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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Enterrado Vivo (2010)


Me emociona o fato de até hoje, exemplos de filmes como este comprovarem que podemos sentir a presença de influências de cineastas geniais que servem de grandes exemplos para a história do cinema. Neste caso, percebemos que Hitchcock é como se fosse o co-diretor deste longa que, concebido pelo diretor espanhol Rodrigo Cortés, é um dos mais originais e sufocantes dos últimos anos.
O filme trata sobre uma das grandes fobias que afetam grande parte de homens e mulheres do mundo: a claustrofobia. Colocado dentro de um caixão sem saber como, Paul Conroy(Ryan Reynolds) é somente um voluntário que trazia suprimentos para pessoas no Iraque, mas acaba sendo vítima de um cativeiro perverso. Paul terá de tentar sair tendo um celular, um isqueiro, canetas e uma luta contra o tempo para sobreviver. Ele terá ouvir ordens de Dan Breener, o homem que tenta o resgatar, mas também sabe que se não atender as ordens de seu sequestrador poderá colocar outras pessoas em perigo. Uma situação extrema.
Se formos analisar este longa é óbvio que não é justo deixar de notar que Hitchcock é a grande influência para Cortés. Com closes misturados à uma trilha sonora repentina e cheias de acordes fortes que realçam mais o sentimento de desespero do protagonista, o filme é um exemplo de que o cinema atual sabe fazer boas homenagens aos grandes cineastas dos velhos tempos, algo que demonstra um ato muito humilde e belo por conta da equipe do filme. Além disso, Cortés sabe, em um espaço tão pequeno, mostrar diferentes sentimentos somente por alguns movimentos de câmera e de proximidade em relação ao protagonista. Se há uma situação de sufoco, a câmera se aproxima de Paul(observem os zooms que dão nos olhos de Paul ao som de uma trilha sonora repentina), mas se querem mostrar também a solidão que nosso herói sente a câmera se afasta e mostra Paul dentro de um caixão no meio da escuridão.

Outra ousadia é não usar típicos clichês. Era de se esperar o uso de flashbacks para termos maior afinidade com a situação de Paul e até esclarecer melhor os fatos, mas isso é desncessário. O texto de Chris Sparling sabe como nos integrar na história sem estes clichês, ou seja, a situação é plenamente natural e passamos a nos sentir comovidos com a história por ações que Paul tenta fazer ao tentar contatar seus parentes. Até em um momento comovente onde Paul tenta falar com sua mãe e diz que pode ser a última vez que se falam. Acontece que Sparling não quer também focar outros momentos, a história se passa 100% dentro do caixão em que Paul está preso, ou seja, o desejo de não desviar nossa atenção para outros lados da história é algo fundamental para o desenvolvimento da trama. É um workshop de como se escrever um roteiro original que Sparling faz.
 
Reynolds é o único que uma aparição física neste longa. A atuação de Reynolds é perfeita, demonstrando todos os tipos de sentimento que alguém poderia sentir em uma situação desesperadora como esta. Vemos Reynolds pulsar de raiva e ódio no começo, mas logo observamos o desespero, o sentimento de vulnerabilidade e também a solidão que o seu personagem de forma clara e sem parecer muito forçado. Ryan é uma rapaz que pode não ser um dos grandes atores da atualidade, mas que não deixa de possuir talento, esta é a sua melhor atuação até agora.

Quanto aos atores de voz, temos a "aparição" de Stephen Tobolowsky que tem uma atuação quase que ditada, sua voz parece não parecer nenhum tom diferente desde que começa, mas também seria pedir demais que o uso de suas cordas vocais fossem marcantes e interpretadas de maneira "James Earl Jones". Os atores das vozes, nada se pode criticar, mas nada se pode elogiar. Porém devo dizer que os atores que fazem as vozes de Dan Breener e do sequestrador de Paul são possuidores de uma voz grossa e consistente, muitas vezes pensei que estão mesmo se comunicando com alguém em um cativeiro.
 
Servindo de crítica social e também como uma aula de como fazer filmes de baixo orçamento de roteiro simples, mas de estrutura impecável, "Enterrado Vivo" é um dos melhores longas do ano e também, ao lado de "127 Horas", são uma ótica muito mais natural e tensa de mostrar um tipo de suspense muito mais real e desesperador.
 
Nota: 8.0 



2 comentários:

  1. Tenho boas espectativas pra esse filme. Me parece um suspense instigante.!!

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  2. Parece ser bem tenso...

    Gosto do Ryan Reynolds, bom ator.

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