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domingo, 9 de janeiro de 2011

A Origem (2010)


Se há 9 anos, Cidade dos Sonhos foi um filme que gerou tanta polêmica por se tratar de uma trama que possui uma narrativa muito mal compreendida por muitos e criticada por estes, mesmo sendo aclamada pela maioria. "A Origem" não será diferente, pois apesar de se tratar de um blockbuster cheio de efeitos visuais e de sequências de ação eletrizantes, a história acaba falando mais alto que estes efeitos especiais.

Uma característica notável do longa é que nunca é revelado em que época a trama se passa. Nolan preferiu não entrar em detalhes quanto ao tempo em que tudo se passava, pois era desnecessário e com este recurso, nos abre possibilidades para construírmos nossas interpretações. Alguns pensam que pode ser um futuro próximo, outros podem achar que tudo vai se passar daqui há vários anos, décadas, séculos ou até milênios. Mas concluindo é que não é preciso nos informar em que tempo a trama se passa, pois não vai fazer diferença. Cada um pode concluir com sua própria percepção.

Cobb(DiCaprio) é um ladrão habilidoso que possui um método para invadir os sonhos das pessoas e extrair ideias enquanto elas dormem. Ele e sua equipe são contratados por Saito(Watanabe) que pede para que eles façam o contrário, eles precisam plantar uma ideia.


Já é possível notar que tudo que se passa no universo do filme vai ser algo intensamente surreal. Entrando no mundo dos sonhos que Nolan constrói, percebemos como os efeitos visuais são tão bem utilizados para criar uma narrativa fantástica e nunca irão parecer exagerados quando estão perante a uma incrível história que, sendo original ou não, possui mais recursos invadores em sua estrutura.

Enquanto assistimos ao filme, confundimos realidade com sonhos. Tudo que se passa no filme é uma grande confusão, óbviamente proposital, para que o espectador se mantenha atento aos menores detalhes. A genial ideia de transformar sonhos dentro outros sonhos foi tão bem explorada e filmada, que somos presenteados com algumas das melhores sequências de ação deste ano. O modo de como um sonho começa a interferir em outro é de altissíma criatividade, pois certos sons ou detalhes que ocorrem na realidade são integrados ao nosso sonho e Nolan soube fazer isto de forma impecável.

Quanto às atuações, nada de especial. Todos estão apenas corretos. Se há destaques, com certeza, serão Joseph Gordon-Levitt e Tom Hardy. Mas é claro que as atuações não são o grande forte do filme pois o palco que Nolan monta é o grande protagonista. DiCaprio, pelo menos, se mostrou em uma grande atuação em Ilha do Medo e possivelmente vai receber alguma indicação ao Oscar.


Era esperado que Nolan fizesse brincadeiras com a mente do espectador, por exemplo, eu já esperava que ele fizesse alguma sequência onde nós estaríamos pensando que o que estava se passando na tela era a realidade, mas logo Nolan revela que tudo é um sonho. Porém, dentro dessa cena óbvia, a adição de detalhes conseguiu tornar estas cenas mais profundas quanto sua estrutura. Então, o que já podia ser esperado por muitos será isto e muito mais.

A arquitetura do filme é mais uma vez tão impecável. O modo de como Nolan apresenta a interferência dos personagens para com a estrutura dos sonhos é genial, aliás quantas vezes irei repetir esta palavra? Assim como em outros filmes, Nolan sempre faz de tudo para que obras nunca fiquem na base superficial, não entrarei em grandes detalhes pois não pretendo entregar toda a trama de bandeja.

Novamente, Hans Zimmer volta para fazer a trilha sonora. Zimmer é bastante característico por ser um compositor com um som quase metaleiro. Aqui, ele mostra uma trilha sonora tão elétrica e pesada que me fez fez perceber semelhanças com outra trilha de um longa lançado este ano, "Ilha do Medo". Inclusive, eu noto que os personagens de DiCaprio em ambos os filmes são parecidos quando se trata de sua base psicológica.


Algo que eu esperava ser algo que poderia diminuir a trama foi sua conclusão, seu desfecho. Antes de assistir o filme, eu pensei em um final como aquele que Nolan nos mostrou, mas eu percebo que mesmo assim vi que, mais uma vez, houve uma adição inesperada. Christopher nos entrega uma conclusão não só aberta à discussões sobre seu significado, mas também com teor filosófico sobre nossa existência, então não pude ver melhor desfecho para o filme do que este que nos foi apresentado.
 
 Mais uma vez, o universo fantástico dos sonhos nos é mostrado e, mais uma vez, é executado de forma mais criativa e distinta. Este é, até o momento, o melhor trabalho de Christopher Nolan. Este é, até o momento, o melhor filme de 2010.

Nota: 10.0


Um comentário:

  1. Sim, é mais uma obra-prima de Christopher Nolan, que já se firmou como um dos maiores realizadores do nosso tempo. Grande roteiro, direção, atuações e um show da parte técnica fazem de A Origem um verdadeiro espetáculo. Mas ao contrário do JV, não o acho o melhor de 2010 (Tropa de Elite 2).

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