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sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei (2010)


Seja em grau mais ampliado ou não, problemas que atingem o meio social são sempre abordados em produções cinematográficas, construindo dessa maneira um elo mais nítido com a realidade, e conseqüentemente com seu público. Tom Hooper investiu em sua produção em um tema corriqueiro em nosso meio, que poucas vezes foi tratado de uma forma tão consistente e contundente, o cineasta utilizou a verídica história do rei George VI, para relatar o problema da gagueira, onde Hooper direcionou o foco não apenas ao reinado do mesmo, mas sim a como sua dicção afetava em sua auto confiança e estima.

Hooper prioriza acima de tudo, em que a disfemia de George interferia em suas relações pessoais e sociais, abalando seu emocional e eclipsando sua força de vontade. Mais que um filme sobre a gagueira em si, O Discurso do Rei mostra que a perseverança pode vir à frente de quaisquer problemas físicos – ou psicológicos -, não apenas no caso do rei George, mas de todas as pessoas determinadas a vencer os desafios impostos a elas. Através de um roteiro enxuto, Hooper realiza uma produção grandiosa, onde esta se sustenta não apenas em sua mensagem central, mas também em suas atuações, que dão a vivacidade que a trama necessita, e a força que ela retém.

A história é relativamente simples e consiste na vida do rei George VI (Colin Firth), que tem problemas com sua dicção e junto com sua esposa, vai a procura do fonoaudiólogo, Sr. Lionel Logue (Geoffrey Rush) . Este homem é conhecido por seus métodos e seus tratamentos nada convencionais, eis que durante as sessões de terapia, George passa a se abrir mais com o profissional, tornando o que era a princípio uma mera relação entre doutor e paciente, num forte vínculo de amizade. Eis que a Inglaterra entre em beira de guerra (especificamente A Segunda Guerra Mundial) e precisa de um discurso de seu líder para inspirar seu povo à longa batalha que virá pela frente, o rei então precisa superar seu problema disfemia e citar seu discurso para toda a nação.


A trama é por vezes didática e simplista demais, o que implica em um menor alcance que uma obra dessas poderia chegar, mas talvez esta ingenuidade pregada pelo roteiro seja necessária para elevar outros predicados da obra. Suas atuações são certamente seu ponto mais alto, em que elas firmam a produção a algo maior que suas projeções reais; mostrando grandiosos trabalhos aqui, temos Colin Firth como o protagonista da trama, desempenhando uma digníssima atuação que faz valer o favoritismo em torno de si para o prêmio de melhor ator pela Academia. Geoffrey Rush demonstra uma bela atuação coadjuvante, como o excêntrico fonoaudiólogo, bem como Helena Bonham Carter que dispõe igualmente a O Discurso do Rei uma atuação soberba.

Se em seu círculo de interpretações, O Discurso do Rei se sobressai, em sua trama porém reside um proporção menor para uma obra de tantos atributos, ainda sim a mensagem de superação deixada pela mesmo, tal como outros tópicos lidados pelo filme (amizade, companheirismo, confiança) fazem desta uma película que em momento algum torna-se enfadonha, depositando ao público momentos animados e uma narrativa essencialmente agradável. Mesmo que seu cenário contribua para tal, O Discurso do Rei não se prende a tratar de uma história sobre A Segunda Guerra Mundial, nem deveria, pois incontáveis filmes já abrangem este tema, o prisma utilizado aqui é a vida pessoal do rei George VI, como este lidava com sua gaguez, e como através de uma amizade, e do companheirismo sempre presente de sua esposa, ele pode construir uma autoconfiança maior para si próprio, e utilizá-la em prol de suas relações e principalmente, em favor a sua pátria.

O filme conta com uma estética esplêndida, que dão a ele um ar ainda mais imperial (por assim dizer). Além das belas atuações, da direção correta e de seus outros inúmeros predicados que fazem de O Discurso do Rei mais que um grande e premiado filme, mas sim uma belíssima mensagem de superação.

“– Escute-me! Escute-me!
– Por que eu perderia meu tempo ouvindo você? (...)
– Porque eu tenho voz!”

Nota: 7.5


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