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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Deixa Ela Entrar (2008)


Desde 1897, quando o escritor Bram Stoker entregou ao mundo um dos mais famosos personagens da história, sua criação foi com o passar dos anos foi sendo adaptada de diferentes formas e, eventualmente, seguindo a tendência de cada época em que era modificado. O romance Drácula deu origem a uma criatura famosa em todo o globo que surgiu através das páginas de um livro e hoje, ganha conhecimento através de mitos, lendas e do próprio cinema.

Os vampiros são um famoso objeto de uso para qualquer universo lingüístico, desde a literatura às artes, sendo modificado a cada nova adaptação feita e a cada nova idéia surgida. Entretanto, mesmo com inúmeras leituras sobre está criatura mitológica, é cível que o vampiro nunca perdeu e nunca perderá sua aura de mistério e assombro, não importa como moldem sua imagem, a idéia original do vampiro nunca será mudada. Eis que mais de um século desde sua “aparição”, temos neste novo milênio uma digna adaptação a este ser, mantendo suas características mais primitivas e o homenageando.

Deixa Ela Entrar é um filme sueco dotado de uma narrativa delicada e assombrosa que conta a história do introspectivo Oskar, um garoto sensível que sofre bullying de seus colegas de escola, porém em sua vida chega a misteriosa Eli, sua vizinha, que lhe despertará o amor e o instinto de vingança. Porém com a convivência o garota passa a perceber que ela é na verdade um vampiro. Esta fábula nos remete a história do trágico amor de Drácula e Mina, no longínquo século XIX, porém a narrativa moderna de Deixa Ela Entrar constrói com esta época um elo ainda maior, isso pois o que vemos florescer na tela é um puro romance entre dois jovens, onde cada qual ensinará ao outro lições e um modo de vivência.

Em sua narrativa Deixa Ela Entrar torna-se divergente a maioria (deste subgênero ou não) isso porque desenvolve-se de maneira delicada e lenta, soando mais como uma poesia encenada que um filme. Este torna o filme paralelo ao gosto e apreciação de todo o tipo de público, é um conto de fadas de horror que possui uma maneira tão lírica e peculiar de contar sua trama que, definitivamente, não entrará no bom conceito de todos. Isso é uma das características mais emergentes em Deixa Ela Entrar, pois suavemente a película desenovelou sua trama, sem pretensiosismos infundados ou técnicas manipuladoras. Não. Este foi um dos quesitos mais reconhecidos aqui, ser grande sem tentar ser grande.



Outro ponto a destacar-se é a ótima construção de seus personagens, em destaque o problemático casal protagonista; Oskar monta através de sua personalidade todas as dificuldades de seu estágio de idade, transpirando os problemas e as confusões que se passam na mente de um pré-adolescente; Eli, por sua vez, mostra-se como uma adaptação moderna, porém fiel a imagem original do vampiro, sempre misteriosa, fria e instintiva, porém mostrando seu “lado humano” através do afeto que construiu pelo menino.

Deixa Ela Entrar é dotado de metáforas e simbolismos presentes ao decorrer de seu desenvolvimento. Primeiramente, temos no garoto Oskar, o fruto de todas as questões e situações que transitam na mente da fase mais confusa de nossas vidas, e ele serve também como resultado dos danos psicológicos decorrentes do Bullying e do afastamento das figuras paternas. Eli, mesmo sendo uma vampira, é o símbolo da solidão e da exclusão de quem é diferente perante a sociedade, especialmente sobre a aura juvenil que ela carrega consigo.

Mesmo se ambientando em um universo adolescente, Deixa Ela Entrar será recomendado a todos os públicos, isso porque, mesmo situado em um ambiente adolescentes, e tendo estes em sua composição principal, o filme possui um alto teor de violência, pois como já relatei a princípio, estamos diante de um filme que preserva a verdadeira e original imagem do vampiro, sangrento, faminto e implacável.

Há muito a se enfatizar em Deixa Ela Entrar, desde a mixagem entre sua composição lírica e seu grau de violência, tornando-se belo ao mesmo tempo em que é repulsivo, esta é uma qualidade encontrada pelo filme para causar uma ode das mais variáveis sensações enquanto lentamente os sangrentos 115 minutos de duração fazem uma rotação ímpar entre a pureza e a violência, fazendo com que o filme penetre mais e mais em nossos sentidos e, conseqüentemente, em nossa mente.

Deixa Ela Entrar é um símbolo atual que mantém viva a memória da criação de Bram Stoker. Grandiosamente dirigido e belissimamente interpretado. Atmosférico, denso, cruel e fascinante. Estes são os adjetivos mais “palpáveis” para descrever a experiência proporcionada por esse originalíssimo trabalho. Deixa Ela Entrar é bem vindo ao espectador que preze por um trabalho dotado de qualidade e inovação, sendo assim, este sem dúvidas irá fasciná-lo, aterrorizá-lo, e melhor de tudo, saciá-lo.


Nota: 8.0


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