Amor, música e Cinema
Quando realizado, inicio dos anos 2000, Moulin Rouge era um desafio para os seus idealizadores e um grande risco para aquele que nele investiram. Numa linguagem já esquecida pelo Cinema contemporâneo (por curiosidade, o último filme do gênero romance musical indicado ao Oscar havia sido produzido no ano de 1979). Só havia uma forma de sobressair: um projeto moderno (ainda que ambientado na Paris do século XIX) e um investimento maciço em sua execução (no caso do longa, 52 milhões de dólares).
Moulin Rouge consagrou-se com várias indicações ao Oscar do ano e é citado hoje por critica e público como uma inovação cinematográfica da década passada e um dos maiores musicais de todos os tempos. Comentado em 10 de cada 10 cinéfilos como referência em termos de musicais, certamente, o longa se tornou referência nas produções do nicho que vieram nos anos posteriores da década de 2000, incluindo o recente e mediano Nine (Rob Marshall).
Naturalmente se existisse uma fórmula para o seu sucesso seria a mesma fórmula apresentada pelos simpáticos boêmios do filme ("celebração da verdade, da beleza, da liberdade; mas, acima de tudo, do amor" ao bom Cinema). O musical definitivamente une todas essas características e não só num conjunto de belas músicas. Em Moulin, as canções fazem parte de uma estória muito bem contada a partir dos registros do personagem Christian (Ewan McGregor) sobre a sua ida a Paris e sobre o seu encontro com seu primeiro amor Satine (Nicole Kidman) no famoso Moulin Rouge. Cativante e em perfeita harmonia em cada ato, a trilha sonora do filme é uma aula de como compor organicamente um musical. De quebra, todas, absolutamente todas as canções, são extremamente agradáveis aos ouvidos em termos de letra e melodia. Neste que foi o predecessor de outros musicais bem sucedidos em termos de trilha como o francês “Canções e amor” e do oscarizado “Apenas Uma Vez”, o legado de canções marcantes conta com os clássicos “Lady Marmalade”, “Your Song” (composta por Elton John) e “Roxanne” ainda hoje executadas mundo a fora.
Além das músicas, um roteiro bem elaborado que seja responsável não apenas por unir as canções, mas fazer dessa união uma estória que fale ao espectador, deixando-o realmente vidrado para acompanhar o desenrolar da trama, era essencial para uma produção de qualidade. Ainda que a estória de Moulin Rouge seja marcada por situações já bastantes conhecidas pelo público, seguindo a velha cartilha do amor impossivel,o longa não deixa a desejar quando expõe em ritmo acelerado situações interessantes tanto do ponto de vista cômico (com destaque as mentiras contadas ao Duque), quanto do ponto de vista dramático, tudo isso dentro de agradáveis 130 minutos de projeção.
A confiança na execução deste projeto que demorou dois anos para ser finalizado é admirável, uma vez que apenas palavras no papel seriam incapazes de provocar um resultado esteticamente belo numa trama de linguagem literalmente teatral transposta para as telas (provinda do resumo de três operas) como a de Moulin Rouge.
A ousadia no pomposo figurino, a esplendida direção de arte, os cortes e os movimentos de câmera deram vida a um roteiro que em outra situação não seria capaz de se sair tão bem, otimizando uma forma de fazer Cinema esquecida há muito tempo. Além disso, o longa é marco de seu tempo, mostrando também uma nova utilização da computação gráfica, bastante avançada para a sua época. Em Moulin, figurino, cenário, som e direção (Baz Luhrmann, de Romeu + Julieta) são realmente de encher os olhos, merecedores dos prêmios e reconhecimento conquistados.
Moulin Rouge ainda trás um elenco afinado com o projeto, encabeçado pela dupla apaixonada Kidman (Os Outros) e McGregor (Transpoitting) que fazem um dos melhores trabalhos de suas carreiras. Todo o elenco de apoio possui personagens caricatos, mas não necessariamente unidimensionais, com papel essencial na trama e ajudando a abrilhantar do inicio do projeto até a cena final do espetáculo, são parte atuante do filme. A ousadia e o sucesso de Moulin Rouge devem ser conferidos como prova concreta de que o sucesso que faz um Cinema transgressor e corajoso não deve sair de moda e não deve parar nunca.
Nota: 8.5
ah, exelente texto. Com certez, "MR" reenvoltou o gênero musical para a década de 2000!
ResponderExcluir[]s
cinegrafia.blogspot.com
Sim Alan, Moulin Rouge revolucionou mesmo o gênero, mas ainda acho A Noviça Rebelde a obra-prima máxima do gênero.
ResponderExcluirMoulin Rouge, como já foi dito pelo Rafael e o Alan trouxe, de volta, toda a magia da música expressa na sétima arte que já existiu. Eu considero o filme o melhor musical da década de 2000, entretanto os musicais antigos, que deram início à junção música + cinema são obras-primas eternas e sobreviveram todo esse tempo. Pra mim o melhor musical é "Cantando na Chuva", porém também sou fã de "A Noviça Rebelde", "Hair" e alguns mais novos como "Canções de Amor" e "Apenas Uma Vez".
ResponderExcluirÀ propósito, ótimo texto!!!
Nossa, tenho que ver Cantando na Chuva [vergonha1]
ResponderExcluirVeja, pq é muito bom!!!
ResponderExcluirVerei sim, shuashua.
ResponderExcluir