Todos os filmes dos irmãos Coen são geniais. Começo esta análise fazendo esta ousada afirmação, isso porque, não é nada além da verdade. Não confundam, os irmãos possuem sim obras menores e menos significativas em suas carreiras, entretanto mesmo sendo pequenos, esses trabalhos são dotados de inteligência e genialidade, isso, por se tratarem de obras peculiares aos olhos do cinema, sejam com humor ou tragédia, os elementos que os Coen inserem aos seus feitos são relevantes e poderosos.
As obras deles incrementam sátiras mordazes aos clichês, e presenteiam-nos com trabalhos inteligentes e ao mesmo tempo imprevisíveis. Queime Depois de Ler não é diferente, trata-se de uma das comédias mais poderosas destes últimos anos, isso porque, o artifício que aqui foi usado serviu perfeitamente para o desenvolvimento da trama, uma crítica (satírica) aos filmes de espionagem. O propósito maior na criação deste era de construir uma película tragicômica sobre pessoas comuns que se envolvem com algo maior que sua compreensão - Isso, claro, sem perder o bom humor e a irreverência.
Primeiramente temos um roteiro coeso, muito bem elaborado e conecto. A trama envolve a história de Osbourne Cox, que após se demitir de seu cargo na Cia, em decorrência de seus problemas com o álcool, decide por escrever um livro relatando segredos governamentais. Após saber disso, sua mulher rouba estes arquivos para usar contra ele no processo de divórcio. Porém estes documentos acabam parando nas mãos de dois funcionários de uma academia, que com isso resolvem chantagear o mesmo. Então, para resolver este caso é chamado o agente Harry, que por acaso é amante da mulher de Cox e relaciona-se (virtualmente) com Lisa, uma das chantagistas.
O enredo confere ao filme uma criatividade particular, pela forma como tudo em cena é conecto (e desconecto) e pelo elementar desenvolvimento daquilo tudo, muito bem encaminhado até seu ato final. O filme é dotado de ironias, como pôr estrelas consagradas do meio cinematográfico encaixadas em personagens e estúpidos e inconseqüentes. Nisso encontra-se os gracejos da produção, em transformar seriedade em comédia e constituir com isso um humor com cérebro, como poucos atualmente.
Algo muito interessante é que a produção conta com artistas renomados neste meio, e estes (surpreendentemente) desempenham papéis impagáveis com suas performances divertidas e eficazes. O maior destaque é Brad Pitt, com um dos personagens mais estupidamente cômicos destes últimos anos, responsável por cenas de morrer de rir. Seguindo a trilha temos em grande desempenho, George Clooney com seu personagem deliciosamente clichê e divertido, junto com o bom trabalho de Frances McDormand John Malkovich e companhia.
Queime Depois de Ler foi uma grata surpresa, no quesito geral desta palavra. Primeiramente, porque com a chegada e sucesso de Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Man, 2007), não se esperaria uma obra tão inteligente e qualificada dos cineastas por certo tempo. Eis que no ano seguinte, o filme tornou-se um presente completo, principalmente por ser mais um grande exemplar de um gênero tão desgastado. Os Coen voltavam às telas com seu humor ácido e digno de palmas.
O maior “porém” encontrado em Queime... seria justamente sua falta de maiores ambições, os pontapés da trama são dados pelos seus frames de humor negro e da sátira ao homem e a sociedade (acompanhado dos personagens, é claro). Isso fora abordado de forma mais relaxada (dando mais ênfase ao sarcasmo), o que tornou o filme um grande trabalho, porém com menores projeções do que poderia alcançar.
A comédia dos Coen não é voltada a todos os públicos. É bastante seletiva na verdade. Proporciona risadas impagáveis a alguns, e a outros, o filme pode não extrair sequer um sorriso amarelo. Mas este é o cinema dos irmãos, principalmente tratando-se do humor, os trabalhos deles são atípicos, pois diferente da maioria do gênero, eles põem graça as cenas explorando o máximo das situações, sempre com inteligência e destreza.
Enfim, Queime Depois de Ler é isso. Mais um trabalho poderoso repleto do humor negro impagável dos irmãos Coen. Mostrando seu grande valor dentro do gênero comédia, e principalmente, provando que é mais que digno seus reconhecimentos perante o público e todo o cinema.
Nota: 8.0
Definiu tudo, Júnior. "Geniais" é o nome do meio dos Coen. Filme brilhante!
ResponderExcluir