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terça-feira, 27 de setembro de 2011

O Aprendiz de Feiticeiro (2010)


Em 2004, o diretor Jon Turteltaub (Duas Vidas) e o ator Nicolas Cage (Adaptação) foram responsáveis por uma divertida produção que mesclava aventura com uma peculiar aula sobre a história americana, A Lenda do Tesouro Perdido. Três anos depois, esta mesma aventura ganhou sua continuação, e revelando Turteltaub como uma promessa dos filmes de aventura e ação. E talvez seja até um pouco cedo para dizer isso, mas se levarmos em consideração a mais recente produção da dupla, O Aprendiz de Feiticeiro, pode-se afirmar que o diretor já está, de fato, se entregando aos piores moldes Hollywoodianos de fazer cinema.

E se considerarmos que a produção tem como protagonista ninguém menos que Nicolas Cage, a má qualidade do filme não chega a ser uma surpresa. Salvo algumas exceções como Presságio e Kick-ass – Quebrando Tudo, o ator (que já recebeu um Oscar por Despedida em Las Vegas) vem colecionando, ano após ano, um infindável número de produções de qualidade duvidosas, como O Sacrifício, Motoqueiro Fantasma, Perigo em Bangkok, entre muitos outros. Sabemos que um ator não é suficiente para fazer um filme ruim, mas as escolhas mais recentes de Nicolas Cage tem provado que, tendo ele no elenco, é quase certeza de uma nova decepção.

Balthazar Blake (Nicolas Cage) é um feiticeiro que mora em Manhattan. Ele busca defender a cidade de seu arquiinimigo, Maxim Horvarth (Alfred Molina), mas não é capaz de cumprir esta tarefa sozinho. Para tanto ele recruta Dave Stutler (Jay Baruchel), um rapaz comum mas com um potencial oculto, para ser seu aprendiz. Balthazar passa então a ministrar um rápido curso na arte e ciência da magia, de forma a torná-lo seu aliado na luta constante contra as forças de Horvarth.


Percebe-se como O Aprendiz de Feiticeiro não economiza no clima fantasioso, assumindo-se como uma verdadeira aventura despretensiosa. Porém, isto não justifica o infindável mar de clichês que povoam o roteiro de Matt Lopez, Doug Miro e Carlo Bernard. Por mais que o objetivo aqui seja somente o entretenimento, cada passo da narrativa é absurdamente previsível, e como conseqüência, o suposto clima de diversão acaba sendo diminuído. Assim, cada situação apresentada não passa de mera desculpa para que Turteutalb preencha a tela com um grande número de cenas de ação e efeitos especiais aos montes.

Turteltaub aliás, falha miseravelmente nestes dois quesitos, que se fossem mais bem trabalhados, poderia até ter gerado algo mais “aceitável”. As cenas de ação são guiadas no mais puro piloto automático, e não trazem nada que já não tenhamos visto em outras produções semelhantes. Da mesma forma, o visual do filme perde todo o encantamento diante de efeitos visuais tão embaraçosos que chegam a causar vergonha em quem está assistindo.

E sei que isto é algo que não merece ser exigido de um blockbuster desse “porte”, mas não seria pedir muito que o roteiro trabalhasse melhor as situações apresentadas. Com soluções que surgem somente por conveniência dos realizadores, chega a ser gritante a pressa com que as relações e conflitos dos personagens são desenvolvidos, e como resultado, tanto faz se o destino dos personagens será trágico ou feliz, já que pouco nos importamos com suas figuras, mal desenvolvidas e de personalidades desinteressantes.


Nicolas Cage, mais uma vez, falha completamente na composição de um personagem que merecia um intérprete com um timing mais equilibrado. Suas tentativas em conciliar o lado sério de seu personagem com seus aspectos mais cômicos são irregulares, o que deixa sua figura na tela deslocada diante da proposta do filme. Não conseguimos compreender e nem nos divertir com Balthazar Blake.

Da mesma forma, Jay Baruchel (do engraçadíssimo Ela é Demais pra Mim), sem saber como construir a personalidade frágil, porém destemida de Dave, recorre ao caricato, apostando em uma atuação que se limita aos gritos e trejeitos irritantes (e deve-se dizer, seu interesse amoroso no filme é um dos mais plastificados dos últimos anos). Felizmente, Alfred Molina se salva como o vilão Maxim Horvath, interpretando-o com grande estilo ao mesmo tempo em que parece estar se divertindo. E a desperdiçada Monica Bellucci, apesar dos míseros minutos em cena, consegue radiar a tela com sua estonteante presença.

Se O Aprendiz de Feiticeiro não chega a ser um fiasco total, é pelo provável fato de funcionar com os que buscam um programa descompromissado e que não exija nenhum esforço da mente do espectador. Entretanto, os mais exigentes que prestarem a assistir estarão diante de um dos piores filmes de 2010, que além de ser mais uma mancha no currículo de Nicolas Cage, também começa a jogar o promissor nome de Jon Turteltaub na lama. 

Nota: 4.0

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