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sábado, 19 de novembro de 2011

O Ritual (2011)


Não é de hoje que o mundialmente famoso e clássico do terror O Exorcista inspira as produções do gênero que tratam sobre possessão demoníaca. Além das duas continuações geradas (ambas extremamente inferiores), é possível enxergar a influência do filme de William Friedkin em projetos lançados num passado não muito distante, como O Exorcismo de Emily Rose e o mais recente O Último Exorcismo, que inseria dentro de sua temática a técnica da câmera na mão, com o objetivo de trazer um tom mais realista e assustador.

Como o assunto é, por si só, intrigante, não demoraria muito até que outro exemplar surgisse, e eis que ele se chama O Ritual, que ao contrário do último exemplo citado, retorna as raízes do estilo de filmagem convencional. Mas, mais uma vez, o potencial de uma boa abordagem é desperdiçado em um filme que, mesmo com qualidades interessantes, nunca chega ao patamar do “recomendável”.

Michael Kovak (Colin O’Donoghue) é um seminarista cético e decidido a abandonar seu caminho na igreja, mas seu superior o orienta a passar um período no Vaticano para estudar rituais de exorcismo. Uma vez lá, suas dúvidas e questionamentos só aumentam na medida em que seu contato com o Padre Lucas (Anthony Hopkins), um famoso jesuíta exorcista, o apresenta o lado mais obscuro da igreja. É quando ele conhece a jornalista Angeline (Alice Braga), que investiga as atividades do religioso, e as suas reflexões sobre a crença no diabo e em Deus não param de crescer.


Dirigido e roteirizado pelo sueco Mikael Håfström (Evil – Raízes do Mal) e Michael Petroni, por sua vez baseado no livro Matt Baglio, e que por sua vez se diz basear-se em fatos reais, o que O Ritual tem de melhor para oferecer é o direcionamento do foco do roteiro. O objetivo aqui não é encher a tela de sustos repentinos ou cenas aterrorizantes. O conflito é mais interno, pessoal, representado pelo ceticismo de Michael Kovak. Toda a tensão construída tem como sua origem os conflitos existentes na cabeça de Michael, que se recusa a acreditar na legitimidade de um ato de exorcismo. Assim, apesar dos momentos em que nos deparamos com verdadeiras possessões demoníacas, a luta travada é sobre Michael consigo mesmo, e sobre as respostas as quais suas dúvidas podem levá-lo.

Fora isso, pouco sobra de positivo em O Ritual. Mesmo que suas intenções sejam as mais honestas possíveis, o filme decepciona aqueles que, como eu, buscam uma experiência que possa ser classificada como um genuíno terror. Existe uma certa tensão e curiosidade até a metade, mas após isso o filme vai sabotando a si mesmo, optando por soluções fáceis e previsíveis. Falta ousadia ao material construído, e quando o espectador se dá conta, o tédio já está quase completamente instalado. Não existe um momento que possa ser classificado como assustador ou arrepiante, tanto pela covardia do roteiro em não aproveitar suas oportunidades, quando pela narrativa que, de uma horas pra outra, se torna inexplicavelmente apressada.

Entretanto, existe uma pequena surpresa que pode fazer valer os minutos de projeção de O Ritual. Entregue num frustrante piloto automático nos últimos sei lá quantos anos, o vencedor do Oscar Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes) parece estar de volta à boa forma, ao entregar uma atuação se não espetacular, ao menos vivaz e enérgica. Talvez seja cedo demais para afirmar isto, mas se formos julgar por aqui, é possível dizer Hopkins está voltando as atuações de boa qualidade.


O desconhecido Colin O'Donoghue, infelizmente, não consegue entregar uma performance à altura da complexidade de seu personagem, mostrando-se tão expressivo quanto uma árvore. E Alice Braga, em grande momento de sua carreira internacional, apenas entrega o básico aqui, mas sem deixar de lado seu potencial. Já Hutger Hauer e Ciáran Hinds nem merecem ser comentados, já que suas presenças no longa não são grandes o suficiente para isto.

Mikael Håfström faz um trabalho razoável como diretor, que em conjunto com a fotografia sombria de Bem Davis, constrói planos visualmente belos, aproveitando o máximo possível a beleza e o vazio das locações. Mas nem ele poderia salvar um roteiro tão frustrante e convencional como este, que mesmo sendo promissor, terminou por ser finalizado de maneira preguiçosa e covarde.

Nota: 5.0



Um comentário:

  1. Pena a nota baixa. Ainda assim, quero muito ver este filme, o tema é sempre fascinante. Cumprimentos

    http://onarradorsubjectivo.blogspot.com/

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