Se conseguir destacar-se em meio a um palco de inúmeros talentos como Hollywood, já é realmente uma tarefa para poucos, quem dirá aderir para si uma identidade própria a cada obra ou feito realizado, de uma maneira que ao ver um trabalho de tal artista saberemos associar a obra a seu criador. Tim Burton é um destes que conseguiram fazer com que sua estrela brilhasse ainda mais em meio a uma constelação, isso porque, ao longo de sua carreira, o diretor norte americano construiu e lapidou um estilo próprio e marcante que, além de revelar traços de sua personalidade, apresenta ao público características peculiares que preenchem totalmente seu cinema autoral.
Dentre inúmeros trabalhos em sua carreira, A Noiva Cadáver é um dos bons frutos que Tim Burton colheu, não apenas pelo relativo sucesso que o filme providenciou, mas também por termos a certeza que ali é mesmo um autentico exemplar do cinema Burton. Esta delicada animação chegou as telas sem muitos propósitos, entretanto conseguiu, através de sua beleza singela e delicada, estabelecer-se como uma obra que, além de assinar compromisso com a excelência estética, consegue agradar a todos os públicos, como um entretenimento que só mesmo o trabalho do diretor poderia providenciar.
Tim Burton retorna com a animação stop-motion que o fizera famoso a mais de uma década antes, com a criação de O Estranho Mundo de Jack (Nightmare Before Christmas [1993]), em que o cineasta estabeleceu a idéia e construiu os personagens que habitavam aquela agradável trama. Porém, muito antes Burton já havia introduzido esse estilo de animação na década de 80 com seu curta metragem Vincent (idem [1982]), em que logo no início de carreira o diretor já introduzia traços do que viria a ser concreto em sua sombria filmografia. A Noiva Cadáver conta com o mesmo artifício técnico das obras supracitadas, aderindo a sua trama personagens realmente cativantes e situações delicadamente divertidas.
A estória, ainda que simples, consegue imprimir uma primor singelo a obra, que não cansa ou torna-se monótona em qualquer momento, devido a ser uma animação deveras divertida e em uma direção curta que dificilmente chatearia qualquer espectador. A narrativa fira em torno de Victor (voz de Johnny Depp), um rapaz inseguro que está de casamento marcado com Victoria (voz de Emily Watson), uma moça que ele mal conhece, pois o matrimônio deles foi arranjado por suas famílias que visavam apenas o dote e os atributos financeiros que o evento proporcionaria. Então, o desajeitado rapaz estraga o ensaio cerimonial e foge para a floresta, onde isolado poderá treinar para não fazer feio no dia, eis que um engano acontece, e Victor torna-se comprometido de uma garota morta (voz de Helena Bonham Carter) enterrada naquele local a muito tempo, que o leva para o mundo dos mortos para poderem desfrutar da união.
Toda essa trama é ilustrada com um visual belíssimo, que encanta os olhos de qualquer espectador, pois todas as características que Burton preservou em sua filmografia revelam-se de forma esplêndida aqui, apresentadas através dos habituais cenários góticos e paisagens obscuras que preenchem esta linda animação. Para demonstrar seu fascínio pelo lado negro e escuro de tudo, Burton oferece uma interessante visão do universo dos vivos e dos mortos, sendo este primeiro um lugar estático e pouco atrativo, e já o mundo dos mortos é colorido e vibrante; contraste esse que além de rimar perfeitamente com a proposta do filme, declara a identidade própria de Tim Burton sobre toda a sua carreira.
O cineasta entrega mais um presente aos admiradores de seu talento e estilo, fazendo de A Noiva Cadáver uma animação encantadora em quesitos internos e externos, que, certamente, além de cativar imensamente aqueles que o assistem, agradará se o que buscarem for um personalizado e agradável entretenimento, embalado com o primor visual que só um verdadeiro artista no ramo seria capaz de proporcionar.
Nota: 8.0
Este desenho é fantástico. Achei muito interessante a história e bem uma animação muito bem realizada. A idéia do uso das cores para diferenciar o mundo dos vivos e o dos mortos foi muito boa. Só podia ser criação de Tim Burton.
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Um deleite para os olhos! Stop-motion sempre me deixa encantado!
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