ser indicado ao Globo de Ouro pela perfomance) e O Preço de Uma Verdade (Shattered Glass, 2003), fez escolhas equivocadas e chegou até a ser o protagonista do inexpressivo Jumper (2008). Hayden demonstra com brilhantismo sua transformação física (emagreceu 11 quilos para retratar o personagem), mas também emocional, saindo de uma tentativa frustrada de suicidio ainda no terceiro minuto do longa até um gesto honrável após seu personagem percorrer um importante arco-dramático. Kristin Scott Thomas forma uma dupla e tanto com Kevin Kline e suas discussões durante a projeção são magnéticas. Além dos atores citados, todo o elenco atua bem e com naturalidade, trazendo familiaridade para a tela e um ar tipico de uma vizinhança intima, lembrando a atmosfera de "Beleza Americana", salvaguardadas as proporções da comparação, dada a diferença de densidade dramática entre as produções.


As locações de Los Angeles e Califórnia escolhidas para as filmagens do longa transparecem a tranquilidade e remontam a reflexão que o diretor pretende no final do filme, favorecendo um clima agradável retrado pelas árvores, pelo mar e por casas do tipico estilo de vida do sonho americano. Convencional por trás das câmeras, mas nunca deixando o longa se tornar arrastado ou excessivamente melodramático, Irwin Winkler entrega uma história sincera, fazendo questionamentos importantes sobre a adolescência e sobre as escolhas da vida adulta. Com um argumento infinitamente utilizado, mas com bastante propriedade, no fim da projeção, o desejo de recomeçar paira no ar e percebe-se que o filme funciona. É sempre tempo de recomeçar.

Nota: 8.5


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