É, o Globo de Ouro já foi e A Rede Social foi o grande vencedor da noite, pois ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor (David Fincher), Melhor Roteiro (Aaron Sorkin) e Melhor Trilha Sonora (Trent Reznor e Atticus Ross), além disso, é o filme favorito ao Oscar desse ano. E eu estou aqui para falar de outro filme de David Fincher (que é, na minha opinião um dos melhores diretores da atualidade) - Clube da Luta, baseado no livro homônimo de Chuck Palahniuk, e objeto desse texto.
Pois bem, Clube da Luta é considerado por muitos um dos melhores e mais influentes filmes da década de 1990. O filme é narrado pelo personagem de Edward Norton, que é chamado de diversos nomes ao longo do filme, mas tratemo-lo (o corretor ortográfico do Word é uma maravilha) como Jack. Ele trabalha com seguros e ganha bem, mas sua vida é vazia (diferente de seu apartamento que está cheio de móveis legais e “na moda”) e sofre de insônia. Para se sentir mais completo, Jack passa a freqüentar grupos de apoio para todos os tipos de doenças e transtornos. Lá ele, além de se sentir mais completo, encontra uma espécie de libertação emocional que alivia sua insônia.
Pois bem, Clube da Luta é considerado por muitos um dos melhores e mais influentes filmes da década de 1990. O filme é narrado pelo personagem de Edward Norton, que é chamado de diversos nomes ao longo do filme, mas tratemo-lo (o corretor ortográfico do Word é uma maravilha) como Jack. Ele trabalha com seguros e ganha bem, mas sua vida é vazia (diferente de seu apartamento que está cheio de móveis legais e “na moda”) e sofre de insônia. Para se sentir mais completo, Jack passa a freqüentar grupos de apoio para todos os tipos de doenças e transtornos. Lá ele, além de se sentir mais completo, encontra uma espécie de libertação emocional que alivia sua insônia.
Mas eis que ele vai percebendo que outra pessoa está fazendo o mesmo que ele. Essa pessoa é Marla Singer, e ela também freqüenta tais grupos para se sentir um pouco mais completa. Há aqui uma crítica à sociedade, que está “fabricando” pessoas vazias, que trabalham em empregos que odeiam para comprarem coisas que não precisam.
Em uma viajem de negócios, Jack encontra Tyler Durden, um vendedor de sabonetes. E, graças a um acontecimento, eles passam a morar juntos. Eles são completamente diferentes, na verdade, são opostos. Tyler é tudo o que Jack sempre quis ser, corajoso, impetuoso, divertido. Juntos, eles criam o Clube da Luta. Um Clube que começa pequeno, mas vai crescendo e crescendo e ganhando mais adeptos. Um clube onde homens batem uns nos outros. Mas não pense que é uma questão de competição, de “vencedores e perdedores”, ou para aliviar a frustração de ter uma vida vazia. O Clube da Luta foi criado para que os homens que participam dele possam ter a possibilidade de viver, de ter cicatrizes, de sentir o sangue correndo nas veias, e não de sobreviver aos seus empregos, às suas vidas mecânicas, onde tudo sempre, sempre é a mesma coisa.
Agora, se preparem para ouvir uma coisa surpreendente (quem não quiser saber o final do filme deve parar por aqui). Preparados? Posso contar? Enfim, Jack e Tyler são a mesma pessoa, ou seja, Jack criou Tyler porque foi o que o narrador sempre quis ser. Se você não sabia disso porque não assistiu ao filme, não fique bravo comigo. Clube da Luta é do tipo de filme que é melhor você saber o final antes de vê-lo. Sabendo do final, você poderá entender e perceber coisas que quem não sabe, não entenderia, nem perceberia.
David Fincher dá dicas e mensagens o tempo todo no filme para que você compreender o final antes mesmo de ser mostrado. Por exemplo, Tyler aparece para Jack em vários momentos antes de o narrador conhecê-lo. E no momento em que Jack está falando sobre os diferentes fusos horários dos lugares onde ele viaja, há a seguinte fala “Se eu pudesse acordar em um lugar e uma hora diferentes, poderia ser uma pessoa diferente?” e logo em seguida Tyler Durden aparece. Depois disso, Fincher continua nos dando dicas, até que o final é revelado.
Esses detalhes passam despercebido para quem não sabe o final ou mesmo para quem está vendo o filme pela primeira vez. Por isso que Clube da Luta pode (e deve) ser visto mais de uma vez, vamos interpretando de uma maneira diferente, e o impacto se não é o mesmo, é bastante parecido.
Há algo de interessante entre Tyler e Jack. Conforme o tempo vai passando, parece que Tyler vai se tornando mais forte fisicamente do que Jack. Talvez isso seja para representar que na mente do narrador, ele mesmo é vencido por Tyler, o seu alter-ego vai tomando conta dele.
As lutas e os diálogos entre Tyler e Jack podem ser interpretados como Jack lutando e brigando com si mesmo (já que são a mesma pessoa). Tyler brigando com Jack para que ele não volte a ser aquele “robô social” que a nossa sociedade fabrica. Aqueles que aceitam toda a opressão que o dinheiro (e não somente o dinheiro, mas o consumismo) faz com as pessoas, de boca calada. Afinal a sua vida boa com os móveis legais e “na moda” só era possível graças a essa opressão, esse conformismo.
Além disso, a maioria dos nossos sonhos são destruídos por essa opressão. Ao mesmo tempo em que temos que lutar para que eles se realizem, somos treinados pela sociedade e pelos nossos empregos, a deixá-los de lado para ter uma vida mais fácil. Para mim, há uma cena no filme riquíssima filosoficamente que traduz esse sentimento perfeitamente: Quando Tyler ameaça matar o empregado da lojinha de conveniência porque ele não correu atrás de seu sonho de ser veterinário.
Depois que Jack se entrega ao Clube da Luta e à vida com Tyler ele se sente mais completo, mesmo estando menos completo financeiramente e materialmente. Mais uma prova de que “as coisas que você possui acabam possuindo você”. Ele descobre que tudo o que ele tinha, não era necessário para a sua vida, que sempre foi mais uma vítima do consumismo, que a sociedade e as coisas que ele tem o manipula.
Enfim, com o tempo o Clube da Luta vai evoluindo e se transformando no Projeto Destruição, que através da destruição de lugares públicos, principalmente bancos e cafeterias, tenta mostrar para as pessoas que a sociedade em que elas vivem é de consumo, e conformista. E tenta, também, destruir de vez essa sociedade, destruindo empresas de cartões de crédito e instituições financeiras. Que estranho, para destruir uma sociedade, basta destruir quem controla o dinheiro dela.
Quando assisti a esse filme, estava com a minha mãe, que não gostou devido à violência. Sim, há bastante violência nesse filme, mas tal violência tem um significado e uma justificativa. Toda a violência liberada pelos homens que participavam do Clube da Luta era o grau de insatisfação que os membros tinham com suas vidas vazias, com a sociedade, e também uma forma de redescobrirem que são seres humanos.
E porque o Clube da Luta cresceu tanto e ganhou tantos adeptos? Mais uma forma de dizer que muitas pessoas não se conformam com o que a sociedade lhes impõe e procuram algo a mais para completar suas vidas. Esse algo a mais teria que ser algo diferente, com um propósito, e nada melhor do que o Clube para completar a vida deles.
Todos dizem que Clube da Luta é um “soco no estômago”, um filme de “difícil digestão”. E antes de assisti-lo eu achava que era exagero dizer essas coisas, mas para minha surpresa, não é. O filme é um soco no estômago na sociedade e nos “robôs sociais” criados por elas, que estão sempre querendo atenção. No geral, é uma crítica muito bem feita em forma de um filme muito bem feito que conseguiu mudar a minha visão e me fez ver o que, de fato, importa.
“Somente depois de perder tudo é que você consegue fazer qualquer coisa”. Encerro esse texto com essa frase, porque depois que Jack chega ao fundo do seu poço, ele conseguiu ser (mesmo que através de seu alter-ego) tudo o que sempre quis ser. Podemos usar isso na nossa vida? Bom, aí cada um tem que saber a sua resposta. O filme nos ensina que o importante é viver e não sobreviver.
Nota: 9,5
A obra-prima de David Fincher e um dos grandes filmes da minha vida. Surreal.
ResponderExcluirÉ um dos grandes filmes da minha vida também!
ResponderExcluirUm dos melhores filmes que já assisti. Com certeza está no Top 10!
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