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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Volver (2006)


Filme espanhol, original e com ótimas pitadas de humor, para dar uma aliviada na tensão da história.

Conhecendo o trabalho de Amodóvar, sabe-se que é difícil se decepcionar com seu filme. Neste caso não há de jeito nenhum, decepção. Muito pelo contrário, Volver superou todas as minhas expectativas e conquistou não só a mim, mas a uma grande parcela dos apreciadores de cinema.

Depois de sucessos como Má Educação e Fale com Ela, Pedro Almodóvar provou que é o melhor diretor nascido em território espanhol e um dos melhores da atualidade. Sua indicação ao Oscar de Melhor Diretor por Fale com Ela levou-o a um patamar ainda mais alto em se tratando de direção, isso sem contar com sua vitória de Melhor Roteiro Original pelo mesmo filme na cerimônia de 2003. Com Volver, Almodóvar consegue o que quer, passa sua mensagem e surpreende cada vez mais.

Uma história surpreendente e envolvente, enquanto duas tramas paralelas se desenvolvem em torno da personagem Raimunda, vivida pela ótima Penélope Cruz. Essas duas histórias, emboram carreguem uma pesada carga dramática, o roteiro de Almodóvar possui sempre um tom mais humorístico para não ficar aquele clima pesado de melodrama. Essa tática, aqui muito bem aplicada, funciona perfeitamente e dá a sensação do filme ser ainda melhor. Uma dessas histórias trata-se de temas familiares como o casamento, relação entre mãe e filha e economias domésticas. No núcleo principal estão Raimunda, seu marido Paco (Antonio de la Torre) e a filha Paula (Yohana Cobo). Nessa parte a história se desenvolve principalmente em torno do casamento de Raimunda e Paco. Ela trabalha como faxineira no aeroporto de Madri para sustentar sua família e ele, está desempregado. Com a situação apertada ela se vê em um dilema, não sabendo o que fazer manter a casa, e com todas essas preocupações e sem a ajuda do marido, sua vida se torna insustentável e seu casamento entra em crise.

A outra história é basicamente o porquê do título do filme. "Volver" em espanhol significa "voltar", e nesse caso o nome se aplicada muito bem à história. A palavra "voltar" refere-se à volta da mãe de Raimunda e de sua irmã Sole (Lola Dueñas), que estava supostamente morta em um incêndio. Ela, interpretada por Carmem Maura, aparece primeiramente a Sole, que pensa que está vendo um fantasma, logo a mãe revela que tem assuntos pendentes a tratar com sua outra filha Raimunda. Assuntos do passado que não foram terminados.


Todas essas histórias paralelas acontecem em vlta de um detalhe principal. Esse detalhe, embora seja pequeno é de muita importância para que possamos compreender a história em seu interior. De acordo com a lenda, a cidade onde a história acontece tem um alto índice de loucura por parte dos habitantes de lá. Isso, devido aos ventos fortes do local, que supostamente enlouquecem uma parte da população. Vários personagens de Volver estão ligados também à loucura, incluindo parentes e amigos de Raimunda.

Deixando de lado os ventos fortes, a história atinge o seu primeiro clímax ao Raimunda encontrar seu marido Paco, morto esfaqueado no peito no chão da cozinha. Sua filha Paula foi quem o matou mas em legítima defesa, já que o marido queria aproveitar-se dela sexualmente. Para salvar Paula, Raimunda se livra das provas do crime e esconde o corpo dentro dem freezer inutilizável, embora funcionando em perfeitas condições. Com o pretexto que Paco a deixou para sempre, Raimunda começa a trabalha em um restaurante de um amigo, que viaja. Daí em diante, o reencontro entre ela e sua mãe parece ficar cada vez mais iminente. Com segredos e revelações, o roteiro de Almodóvar se desenvolve de maneira rápida e objetiva, sem desviar de seu foco jamais.

Todas as interpretações do elenco estão acima do nível, com destaque especial para Penélope Cruz, que conseguiu o feito de ser a primeira atriz espanhola a ser indicada ao Oscar na categoria principal. Além dela, Carmem Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, entre outros, conseguem destaque e estão muito bem em seus personagens. As seis atrizes principais racharam o prêmio de Melhor Performance Feminina no Festival de Cannes e foram muito elogiadas nas críticas.

Pedro Almodóvar conclui seu mais novo filme e consegue claramente passar sua mensagem. Excelente filme com destaque para as interpretações e um roteiro esperto. Tudo isso transforma Volver em um dos melhores filmes da carreira do diretor espanhol, e se não fosse pela quantidade exagerada de subtemas, o filme seria ainda melhor. Sequências e tempo desperdiçados para dar uma atenção a mais (e desnecessária) ao enredo.

No geral, Volver convence, emociona e faz até rir. Ótimo filme de Almodóvar e esperamos que ele continue sempre com esse dom de fazer cinema, fazendo-nos chegar à conclusão que Volver não teria a mesma cara, com cores fortes e boas interpretações se Almodóvar não estivesse por trás das câmeras.

Nota: 8.0

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