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quinta-feira, 30 de junho de 2011

As Horas (2002)


Reunindo um elenco muito formidável e um roteiro bem armado, o promissor diretor Stephen Daldry comanda com afinco uma história triste e melodramática, que acabou virando um ótimo filme.

Stephen Daldry já havia apresentado seu trabalho ao mundo quando dirigiu o bom Billy Elliot. Agora, em seu mais último trabalho, muito foi exigido de um diretor ainda inexperiente, porém muito talentoso. As Horas é um filme que exige não só daqueles que o fazem, mas também daqueles que o assistem. Neste caso, deve-se apreciar cada momento com máxima atenção, tentando decifrar os sentimentos dos personagens (quanda não estão à mostra).

Adaptado do livro de Michael Cunningham, As Horas, o roteiro de As Horas mostra três mulheres cujas vidas giram em torno de um livro escrito pela famosa autora Virginia Woolf. Essas três histórias paralelas nos são apresentadas na ordem cronológica da narrativa. A primeira fase retrata a vida de Virginia Woolf enquanto escrevia seu romance "Mrs. Dalloway". A escritora infeliz é aqui interpretada pela atriz Nicole Kidman (vencedora do Oscar). Na segunda fase, no final dos anos 40, Julianne Moore vive uma mulher também infeliz em seu casamento e solitária. Nesta parte da história, a personagem de Moore está lendo o Mrs.Dalloway. enquanto na terceira fase e já nos dias atuais, a personagem de Meryl Streep está vivendo o livro. A partir da ordem dos acontecimentos das fases anteriores, as sucessoras vão se desenrolando e revelando suas razões. É interessantíssimo observar a explosão sentimental que todas as personagens principais vão soltando ao longo de suas incansáveis e sofridas vidas.

Explicando melhor e ainda na primeira fase, Virginia Woolf está sempre triste e deprimida, nestas cenas, e embaixo de uma pesadíssima maquiagem, Kidman tem a melhor interpretação de sua carreira, mesmo com o rosto todo danificado e alterado, para ficar mais parecido ainda com o da verdadeira autora. Enquanto Kidman está exausta, sofrendo de saudades de Londres, Moore está suportando como pode a vida solitária de casada, enquanto suas amigas arruma jeitos de se divertirem, ela simplismente só vive para cuidar da casa e do filho, sem muitas ambições na vida. Streep, por outro lado, mostra-se contente ao preparar uma festa de aniversário para um amigo portador do vírus HIV (Ed Harris). A personagem de Streep, lésbica, tenta suportar o stress de ter que tomar conta de um doente e ainda dos problemas pessoais.


As interpretações nunca estão abaixo do nível do excepcional. Tanto Kidman, Moore e Streep desempenham brilhantemente seus papeis. Além delas, outros nomes do cinema também estão no mesmo nível. Tratam-se de Ed Harris, Toni Collette, John C. Reilly e Jeff Daniels. Estes, embora coadjuvantes, nunca decepcionam, e com destaque para Harris, passam sentimentalismos que acabam por não soarem tão ruins.

Em relação à arte, nenhuma queixa. Tanto a maquiagem em cima das personagens, mesmo com uma ajudinha de computação gráfica garantiram uma melhor visão de três mundos paralelos.Os figurinos foram livremente inspirados em trajes da época e são de fato, bastante bem trabalhados. A ótima montagem contribui para o propósito das cenas, sendo elaborada competentemente.

A opinião de um público exigente pode diferir de acordo com a compreensão final de cada um. O final, surpreendente, pode soar como um "baque" para aqueles que acompanhavam cuidadosamente os detalhes do longa. Para outros, a história tão melodramática, triste e deprimente os fez não participar das reflexões que o filme proporciona, deixando-o assim, com um aspecto de chato e "deprê". Muito embora, a narrtiva seja realmente triste, os núcleos em que nelas são baseados são muito bem construídos, colaborando para um desfecho ainda mais inesperado.


O diretor Daldry realmente alcançou seu objetivo de transformar uma história como estas (interessante e pertubadora) em um filme de excelente qualidade, cujas chances de darem certo eram iguais às chances de darem errado. Felizmente, tudo ocorreu como planejado e As Horas foi o filme que o consagrou e até hoje, espera-se algo maior e melhor vindo do diretor. Por enquanto esse foi seu último (e segundo) trabalho, e sua segunda indicação ao Oscar. As Horas, além de conseguir 9 indicações ao Oscar 2003, incluindo Melhor Filme e ter vencido o Globo de Ouro de Melhor Drama, conseguiu passar sua principal mensagem, mostrando os preconceitos e limitações. Essa, talvez, seja a grande marca de Daldry, a de dividir um mundo bipolarizado entre todos, não importa a raça, cor ou opção sexual. Daldry é sem dúvida, um dos diretores de carreira mais promissora da atualidade e, se continuar por esse caminho, irá longe.

Nota: 8.0



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