No filme, nove crianças dotadas de poderes e os seus guardiões são os únicos sobreviventes de uma guerra em Lorien, seu planeta natal, e instalam-se na Terra. Os Mogadorians, espécie responsável pela destruição de Lorien, decidem perseguir os sobreviventes até o planeta Terra. Então, para melhor proteção, as nove crianças são enfeitiçadas de maneira a permitir que elas só sejam mortas na sequência para dificultar o trabalho dos seus inimigos. E, assim que cada criança morre, as outras são marcadas. O protagonista do filme recebe três marcas, mostrando que as três primeiras crianças já morreram, e sabe que... ele é o Número Quatro.
Sei que o filme é baseado no primeiro volume da série “Os Legados de Lorien”, mas tenho certeza de que o filme não correspondeu às expectativas dos leitores, e muitos se decepcionaram. Por isso, prefiro analisar o filme separadamente.
É inevitável comparar este filme com Crepúsculo. Realmente, o romance do filme é, em diversos aspectos, parecido com o da saga vampiresca. A diferença é que, enquanto o filme de Catherine Hardwicke é narrado pela perspectiva da mocinha da trama, o filme de D.J. Caruso é narrado pela perspectiva do herói. O problema disto é que a ação acabou sendo mais focada do que a história e o romance, deixando o filme um tanto desequilibrado. Mas, por outro lado, Eu Sou o Número Quatro não contém diálogos tão melosos e clichês entre os seus protagonistas. Não tanto quanto os de Crepúsculo, pelo menos.
Todavia, o filme tem seus defeitos. Os atores principais, escolhidos por sua beleza e aparência física, não fizeram nada demais. O protagonista é capaz de arrancar suspiros das garotas, assim como as atrizes Dianna Agron e Teresa Palmer podem enlouquecer a platéia masculina. Mas devemos sempre nos lembrar que beleza é diferente de talento. O que demonstra a qualidade do ator é o talento, a habilidade, a capacidade de viver o personagem. Isso não acontece nesse filme. Aqui, temos atores que apenas cumpriram seus papéis. Nada mais do que isso.
Além disso, outro problema do filme são os erros de filmagem. É impossível não perceber alguns deles. Como, por exemplo, quando Bernie Kosar se transforma em um monstro, ele destrói a picape, mas no final do filme lá está ela, inteirinha (?!). Ou, quando ocorre aquela explosão absurda no final, o cabelo de Sarah fica todo bagunçado, mas na próxima tomada ele está completamente arrumadinho (?!). Aliás, falando na Sarah, como foi que ela conseguiu aquelas fotos arremesso do John, se ela pegou sua câmera depois do tal arremesso?
Sem falar que o filme conta com alguns dos velhos clichês que já conhecemos: o herói que aprende a controlar seus poderes de uma maneira incrivelmente rápida; o final feliz, na qual os vilões tentam se redimir com os mocinhos e o casal protagonista promete se amar a vida toda (o famoso “felizes para sempre”), etc.
Mas, em compensação, o filme conseguiu fugir de outros clichês graves. Um deles, que me irrita bastante nos filmes de herói, é que o protagonista é um cara normal, com uma vida comum, até que, normalmente na adolescência, ele descobre que tem poderes super legais, e sai por aí enfrentando valentões e “botando pra quebrar” (como no caso do filme Jumper, por exemplo). Mas em Eu sou o Número Quatro isso não acontece. O protagonista já sabe que não é humano, que tem que se esconder dos Mogs, e que é o Número Quatro da sequência. Seus poderes também se manifestam na adolescência, assim como na maioria dos heróis, mas isto até que tem lógica, pois é na adolescência que ocorre a maior produção de hormônios e mudanças no corpo.
Os efeitos, a trilha sonora e a fotografia do filme também não ficam de fora. O filme teve um orçamento de US$ 60 milhões, e como os atores não são tão experientes nem tão conhecidos, podemos concluir que boa parte do dinheiro foi gasto com a parte técnica. Mas, pelo visto, valeu à pena. Os efeitos do filme são impressionantes, nos garantindo ótimas cenas de ação. A trilha sonora, contando com bandas como Kings Of Leon e The Black Keys, também é fantástica. E o diretor de fotografia do filme, Guillermo Navarro, que é o mesmo do grandioso O Labirinto do Fauno, fez um excelente trabalho, pois a fotografia é deslumbrante e maravilhosa. Visualmente falando, o filme é perfeito!
Enfim, apesar de alguns clichês e de alguns notáveis erros de filmagem, o saldo final acaba sendo positivo. Recomendo o filme para quem estiver à procura de diversão, ou algo para descontrair, principalmente o público adolescente.