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sábado, 20 de outubro de 2012

Atividade Paranormal 4 (2012)



É muito improvável que, com todo o sucesso que este terceiro filme terá, a franquia realmente se encerre aqui. Qualquer continuação, entretanto, será extremamente desnecessária: ou os produtores inventam algo realmente novo ou cairão na desgraça de macular, com a ganância, uma obra muito bem resolvida”.

Esses foram os últimos dizeres em minha muito complacente análise de “Atividade Paranormal 3”. Embora a crítica em si esteja longe de ser uma de minhas mais bem quistas, essas palavras foram certeiras: tudo que a franquia tinha que render fora esgotado com o terceiro filme. Fim. Qualquer coisa a mais dificilmente traria algum gosto senão o de comercialismo barato. Não nego, entretanto, que os produtores pudessem trazer algo interessante, caso se concentrassem o suficiente (o quarto filme poderia ter a decência de pôr um fim no espírito e nas bruxas malucas que assolam os inocentes). Mas, com a série agora virando uma tradição de Halloween, não é de se surpreender que o produto entregue tenha seguido a pior de minhas previsões: entregar-se à ganância.

Não sou um entusiasta da série, mas também não lhe lanço as pedras que se tornaram tão freqüentes desde sua primeira seqüência (como se o primeiro filme fosse algo revolucionário, oras). Mas eu admiro muitíssimo o fato de que, até o terceiro filme, os produtores de fato tentassem construir algo além de cofres para receber a bilheteria. Cada seqüência parecia uma experiência onde os cineastas testavam as novas e variadas possibilidades de se assustar e perturbar o público, fazendo bom uso das técnicas e dos orçamentos maiores aprovados pela Paramount. “Atividade Paranormal 3” foi um tanto prodigioso ao abandonar os jump scares e refinar um terror-tensão quase psicológico (lembram-se do ursinho?). O mais importante, porém, era a história, que mostrava um claro esforço dos roteiristas em erigir uma base digna para o universo da franquia. Ainda que a desfecho da primeira trilogia tenha tentado abocanhar mais do que conseguia (ao invés de juntar todos os pontos em um lindo e preciso nó, terminou mais para um emaranhado razoavelmente uniforme), foi uma conclusão satisfatória para uma franquia idem.

Para complicar a vida daqueles que a defendem, “Atividade Paranormal” trás, enfim, seu primeiro filme sem quaisquer virtudes redentoras. Em todos os seus aspectos, este quarto exemplar é um retrocesso à estaca zero, como se os cineastas Henry Joost e Ariel Schulman tivessem desaprendido tudo que fizeram tão bem antes. É impressionante como o filme consegue ser infantil em TODOS os seus sustos, chegando ao desespero de ter um gato pulando sobre a câmera para arrancar gritos. Sim, a família da vez tem um gato, mas ninguém jamais se dirige ao bichano ou demonstra qualquer afeto por ele, o que deixa claro como ele não passa de um recurso forçado para justificar sustos de última hora.

Não que você não vá se assustar ou sentir medo. Você irá. Mas, desta vez, não é por competência do filme, já que nada nele é elaborado com o mínimo de zelo. Será simplesmente por instinto. Não significará que você tem mau gosto para filmes; mostrará apenas que você é um ser humano saudável, cujo corpo reage, em determinadas circunstâncias, com esta sensação chamada “medo”. Mas pela metade da obra nem isso você sentirá, pois o filme será apenas lento e entediante – muitos serão os momentos que apontam para um grande e elaborado susto, para no final ser apenas uma porta se movendo ou uma faca voando. Ou um gato.

O filme é tedioso porque a história é inexistente. Na verdade, “Atividade Paranormal 4” possui um defeito maior: a cara-de-pau de jogar ao público o mesmo enredo de antes e fazer de conta que ele é a coisa mais inovadora da série. Se os três filmes anteriores tentaram dar sentido à própria existência, sempre acrescentando algo que mantivesse acessas as fagulhas do interesse da audiência, este quarto parece aquele “resumo dos capítulos anteriores” que tanto encontramos em séries ou em novelas mexicanas. Sou forçado a enfatizar: não há NADA de novo aqui! Esta é uma história nula, que simplesmente mostra o ciclo demoníaco se reiniciando: Kristie usa o garoto Robbie (de onde ele veio? Sabe-se lá) para aliciar uma nova família. O demônio, claro, faz seu trabalho e, no fim, consegue o que quer. Interprete-o como um “Atividade Paranormal 2.1”, já que segue o MESMO esquema do segundo filme (roubando o desfecho do terceiro), só que com personagens diferentes. E por “diferentes” quero dizer “totalmente desinteressantes”.

Se o segundo filme usava uma espécie de humor negro e auto-deboche para justificar as trapalhadas de seus personagens, este sequer procura qualquer redenção: temos os típicos personagens-tábua do terror, um gado pronto para o abate. O casal principal foge à regra, mas os demais são tão ocos que os atores mal se dão ao trabalho de fazer expressões faciais (toda vez que o Pai aparecer na tela, olhe bem para seus olhos; seus olhos duros e frios, sempre fitando o horizonte, como se o ator se perguntasse: “O que estou fazendo aqui?”). No segundo filme, a família conversava intensamente, o que ajudava a desenvolver empatia por cada um de seus membros (e olha que se tratava do maior elenco da série). Aqui, são raros os momentos em que os pais falam com a filha, por mais desesperada que ela esteja, e muito menos entre si. Mesmo diante das mais óbvias provas de ação demoníaca, eles se mantêm inexpressivos. De fato, nem se dão ao trabalho de negar a existência do demônio. Às vezes, parece que eles sabem que há algo errado, mas são preguiçosos demais para fazer qualquer coisa.

E os atores principais não se safam por uma grande margem: por mais que tenham centenas de horas de gravação com as mais perturbadoras coisas da face da Terra, em momento algum eles pensam em mostrá-la para os pais ou para autoridades1 – uma coisa tão básica que nenhum filme anterior ignorou!

Para justificar a eterna gravação constante dentro da residência e as muitas reviravoltas, o filme apela para ações bizarras: a mãe DROGA a filha apenas porque ela “não dormia há dois dias” (o que nunca é mencionado ou mostrado antes); o namorado da garota (um rapaz que dá novas dimensões às palavras “friendzone” e “stalker”) consegue entrar na casa quando bem entende, sem jamais disparar o sistema de vigilância (que, de fato, funciona apenas quando o roteiro julga conveniente); o seu computador também se conecta automaticamente às webcams de TODOS OS OUTROS computadores da casa e faz gravações por horas a fio... Mais hilária é a explicação dada pelo menino: “Não sei, ele faz isso mesmo, é do produto”. Ahã. Não sabia que existiam computadores com um “modo espião” embutido.

Nem mesmo sutil o filme tenta ser em seu merchandising. Seria a Paramount tão gananciosa que sequer financiar inteiramente uma obra barata e com 100% de chance de retorno ela consegue? Quando uma personagem é quase atropelada por um carro, ela exclama “F#cking Prius”! Isso mesmo: um Toyota Prius. Porque é óbvio que nossa primeira reação seria exclamar um palavrão seguido da marca do carro que quase nos atropelou! Mais interessante é a tara do roteiro com o Kinect, o mais-do-que-inútil acessório para o Xbox, da Microsoft. Admito que a idéia, assim como a “câmera-ventilador” do terceiro filme, era muito interessante, mas acabou tremendamente subaproveitada. Creio que o roteiro acha sustos e tensão muito menos fundamentais do que diálogos tão espontâneos como “Ei, eu não vim aqui para vê-los mexendo com (pausa dramática) Xbox”. Consigo até imaginar o contrato do filme, com as cláusulas obrigando a usar as palavras “Kinect” e “Xbox” ao menos uma vez.

“Atividade Paranormal 4” é tão maçante que eu, a pessoa mais “assustável” do mundo, dava longos bocejos durante seu final. Pela primeira vez, dormirei tranquilamente após uma sessão da série, pois seu terror agora não passa de algo instintivo: no momento em que os créditos subirem, seu medo irá com eles. Eis o maior pecado do filme: com tanto marketing, com tantos recursos, com um tema tão simples e uma técnica tão banal, nem ao menos uma razoável fábrica de sustos ele consegue ser.

NOTA: 4,5

1Aliás, o quê que as autoridades fazem com as fitas que sempre encontram ao final de cada filme (exceto o terceiro)?? Mesmo com Katie e Hunter (ou melhor, Robbie – sério quem é esse guri?) vivendo abertamente em uma vizinhança e causando inúmeros rebuliços (Katie chega a ir para um hospital!), nenhum policial jamais aparece para investigar. Desconfio que a delegacia local seja uma filial da Loucademia de Polícia!

6 comentários:

  1. Robbie eu acredito que seja o Tyler Hunter ou Hunter Tyler, mas com nome diferente pra ninguém saber. Deixou passar essa, rs.

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  2. Lembrando que não discordo de sua análise no geral, também achei que ficou devendo e muito este quarto filme. Mas até gostei.

    Sobre os pais, a atuação deles é fraca porque a filha diz que eles não andam se dando bem faz tempo. Sobre o gato, realmente, mas gatos são assim mesmo. Ninguém nota que eles estão ali.

    A menina mostra pro pai as imagens do demônio, mas ele ignora, e não vejo isso com erro, porque hoje em dia os pais não estão muito aí pros filhos mesmo e o que eles andam fazendo. E mostrar pras autoridades o que exatamente? Vultos no seu laptop? Vai fazer os guardinha rirem de você a noite toda, só isso. É complicado.

    O rapaz diz no início que tem uma chave extra da casa. Idiota, mas ele fala isso rsrs. E forçaram mesmo no Kinect, ficou muito na cara a propagandona, rsrs. SPOILER ABAIXO

    E se você bocejou na hora que a Kristie com o capeta no corpo correu atrás da menina dentro da casa, cara, tu é um homem de gelo... kkkk

    Enfim, tb esperava um grand finale fodão, mas daí a rebaixar tanto como você fez, acho exagero.
    Abraço!

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  3. 4,5? kkkkkkk tu ta doido? esse filme e otimo fui na estreia o publico gritava demais,nao concordo muiti com voce,como o leon disse ···tbm esperava um grande final mas valey apena assistir o filme

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  4. Daria 5. o filme tinha alguns erros, mas foi bom. Só pelo final sei que vai ter continuação, pois não explica nada...

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  5. Vi os 4 filmes e realmente esperava mais desse último. Ao menos de uma explicação q desse sentido ao filme e ligasse esse último com as histórias do primeiro. No fim fiquei com um gosto de q faltou alguma coisa

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  6. Eu concordo com a crítica no sentido do filme ser bem fraco e pobre no roteiro, aliais acho que deveriam ter parado no 1º filme ou no mínimo esse 4º ter sido um filme explicativo.

    - Como essa merda toda de bruxaria começou ?
    - Porquê a mãe delas entrou nessa ?
    - Qual a origem do Tobby ? Quem o invocou ?

    Mas não o 4º filme foi uma merda como o 2º e o 3º.

    Que final foi esse? SPOILER:

    300 Bruxas no quintal e NINGUÉM VIU PORRA NENHUMA ????

    A menina destrói a porta da garagem e NINGUÉM OUVE ?

    Outra falha grotesca é a falta de comunicação, os pais são apenas figurantes no filme.

    Mas tudo bem essa é a minha opinião, filme fraco sem nada de inovador.



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