A película nipônica mostra uma suposta realidade onde o número de desemprego aumentou após um colapso na economia, e nisso vários jovens deixaram a escola e temendo uma onda de delinquência que pudessem conter, criaram a Lei Battle Royale que consiste em sortear uma classe aleatoriamente a cada ano para serem levados para a ilha e se matarem até sobrar o último deles. O quê faz deste filme mais interessante é que mesmo tendo uma hora e 50 minutos, todos os personagens tem um desenvolvimento complexo, o que torna a trama ainda mais imprevisível, variando em nerds desesperados em continuar o estudo, meninas desiludidas, alguns hackers rebeldes e uns com apetite por sangue e morte.
Diferente de Hollywood, os japoneses não demonstram muita preocupação em garantir uma maior bilheteria e não poupam o espectador de cenas bem violentas, seja mortes por tiro, seja uma foice cortando a garganta de uma garota de 17 anos, e não é nada surpreendente para uma obra feita no Japão, tendo que um dos desenhos mais influentes e memoráveis dos últimos tempos foi Dragon Ball Z, que continha cenas pesadas para um desenho como corpos explodindo ou grandes perfurações no peito.
O roteiro é bem trabalhado, enquanto acontece as batalhas, vai ocorrendo alguns flashbacks, mas nada que tire o ritmo, e a direção sabe trabalhar bem as cenas de ação, demonstrando jovens verdadeiramente desesperados pela sua vida, enquanto Noriko e Shuya são os únicos que decidem se protegerem, independentemente do que possa ocorrer, que juntos com Kawada, um sobrevivente de outra turma que foi "chamado" para lutar novamente e teve um passado semelhante ao dos dois. A montagem ajuda na construção da tensão a cada momento, a cada morte, aparece o nome escrito dos que morreram e a quantidade restante de vivos. O elenco não é nenhum primor, mas é competente, mas obviamente quem se destaca é Takeshi Kitano como o Professor Kitano, que opera o torneio, e é o personagem mais tridimensional da história, contendo um certo senso de humor doentio, destaque para a cena do tutorial sobre o torneio em vídeo que eles passam para os alunos.
Battle Royale contém uma crítica social e política, em uma trama narrada de forma peculiar dos japoneses, com muitos personagens com algum passado marcante (clichê de qualquer história feita por japoneses, seja mangá, anime, filme ou game), com muita violência, e reviravoltas. É indispensável para qualquer fã de cinema asiático, amante de cultura pop japonesa e cinéfilos.
Nota: 8,5
As comparações com The Hunger Games percebem-se... e prefiro este.
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