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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cisne Negro (2010)


As aparências enganam...
Quando vi o trailer do filme “Cisne negro” (Black Swan, 2010) observei (acho que não fui o único) que se tratava de balé. Logo veio em minha cabeça um filme feminista com roteiro barato que conta a historia de uma boa bailarina que conquistava o mundo com a sua delicadeza e carisma. Passado algum tempo, observei que Cisne Negro fora indicado ao Oscar, ganhara elogios de críticos, obtinha boas notas em um site de cinema que frequento e até questionado se seria o melhor filme da década. E eu me perguntava “Como assim o melhor filme da década? Não tem um roteiro fraco? Não é recomendado para o publico feminino, por se tratar de balé? AH com esses elogios todos, tenho que ir ver, tomara que não me decepcione!”. E não me decepcionou (Pelo menos na segunda vez que vi o filme). Ótimo filme. Melhor da década? Talvez não. Mas com certeza valeu a pena, pois toda aquela primeira impressão se foi dando lugar a uma opinião sobre um filme que nos leva a um mundo de fantasia e realidade e nos cativa profundamente. Melhor da década? Talvez sim. Mas, como retrata o filme, em toda perfeição há algo de imperfeito.


Complexo e original...
Apaixonado pelo cinema há pouco tempo, eu sofri para montar o quebra-cabeça que um thriller psicológico nos deixa de tarefa. Assisti ao filme duas vezes, esse foi o resultado. Na primeira vez em que assisti eu não compreendi nada. Eu olhava para o lado direito e via pessoas de boca aberta (como se nada tivesse entendendo), olhava para o outro lado e via pessoas conversando (como se já tivesse desistido de assistir o filme). Quando acabou fiquei triste por não ter compreendido nada. Com isso decidi assisti outra vez e foi então que as peças do quebra-cabeça se encaixava e os detalhes fizeram toda a diferença para compreender melhor o mundo em que o filme se passa, o mundo em que o grande diretor Darren Aronofsky nos leva, ele é o anfitrião e nós os visitantes de um lugar cheio de complexidade e originalidade que nos transmite uma mensagem pura e reflexiva.


Uma equipe que entrará para a história...
Mergulhar-se totalmente em um thriller psicológico não é fácil. Mas quando quem estiver na direção for Darren Aronofsky fica menos difícil por passar um confiança a mais já que foi diretor de outros filmes marcantes e sucesso de critica como “Réquiem para um sonho” (Requiem for a Dream, 2000) e “O lutador” (The wrestler, 2008). E por falar em Aronofsky hein. Nossa! Direção excelente! Ele deu uma aula de como dirigir um filme do estilo dele. Ele brinca com o público. Faz com que o filme seja complexo, mas sem passar dos limites. Fabuloso! A fotografia é inspiradora e a maquiagem nem se fala. Efeitos feitos no tempo e lugar certo. A montagem de Andrew Weisblum é muito competente e merece a indicação ao Oscar que tem. Mas a grande marca do filme é a trilha sonora, dirigida por Clint Mansell, ela joga o público entre o bom e o ruim, o certo e o errado, o perfeito e o imperfeito, o drama e o suspense. Joga-nos para dentro da telona e nos faz vivenciar os momentos marcantes de Cisne Negro. O roteiro escrito pelo trio Mark Heyman, Andres Heinz e John J. McLaughlin é chocante, mas poderia ser mais bem trabalhada. A equipe me surpreendeu com seu talento e me fez ter uma nova visão de filmes deste gênero.



Uma atuação inesquecível de Portman...
O ponto forte do filme é visível. Com a sua melhor interpretação em sua melhor fase, Natalie Portman se transforma, de uma vez por todas, em uma atriz que sempre será lembrada no cinema mundial. Com um desempenho marcante e, com certeza, trabalhoso ela mostrou e transportou ao público uma emoção do tamanho da atuação dela: Inesquecível. Fazer aquelas danças de balé e dar atenção a cada detalhe de seu papel fez com que ela se transformasse na mega favorita ao prêmio Oscar de melhor atriz. E aqui vai minha homenagem a ela: Parabéns Portman, você merece todos os elogios do mundo!


O Lago dos Cisnes...
A companhia de balé de New York terá como produção para a mais nova temporada a fantástica obra do balé: O Lago dos Cisnes. Mas para isso a companhia precisa de uma nova rainha dos cisnes, já que a antiga Beth MacIntyre (Winona Ryder) terá que se aposentar. Essa rainha terá que interpretar adequadamente o cisne branco (inocente e pura) e o cisne negro (sensual e encantadora). E Nina (Natalie Portman) é escolhida pelo seu diretor Thomas Leroy (Vincent Cassel) para representar a Rainha dos Cisnes, mas ela é perfeita apenas para o cisne branco (que exige perfeição e delicadeza) e falta nela a parte cisne negro (que exige sensualidade). Com isso o diretor da companhia exige que ela praticamente se torne uma cisne negro e com isso seja capaz de realizar com perfeição o seu papel.


O cisne negro que há dentro dela...
Com um papel tão importante para a carreira de qualquer bailarina Nina se sente invejada por suas companheiras, principalmente com a sensual e substituta de seu papel Lily (Mila Kunis). Tendo uma rotina monótona, com uma mãe superprotetora e a pressão feita por seu diretor na companhia, Nina começa a vivenciar o cisne negro que há nela e começa a fazer coisas, no mínimo, equivocadas como: roubar objetos da antiga rainha Beth, desrespeitar sua mãe, ir à festas e voltar muito tarde e até se masturbar no seu quarto sem perceber que sua mãe está do seu lado dormindo. Começa a fazer tudo isso por apenas um objetivo: se tornar perfeita. E ela começa a viver em dois mundos, com duas personalidades e sem saber quem realmente é no momento. Mas o sonho dela está prestes a se tornar realidade no grande dia da apresentação da obra de O lago dos cisnes.



Uma moral impotente...
No final da obra ficam marcadas muitas cenas desse grande filme. A cena em que ela se transforma totalmente em um cisne negro, resultado de todo o esforço que ela faz para se tornar perfeita. A cena em que ela, fantasiadamente, briga com sua rival Lily e acaba mantando-a com um pedaço de vidro. E a ultima cena é maravilhosa, pois esclarece totalmente o filme. Nina só estava buscando a perfeição. E não se importava com os momentos que passava e nem com as conseqüências, só se importava em ser perfeita, em receber os aplausos do público. A moral da historia é forte: Para Nina a vontade de buscar a perfeição é mais forte do que a vontade de viver.


Temas originais de um diretor respeitado...
Aronofsky é um gênio quando o assunto é fazer com que o público reflita, seja com a trama, seja com os temas abordados. Na maioria de suas histórias tem fatos e temas originais e com uma complexidade profunda. Em Cisne Negro podemos observar Como é a busca pela perfeição em seu ponto de vista. Nina faz de tudo para ser perfeita. Ela se torna imperfeita casualmente para poder ser perfeita profissionalmente. Percebam que ela faz o que seu diretor disse a ela “Vá para casa e se masturbe” e ela em busca da perfeição se masturba. Outra coisa, ela aceita o assédio de seu diretor para poder agradá-lo e assim ganhar o papel. Ela começa a desrespeitar sua mãe, pois para ela sua mãe tem inveja por não ter conseguido ser uma bailarina de sucesso. Faz tudo isso para obter a perfeição. Viajamos em uma história diferente, onde só Aronofsky poderia nos levar.


Cisne Negro o e Oscar...
Indicado a cinco prêmios da academia em 2011 (Melhor filme, direção, atriz, montagem e fotografia), Cisne Negro não aparece favorito nas duas principais, porém não seria querer demais se o filme e o diretor vencesse as categorias. Em montagem e fotografia estão no páreo disputando com outros bons filmes. Mas é em Melhor atriz que o filme deve levar o seu prêmio. A atuação de Portman, como já disse, é inesquecível e com 99% de certeza ela levara o prêmio. Ao fim possivelmente será apenas um prêmio mesmo que o filme embolsará.


Melhor da década?
Aronofsky se torna um diretor forte e respeitado. Cisne Negro, filme forte, complexo, emocionante e árduo que ganha um respeito formidável e uma originalidade que poucos filmes ganharam no século XXI. Com certeza Cisne Negro torna-se um filme poderoso e original que veio para abrilhantar ainda mais o ano de 2010 que teve filmes maravilhosos. Melhor da década? Talvez não. Mas com certeza é um dos melhores.

Nota: 8.0





4 comentários:

  1. Ótima crítica, complementar ao filme! Quanto aos melhores da década, foi um dos melhores suspenses, junto com Sinais, Deixa ela entrar (a versão suíça) e Os outros.

    Nota: Melhor da década: Sangue Negro. Não sei pq é tão difícil enxergar que o filme do Paul T. Anderson foi o mais fodástico de todos. Enfim.

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  2. Os "negros" - tanto o Cisne como o Sangue - são filmes excelentes e merecem estar em qualquer lista de melhores da década, do século etc. Tentar encerrar as opiniões sobre melhores selecionando um único filme não contribui com a história do cinema, kkkk. A graça justamente é ver as causas de cada um em defender suas obras keridas.

    Abs

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  3. Sangue Negro é mesmo maravilhoso, mas Cisne Negro é muito mais intenso e visceral, sem falar na arrebatadora atuação da Natalie Portman.

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  4. Análise bem completa da obra, o drama psicológico, a forma como vamos escalando junto a Nina, o tom intenso da obra. Gosto muito, mas concordo que talvez não seja "O" melhor da década.

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