As Horas talvez seja um dos filmes mais difíceis para ser analisado. Primeiro, porque é um filme que te fornece mais perguntas do que respostas, e, segundo, porque toda sua trama é um tanto complexa e intrincada. O filme conta três histórias de três mulheres de épocas diferentes, mas com algo em comum, o livro de Virgínia Woolf "Mrs. Dalloway". Pois bem, na década de 20 na Inglaterra, Virgínia Woolf está escrevendo o livro em questão, sob cuidados médicos e de seus familiares devido ao seu desequilíbrio mental. Já na década de 50, nos EUA, Laura Brown está planejando fazer uma festa de aniversário para seu marido, mas se vê ocupada demais lendo o livro de Virgínia. E na década de 2000, no segmento mais recente, Clarissa Vaughan está planejando fazer uma festa para seu amigo, um escritor que havia ganhado um prêmio que está morrendo pois está com AIDS. É ela que está vivendo a história do livro.
Passado em um único só dia, essas três mulheres vivem situações em que elas passam a ver as suas vidas de uma outra forma. A dor que elas sentem em seu interior é toda colocada para fora, e nesse dia e durante as quase duas horas de projeção, elas percebem que não estão satisfeitas com as vidas que estão levando. Além disso, indiretamente, surgem perguntas (muito mais perguntas do que respostas) tais como "o que é o tempo?" "o que é a morte?" e principalmente "o que é a vida?". Perguntas essas que permeiam a vida de todo ser humano. O filme possui uma carga depressiva e triste muito grande, e, de fato, não é para ser visto como diversão, até porque diversão é uma das coisas menos presentes na duração do longa.
Apesar de ter todo esse conteúdo e ser bastante comovente, há um exagero na carga depressiva e triste. Durante a primeira hora do filme, a tristeza e a depressão exagerada está presente em quase todas as cenas. E quando essa primeira parte passa, há pouco tempo para as revelações e as melhores passagens acontecerem. Para mim, os melhores segmentos de história são de Virgínia e Laura, que são emocionantes e sinceros. Talvez a atuação de Nicole Kidman, que interpreta a escritora e Julianne Moore, que interpreta Laura, ajudam. Já o segmento de Clarissa intercala poucos momentos bons e emocionantes com momentos chatos e vazios que quase fizeram eu pegar no sono. Mais uma vez, talvez seja a interpretação que causa esse efeito, já que Meryl Streep (que interpreta Clarissa), apesar de ser uma ótima atriz, não estava muito a vontade em seu papel.
"Sempre haverá entre nós os anos. Sempre haverá entre nós o amor; Sempre... haverá as horas." (Virgínia Woolf, As Horas)
Segmento de Virgínia: nota 8,5; Segmento de Laura: nota 8; Segmento de Clarissa: nota 5. Média: nota 7,5.
Realmente, este é um dos filmes mais difíceis de ser analisado, pois devido as três épocas ambientadas é necessário uma visão diferente para cada uma delas.
ResponderExcluirPosso dizer que sou um pouco suspeito em dizer que também acho a sequência da Kidman a melhor, pois amo a Nicole Kidman, entretanto seu seguimento é o mais verdadeiro de todos, sua interpretação de Virgínia Woolf em seus últimos momentos está brilhante. Porém a atuação de Julianne Moore está impecável e a cena do quarto de hotel está brilhante.
Eu particularmente adoro este filme, está até no meu Top 10.
À propósito, ótima crítica!!!
http://lentecritica.blogspot.com/
Obrigado pelo elogio !
ResponderExcluirE o seu blog é muito bom, a proposito. Parabéns;
Um dos meus filmes favoritos.
ResponderExcluirNicole Kidman em um dos seus melhores
papéis no cinema.
Abraços.
www.cinemosaico.com
Gostei bastante da sua crítica, Gabriel, apesar de discordar de alguns pontos, pois esse foi um filme que me deixou sempre interessado e jamais confuso, kkk. Mas são percepções diferentes. Abração
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