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sexta-feira, 24 de junho de 2011

As Horas (2002)

As Horas talvez seja um dos filmes mais difíceis para ser analisado. Primeiro, porque é um filme que te fornece mais perguntas do que respostas, e, segundo, porque toda sua trama é um tanto complexa e intrincada. O filme conta três histórias de três mulheres de épocas diferentes, mas com algo em comum, o livro de Virgínia Woolf "Mrs. Dalloway". Pois bem, na década de 20 na Inglaterra, Virgínia Woolf está escrevendo o livro em questão, sob cuidados médicos e de seus familiares devido ao seu desequilíbrio mental. Já na década de 50, nos EUA, Laura Brown está planejando fazer uma festa de aniversário para seu marido, mas se vê ocupada demais lendo o livro de Virgínia. E na década de 2000, no segmento mais recente, Clarissa Vaughan está planejando fazer uma festa para seu amigo, um escritor que havia ganhado um prêmio que está morrendo pois está com AIDS. É ela que está vivendo a história do livro.

Passado em um único só dia, essas três mulheres vivem situações em que elas passam a ver as suas vidas de uma outra forma. A dor que elas sentem em seu interior é toda colocada para fora, e nesse dia e durante as quase duas horas de projeção, elas percebem que não estão satisfeitas com as vidas que estão levando. Além disso, indiretamente, surgem perguntas (muito mais perguntas do que respostas) tais como "o que é o tempo?" "o que é a morte?" e principalmente "o que é a vida?". Perguntas essas que permeiam a vida de todo ser humano. O filme possui uma carga depressiva e triste muito grande, e, de fato, não é para ser visto como diversão, até porque diversão é uma das coisas menos presentes na duração do longa.


O filme pode ser caracterizado como um estudo psicológico de seus personagens, pois a história que interliga os três segmentos não é levada tão a fundo, porém, os desejos, as tristezas e sentimentos dos personagens são. As Horas é uma obra densa psicologicamente. E é interessante como a questão do tempo é vista, não funciona como uma barreira cronológica, pois mesmo em época completamente diferentes, as três histórias conseguem se encaixar.

Apesar de ter todo esse conteúdo e ser bastante comovente, há um exagero na carga depressiva e triste. Durante a primeira hora do filme, a tristeza e a depressão exagerada está presente em quase todas as cenas. E quando essa primeira parte passa, há pouco tempo para as revelações e as melhores passagens acontecerem. Para mim, os melhores segmentos de história são de Virgínia e Laura, que são emocionantes e sinceros. Talvez a atuação de Nicole Kidman, que interpreta a escritora e Julianne Moore, que interpreta Laura, ajudam. Já o segmento de Clarissa intercala poucos momentos bons e emocionantes com momentos chatos e vazios que quase fizeram eu pegar no sono. Mais uma vez, talvez seja a interpretação que causa esse efeito, já que Meryl Streep (que interpreta Clarissa), apesar de ser uma ótima atriz, não estava muito a vontade em seu papel.


Não há dúvidas, As Horas é um filme que se apoia nas interpretações. Ora, quando as atuações foram convincentes, os segmentos de histórias gerados foram emocionantes e bonitos, mas quando a atuação não foi inspirada, o segmento de história gerado foi oco e maçante. Além disso, Ed Harris que interpreta o amigo de Clarissa, Richard, também se sai bem, e os poucos momentos bons da personagem foram com ele. No geral, As Horas é um bom drama que embora seja confuso e nem sempre interessante, serve como reflexão, ainda mais para quem gosta de um conteúdo triste e com boa dose depressiva.

"Sempre haverá entre nós os anos. Sempre haverá entre nós o amor; Sempre... haverá as horas." (Virgínia Woolf, As Horas)

Segmento de Virgínia: nota 8,5; Segmento de Laura: nota 8; Segmento de Clarissa: nota 5. Média: nota 7,5.

4 comentários:

  1. Realmente, este é um dos filmes mais difíceis de ser analisado, pois devido as três épocas ambientadas é necessário uma visão diferente para cada uma delas.

    Posso dizer que sou um pouco suspeito em dizer que também acho a sequência da Kidman a melhor, pois amo a Nicole Kidman, entretanto seu seguimento é o mais verdadeiro de todos, sua interpretação de Virgínia Woolf em seus últimos momentos está brilhante. Porém a atuação de Julianne Moore está impecável e a cena do quarto de hotel está brilhante.

    Eu particularmente adoro este filme, está até no meu Top 10.

    À propósito, ótima crítica!!!

    http://lentecritica.blogspot.com/

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  2. Obrigado pelo elogio !

    E o seu blog é muito bom, a proposito. Parabéns;

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  3. Um dos meus filmes favoritos.
    Nicole Kidman em um dos seus melhores
    papéis no cinema.

    Abraços.

    www.cinemosaico.com

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  4. Gostei bastante da sua crítica, Gabriel, apesar de discordar de alguns pontos, pois esse foi um filme que me deixou sempre interessado e jamais confuso, kkk. Mas são percepções diferentes. Abração

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