A história se passa alguns anos após a Segunda Guerra Mundial, na ilha Shutter, onde há um grande complexo de hospitais para tratamentos psiquiátricos. O detetive Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e seu parceiro Chuck (Mark Ruffalo) são enviados para essa ilha para investigar o desaparecimento misterioso de uma paciente. Chegando lá, os dois se deparam com funcionários dúbios e misteriosos, que parecem não querer colaborar com as investigações. Ao mesmo tempo, Teddy tem de suportar as terríveis lembranças de sua época como soldado de guerra.
A trama é muito bem bolada, cheia de idas e vindas, capaz de confundir qualquer um. O diretor se mostrou mestre ao conduzir o espectador de uma forma segura, nos fazendo pensar o que ele quer e no momento em que ele quer. A complexidade dos personagens adicionada aos rumos inesperados que a história toma nos prende num jogo enlouquecedor, onde tudo é possível.
As atuações também são excelentes. Leonardo DiCaprio mostra mais uma vez uma grande competência em cena, acentuada pela grande forma como Scorsese o dirige. Merecem também grande destaque as atrizes Michelle Williams e uma irreconhecível Emily Mortimer, pela primeira vez vivendo uma personagem tão interessante. Ben Kingsley também faz bem ao criar um personagem enigmático, onde é difícil decifrar suas reais intenções. Patricia Clarkson faz uma pequena aparição, mas muito bem executada. O único que deixa a desejar é Mark Ruffalo, que não soube aproveitar plenamente seu papel de destaque. Há também uma pequena e pouco significativa participação de Ted Levine, que não teve a oportunidade de mostrar seu talento para filmes desse tipo.
Outros ingredientes fazem de Ilha do Medo um grande filme, como a perfeita recriação de época e a belíssima fotografia. A trilha sonora é uma grande colaboradora na hora de assustar e confundir quem assiste o filme, sempre tensa e alta, como se quisesse nos avisar o que está por vir. As cenas em flashback são igualmente incríveis, trazendo uma mórbida serenidade. Talvez o filme deixe a desejar no sentido de faltar algumas cenas de ação, já que se trata de um filme de Scorsese, mas nada disso é percebido diante de tantas coisas boas que ele nos proporciona.
Simplesmente suprema essa adaptação de Scorsese do romance de Dennis Lehane, onde é possível ver o talento do escritor, o talento do diretor e a precisão dos profissionais técnicos do filme. É mais uma oportunidade de ver um dos maiores diretores atuais em sua plena forma, com o toque especial de lembrar em muitos momentos o igualmente grande Alfred Hitchcock. Tem coisa melhor do que isso para um amante de cinema?
Nota: 9.0
Sua definição no início do texto já diz tudo. Um filme eletrizante e inteligente. Di Caprio está cada vez melhor como ator e sua parceria com Scorcese deu muito certo nesse filme.
ResponderExcluirAbs.