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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Atividade Paranormal 2 (2010)

Que mente doentia faria um filme assim com um cachorrinho fofo e um bebê inocente? Ah, quem se importa...


É difícil, ou talvez impossível, encontrar a fórmula perfeita para um sucesso de bilheteria. Embora a aposta mais comum dos grandes estúdios hollywoodianos seja rios de dinheiro e um banho interminável de efeitos especiais, vez por outra aparecem filmes do nada que arrebatam os corações da crítica e do público. Estes acabam lucrando e, a depender da benevolência financeira dos grandes produtores e da capacidade dos criadores originais em lidar com a fama, podem originar seqüências. O filme da vez apareceu no circuito mundial em 2009 e surpreendeu não por apenas ter lucrado, mas por ter lucrado mais do que qualquer outro filme na história do cinema: Atividade Paranormal, produzido de forma caseira a um custo de quinze mil dólares, abocanhou cento e noventa milhões de dólares mundo afora (doze mil vezes o seu custo) para alegria de seus produtores e farra do estúdio Paramount, que adquiriu os direitos do filme.

Era inevitável, portanto, que este “sucessor” de A Bruxa de Blair ganhasse uma aguardada continuação. Mas, afinal, como se pode resumir Atividade Paranormal 2? Como são inevitáveis as comparações, pode-se dizer que ele é um filme superior ao seu original, não porque acrescente profundidade à história (e, sendo franco, isso não importa nem um pouco), mas porque entrega de forma mais competente ao espectador aquilo que promete: sustos. Esta continuação do sucesso de 2009 apresenta, sim, melhorias na estrutura e no roteiro, mas o que realmente importa é a quantidade maior (e melhor) dos sustos.

O que irritava em Atividade Paranormal era que o filme era parado demais! Obviamente provocada pelas severas restrições orçamentárias, a produção morosa criava muito anti-clímax e, portanto, muita decepção! O demônio parecia ser muito mais tímido: durante 80% da produção ele se resume a traquinagens infantis e, vez por outra, algum grunhido mais assustador ou uma sombra que aparecia do nada. Se o filme era eficiente em criar tensão, era mais eficiente ainda em jogar um balde de água fria no espectador: o público, que esperava algo arrebatador em certa cena, acabava percebendo que nada acontecia. À exceção do final, quando o demônio fica exponencial e inexplicavelmente violento, todo o filme era uma decepção contínua. O público esperava um susto. O público QUERIA um susto. Mas a droga do susto nunca aparecia! A cena da porta de fechando é uma das mais revoltantes do filme: tanto auê por causa dela e descobre-se que é apenas mais uma cena entre tantas outras. Saí do cinema decepcionado. E, não: não tive uma única noite de insônia.


Mais câmeras, mais tensão, mais sustos.

O que eu poderia esperar, afinal, desta continuação? De fato, entrei no cinema com nenhuma expectativa. E saí tão amedrontado que nem conseguia ficar sozinho nos banheiros do shopping! Isso mesmo: Atividade Paranormal 2 finalmente entrega o que promete, e em tanta abundância que nos faz dizer “chega”! A condução da história é mais fluida, menos aborrecida: as cenas que introduzem a família são rápidas e logo começam as aparições do demônio. Só que, desta vez, o bicho parece ter voltado totalmente atazanado! Até mesmo as aparições mais leves são perturbadoras, como a cena em que a mãe de Hunter entra no banheiro do quarto do filho e, enquanto está lá, o brinquedo de teto começa a suavemente girar. Existe muito mais técnica nos momentos de tensão, muito mais apuro pela construção do medo psicológico. E, para aqueles que gostam de momentos mais hardcore, não há muita espera: em trinta minutos o demônio está suficientemente bravo para causar sustos de primeira linha.

Atividade Paranormal 2 funciona como um prequel do filme original, pois explica como a entidade maligna já vinha assombrando a outra parte da família de Katie. Descobrimos também o seu objetivo real, que envolve a captura de uma vítima perturbadoramente inocente. Nesta continuação, porém, a possibilidade de aparições demoníacas se expande pois, ao invés de apenas uma, nós temos várias câmeras de segurança pela casa mal-assombrada captando cada momento perturbador dos acontecimentos. Isso se deve ao investimento maior feito no filme que, apesar disso, ainda saiu de graça para os padrões de Hollywood: cinco milhões de dólares!


É na cozinha que se passam muitas das melhores cenas do filme. E um susto verdadeiramente apavorante!

Mas será que só os sustos salvam o filme? Claro! Sejamos francos: ninguém vai a uma sessão de Atividade Paranormal 2 para refletir sobre a vida, para discutir temas filosóficos ou apreciar uma bela fotografia ou trilha sonora. O povo vai para levar susto, e pronto. Queremos levar susto. Gostamos de levar susto! Em uma sociedade em que a barbárie e a violência se tornaram comuns, ansiamos por algum filme que consiga mexer com nossos sentidos e tirar-nos do marasmo. Que importa que o roteiro tenha muitas falhas (e realmente tem, como na cena em que Hunter fica só na casa, de noite, e é arrastado do berço pelo espírito. Até agora eu fico me perguntando: “Como o bebê conseguiu subir de volta para o berço?” já que, na cena seguinte, lá estava ele, tranqüilo e feliz)? Que importa que o filme não desenvolva uma história mais inovadora? Não importa!

E é pelos sustos que o filme me conquistou. As atuações são deveras impressionantes, sempre mantendo a linha do ultra-realismo, embora os personagens sempre caiam em estereótipos inevitáveis do gênero: temos a velha imigrante que sabe que algo está errado na casa, temos o patriarca ultra-cético, temos as mulheres apavoradas, o bebê indefeso e etc. Na verdade, o único personagem com um tanto de originalidade é a cadela da família, e só. Mas, ainda assim, esses clichês compõem a graça do filme; as atuações são tão competentes que conseguem corroborar ainda mais com a tensão. É impossível não sentir todos os pêlos do corpo se arrepiarem na cena em que a mãe de Hunter folheia uma revista na cozinha, para depois ser vítima de uma das melhores “brincadeiras” do demônio em todo o filme. As aparições continuam muito bem feitas: como será que a produção conseguiu fazer tantas peripécias com tamanha perfeição? Procuro por fios quando as portas se fecham, mas não vejo nada. Segredos de Hollywood!


A parte externa da casa, onde um limpador de piscina fica possuído. É sério.


É claro que a burrice dos protagonistas continua alta: na cena em que a cadela tem que ser levada para o hospital e a mãe fica totalmente sozinha na casa (a melhor cena do filme), por exemplo. Sinceramente, depois de ter vivenciado tudo o que se passou antes, quem, em sã consciência, ficaria sozinho naquela casa do demo? Burrice mata e, no caso dessa personagem, isso é particularmente verdadeiro. Outro incômodo no filme é que, grosso modo, nada de novo foi acrescentado à história em si: é certo que ficamos sabendo do objetivo do demônio e o porquê de ele ter ido para os pobres Katie e Micah, mas a origem do bicho ainda ficou muito vaga no filme, apesar das breves conjecturas da personagem adolescente. E é um tanto chato, se bem que necessário para ampliar o terror, que o capeta sempre saia vencendo, principalmente quando se trata de uma vítima tão inocente! Assim, o final é extremamente perturbador e nem se compara à conclusão do original!

Atividade Paranormal 2 é o pedido certo para aqueles que querem sustos descompromissados, porém extremamente impactantes. A tensão contínua e o ambiente soturno da história apenas reforçam a sensação de que estamos vivenciando tudo aquilo; que tudo aquilo foi verdadeiro! Talvez seja o melhor “programão” do ano e é, sem dúvida, uma evolução no subgênero iniciado por A Bruxa de Blair. Posso resumir todas as minhas impressões sobre o filme na seguinte constatação: até hoje, uma semana depois da sessão, continuo sem dormir direito e não consigo ficar sozinho em casa.

Acho que ando escutando barulhos estranhos ultimamente...


NOTA: 7,0


4 comentários:

  1. Também achei bem melhor que o 1° (que já é muito bom!). Aquele susto na cozinha foi um dos grandes momentos de 2010.

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  2. Olá Rafael estou retribuindo a visita. Gostei muito do seu blog. Com certeza você deve ter adicionado alguns filmes que eu também comentei no meu. Vamos trocando opiniões. Vou te seguir.

    Quanto ao filme em questão eu só vi o primeiro e comprovei que o boca a boca é o melhor marketing. Não achei nada demais nesse filme. Até muito chato achei. Fenômeno tipo "Bruxa de Blair" (alguém se lembra ainda?)

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  3. Opa, valeu pela retribuição, agradecemos ;)

    E é verdade, as pessoas só parecem lembrar de A Bruxa de Blair pra fazer comparação com os muitos filmes deste estilo que estão sendo lançados ultimamente. Mas eu adoro Atividade Paranormal 1 e 2, acho ótimos suspenses, com um clima muito interessante.

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  4. Adorei o Filme!!! kkkkkkkkkk A "Piton" na Piscina esta de Parabéns,o Filme foi feito só nela ela foi a que mais apareceu neste Filme morri de rir ao ver este filme Repito Gostei de ver a Piton na Piscina!...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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