
Ao assistir Vestida para Matar, sentiu uma ponta de dejà vu em relação à  "Psicose" (Psycho, 1960)? Não é mera coincidência. Brian De Palma é um  dos muitos diretores que assumidamente se inspiram nos filmes Hitchcock,  como os também respeitados Roman Polanski e François Truffaut. Não  desmerecendo Polanski e Truffaut, nenhum diretor imita tão bem o estilo  de Hitchcock como De Palma.
Em Vestida para Matar, o diretor acerta em cheio nas doses de suspense e  sensualidade. E o que torna esse filme tão irresistível é a atmosfera  sensual que o invade do começo ao fim. Além do mais, muitos elementos  dessa obra são praticamente iguais aos usados por Hitchcock em Psicose,  como a troca de protagonistas em pleno ápice da história. E é essa  semelhança que o torna tão atraente.
A história é a respeito do terapeuta Robert Elliott, que se vê numa  situação desesperadora quando um de seus clientes rouba uma navalha de  seu escritório e começa a atacar mulheres que também se tratam com  Elliott. Em outra ponta do filme conhecemos a prostituta Liz Blake, que  se torna alvo desse misterioso assassino quando presencia um de seus  crimes.
Por trás desse enredo cheio de suspense, também se pode enxergar uma  trama bastante carregada com cenas sensuais. Afinal, uma das  protagonistas é Kate Miller, uma quarentona que procura uma satisfação  sexual que nunca encontrou em seus dois casamentos. Bastante  interessante, Kate é uma personagem diferente das costumeiras  protagonistas de filmes de suspense, por ser apenas uma dona de casa  levando uma vida sem graça. Ao mesmo tempo ela se mostra um verdadeiro  vulcão, louca para "entrar em erupção".

Liz Blake, por outro lado, é uma personagem de óbvia conotação sexual,  já que se trata de uma prostituta. Como se pode esperar, ela se porta na  maior parte do tempo com sensualidade e esperteza. Mas ao se ver  envolvida nessa trama tão horripilante, Liz revela um lado vulnerável e  assustado.
Mas de todos os personagens interessantes no filme, o Dr. Elliott é o  que mais levantará dúvidas e especulações. Cheio de facetas, ele sabe  ser misterioso assim como sabe ser racional. Pelo fato do filme ter  tantas histórias acontecendo ao mesmo tempo, Elliott acaba aparecendo  relativamente pouco, mas capta toda a atenção quando entra em cena.  Interpretado com todo o cuidado necessário pelo ótimo Michael Caine, se  mostra um personagem dúbio e cativante.
Nessa obra podemos ver uma direção muito inteligente de De Palma, onde  ele mostra todo seu talento no gênero. Mesmo tendo inspiração em  Psicose, o diretor soube ser mais ousado na criação de seus personagens e  de sua trama. Bem mais ousado, porém menos brilhante, Vestida para  Matar sabe trazer o melhor de Psicose, sem parecer um plágio.
Tenso e horripilante, o filme capta nossa atenção do começo ao fim.  Graças ao talento de De Palma e as atuações bem executadas, Vestida para  Matar é um clássico suspense que sabe tirar o fôlego como poucos. Com o  auxílio das ótimas fotografia e trilha sonora, essa obra entra para a  história como uma das mais bem feitas do grande De Palma.
Nota: 9.5
 
 
 
Boa crítica... Mas onde estão os meus queridos giallos? Ahhhhhhh...... Este filme teve uma grande influência por parte dos Giallos italianos.
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