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domingo, 9 de janeiro de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010)


A cada ano que passa, muitos trabalhos que por mais que sejam até excelentes, não conseguem ultrapassar os limites da criatividade e muitos não conseguem ser irreverentes. Neste ano, tivemos filmes que representaram muito bem este espaço pouco explorado do cinema moderno, longas como A Origem, Kick-Ass - Quebrando Tudo e este Scott Pilgrim Contra o Mundo.

O filme é bem "cool" e faz claras referências à cultura pop antiga e moderna. Não sabia que, por exemplo, havia um passado muito engraçado sobre o Pac-Man onde nos é apresentado com a voz trêmula e baixa de Michael Cera que faz o melhor personagem de sua carreira até agora. O problema é que mesmo estando satisfatório, Cera não consegue ir mais fundo em sua atuação, afinal se Scott Pilgrim é um conquistador, mas passa por uma fase difícil, o ator poderia ter dado uma característica de maior confiança ao seu personagem. Mesmo não conseguindo aproveitar totalmente de seu personagem, ainda fica marcado que é um rapaz que tem futuro no mundo cinematográfico.


Sobre o resto do elenco, não consigo me lembrar de um filme recente que demonstre que todos os personagens de um longa possuam características tão marcantes. Todos os coadjuvantes deixam alguma marca com sua curta ou longas aparições, mesmo que seja necessária a mão ágil da edição do filme.

Mas o protagonista principal, algo que ocorreu em A Origem de Chris Nolan, é o palco que Edgar Wright monta. Este diretor britânico e promissor sabe trabalhar com cenas de humor que utilizam um tipo de transmissão humorística mais voltada à caras e bocas, algo que me lembra o "pastelão", um tipo de humor escrachado e que muitas vezes pode ser alvo de críticas, mas que neste caso possuem um grande motivo para dar certo: o fato de transcrever até a linguagem dos HQs.



Wright faz questão de demonstrar quanto o filme foi dependente da manhas dos HQs, transferindo até as famosas onomatopeias. Fazendo uma comparação com outras recentes adaptações cinematográficas de diferentes HQs, este é o mais divertido e fiel à linguagem. Inclusive, ouvimos durante a projeção do longa: "A HQ é melhor que o filme". Esta piada também é uma demonstração de humildade por parte da equipe de produção do filme, algo raramente feito no mundo das adaptações do cinema ou até mesmo de outras artes.

Coincidência ou não, Kick-Ass foi lançado neste ano também e, assim como este, foi uma adaptação de uma HQ. Porém, o humor negro e politicamente incorreto exagerado não é necessariamente um artefato 100% satisfatório, pois há inúmeras cenas desnessárias, mesmo que seja bom. Mas observo em que ambos os filmes, percebo que tudo se permanece impecável pela parte de montagem(edição) dos filmes.

Neste paragráfo irei escrever sobre a montagem deste longa estabelecendo uma comparação com Kick-Ass. Enquanto Scott Pilgrim permanece numa edição mais constante e exibida, Kick-Ass é um tanto mais discreto em vários momentos, pois percebemos transições match(ou seja, a transformação de um objeto para outro) para trocar a cena. Aqui há transições neste estilo, mas são mais perceptíveis, rápidas, inesperadas e, por que não dizer, eficientes. Aliás, de todos os trabalhos de 2010 que eu assisti, Scott Pilgrim deveria ser o ganhador do Oscar de Montagem.

Comentar sobre o longa sem falar do caráter fantasioso que este contém, não seria uma crítica completa. Afinal, há um exagero à serviço do espaço irreverente que transforma o longa em algo que poderia ser infantil e constrangedor, mas que por conta de nos fazer compreender que é uma linguagem de quadrinhos, nos diverte mais e acabamos por aceitar facilmente que ocorra uma explosão de irreverência. Nunca pensei que figuras tão "magrelas" e de vozes trêmulas como de Michael Cera e de Jason Schwartzman pudessem ser os maiores símbolos de masculinidade do filme. Algo que me cheira a uma paródia a filmes como Rambo, filmes para machos.


Não pude deixar de notar o pequeno uso de um pouco de metalinguagem. Exemplo: o momento em que Scott anda pelas ruas e há 5 Xs nos fios elétricos das ruas, claramente para representar a falta de 5 ex-namorados para derrotar. Aliás, algumas piadas são trocadilhos em inglês, mas não se preocupem, isto é o de menos para se deliciar com este divertidíssimo e criativo longa de Edgar Wright.

Concluindo, assista este filme assim que puder. Este é o trabalho mais irreverente do ano, sem a necessidade de usar piadas de humor negro ou forçadas, um típico exemplo de como histórias bizarras podem se tornar ótimos exemplos de filmes de gêneros não muito comuns.

Nota: 9.0



Um comentário:

  1. Caramba, acho que fui um dos poucos seres do mundo que não conseguiu suportar este filme!

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