Encontre seu filme!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Gosto de Sangue (1985)


Hoje eles são tidos como uma das duplas de cineastas mais inovadoras e originais dos últimos tempos para o cinema, e a cada trabalho que realizam, recebem do público uma camada de boas expectativas, por este já confiar piamente no trabalho destes dois, e saber, definitivamente, que são capazes de realizar grandes obras. E se esta confiança depositada pelos espectadores mantém-se viva até hoje é porque eles durante o percurso de sua carreira brindaram-nos com produções primorosas, escrevendo desta forma, seus nomes na história do cinema.

Joel e Ethan Coen despertaram seu trabalho em 1985 quando apresentaram ao mundo sua primeira obra cinematográfica, contando com um roteiro e direção responsabilizados por ambos (embora neste último só Joel tenha sido creditado), e outros quesitos qualificados que fez de Gosto de Sangue um perfeito pontapé inicial para uma belíssima filmografia. Aqui os primeiros resquícios de elementos que viriam a ser definitivos para o reconhecimento da carreira dos irmãos, desde seu humor negro inteligente a presente utilização da violência em suas narrativas.

A estória se dá através do relacionamento extraconjugal de uma jovem mulher com um dos funcionários de maior confiança de seu marido, e quando este investiga sobre a traição contrata um detetive para espionar e certificar-se de que aquilo era verídico; tendo a confirmação por meio de fotografias, o marido traído, agora abalado e perturbado, convoca novamente os serviços do detive agora para assassinar sua esposa e seu amante, porém, em decorrências de alguns “contratempos”, os planos não saem como o desejado.


Entretanto, mesmo contado com lampejos de humor em seu desenvolvimento, Gosto de Sangue é um suspense dramático, de teor psicológico forte e que hoje se torna um dos mais “sérios” filmes da dupla. Temos aqui as dosagens de inteligência típicas dos trabalhos dos diretores, onde através de um evento em particular sucede uma série de venturas e desventuras que tornam algo que era simples numa cadeia de acontecimentos improváveis e inesperado. Os irmãos realmente adoram esta temática de “planos fracassados”, que viriam posteriormente a ser o cenário de outros trabalhos de sua autoria desde Fargo a Queime Depois de Ler, sempre com artifícios elegantes que, definitivamente, prendem o público nestas avalanches irreversíveis que a dupla cria para seus personagens.

Falando neles, se tem uma coisa que os cineasta sabem criar de melhor em seus roteiros são seus carismáticos e marcantes; em Gosto de Sangue suas figuras não despertam tanta admiração do público quando a de outras obras posteriores viriam a fazer, porém aqui temos um personagem em particular que segura a trama com muita vitalidade, trata-se (coincidentemente) do papel de Frances McDormand - que viria a nos presentear com sua carismática policial em Fargo - como a frágil Abby, que protagoniza a trama num visível amadurecimento, quando de início somos apresentados a uma mulher de aparência ingênua e traços bobos, ao final quando agora ela se apresenta como uma jovem forte e de personalidade nitidamente mais forte - numa bela atuação da atriz. Os demais personagens são representações de como, mesmo em início de carreira, os Coen conseguem ser engenhosos em suas composições, aderindo a estes a força necessária para sustentar suas tramas.

De fato, trata-se de uma nítida obra de qualidade apresentada por uma das duplas mais inovadoras - possivelmente a mais - e originais que se tem conhecimento no cinema atual. Gosto de Sangue é a primeira grande amostra da qualidade irreprochável do trabalho dos irmãos, que a partir deste construíram uma carreira louvável, merecedora de todo o e qualquer reconhecimento que recebem, e claro, digna de aplausos.

Nota: 8.5

3 comentários:

  1. Uma ótima estréia dos irmãos Cohen no cinema.

    É como se fosse um treino de luxo para o grande "Fargo" que fariam anos depois.

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Adoro esse filme, mas sou meio suspeito pra falar quando o assunto é irmãos Coehn, afinal, adoro praticamente todos os filmes produzidos pela dupla.

    ResponderExcluir
  3. Compartilho de sua admiração pelos irmãos Coen. Tenho apreço por quase todos os filmes dele. Dos que vi, pelo menos, o único que não gosto muito é "O Amor Custa Caro" (acho o tão maltratado "Matadores de Velhinha" um pouco divertido até), ainda sim não chega a ser desastroso.

    ResponderExcluir