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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Jules e Jim - Uma Mulher para Dois (1962)




Este foi o meu primeiro filme de François Truffaut. Digo que ele não foi um desastre, não. Longe disso, apenas estava esperando uma obra-prima vindo de um cineasta tão aclamado quanto este. No entanto, eu percebo que esta obra é bem influente para muitos filmes atuais como, um dos meus preferidos, Antes do Amanhecer(1995) de Richard Linklater. Acontece que o que direi abaixo é para explorar um pouco do que Truffaut fez com este filme que possui mais características boas do que ruins, claramente.

Ao iniciar o filme com um narrador falando em velocidade extremamente elevado. Truffaut está querendo nos dizer que o "bromance" entre Jules e Jim não será o foco principal que o cineasta pretende explorar, mas também não deixa de ser importante para o desenrolar da trama. Acontece que Truffaut reserva uma história muito mais trágica ao se aproximar de seu clímax e também final. Nesta história, dois amigos que possuem características opostas sendo que um é o pegador e outro não tem muito jeito com as mulheres acabam conhecendo uma linda moça chamada Catherine que acaba ficando com Jules, o menos je
itoso com mulheres, mas após a guerra, Catherine se apaixona por Jim, o amigo de Jules. O que ocorre é que muitas reviravoltas vão acontecer e também responsáveis por ser um filme que trata de um assunto nenhum pouco comum para o cinema da época.
O interessante são os detalhes dos nossos personagens que mostram a distância de semelhanças entre ambos. Enquanto, Jules é um homem austríaco, sabemos que Jim é um francês. Algo que infere dizer que um dia eles lutaram na guerra um contra o outro, mas não diretamente, apenas representando os seus países. Este acontecimento é um adiantamento do fato que haverá uma certa rivalidade entre os dois amigos logo mais pra frente na trama. Catherine é objeto de conquista de ambos, mas esta se torna em uma neurótica que comete adultério em seu casamento com Jules, mas acaba sempre voltando para ele. Jules, homem inseguro e sem muita experiência em relacionamentos, não consegue se separar dela. Algo interessante é notar que o relacionamento de nossos dois companheiros, Jules e Jim, nunca é influenciado pelo caso em que Jim mantém com Catherine, pois Jules acredita que aquele poderá fazer esta feliz.

A questão da fidelidade é debatida de forma bastante constante e sem nenhum tipo de censura. Por que Jules não se enfurece com o fato do adultério cometido por sua esposa? Afinal, não existe razão para que aquilo acabe dando certo. Tudo se trata de uma montanha-russa emocional que é controlada por Catherine pois quando ela se cansa de tal amante, ela volta para os braços de seu marido. Jim acaba encontrando em si, um conflito interno, pois estando apaixonada por Catherine, há o esquecimento de sua namorada. O que Truffaut quer dizer é pregar ao público que tudo ali se trata de um triângulo amoroso como poucos. A crítica feita a mulher neste filme que não se decide pode ser encarada como um ato de machismo por conta do cineasta. Aliás, após uma cena onde os três protagonistas saem do teatro, há piadas com a mulher e facilmente encaradas como anedotas dirigidas ao público feminino. No entanto, não é exatamente uma guerra de sexos que ocorre nestas ocasiões e conflitos particulares de cada
protagonista, nada de generalização ou estereótipo.
Analisando a parte técnica apresentada no longa. É fácil notar que a opção de apressar a fala do narrador e dos personagens é para dizer que o que está ocorrendo é apenas um apoio para que a trama chegue a espinha dorsal de si mesma. Algo interessante, mas também certamente confuso pois Truffaut comete o descuido de não deixar que a narrativa se desenrole de maneira orgânica e para digerir a história não há como entender o fato da tragédia que ocorre no final ser tão repentina. Ou seja, muito do que Truffaut comete em erros inferi na falta de construção precisa tanto da trama quanto dos personagens.

Acontece que o tom cômico executado no início do filme não parece se transformar de maneira normal em um extremo oposto completamente diferente. Faltou mais cuidado à narrativa, mas no entanto Truffaut toca nos temas que pretende de forma eficiente e eternamente influente aos romances da geração atual.

Nota: 7.0

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