Olhando para os lados, percebo que tudo está cinza. Está morto. O mundo está acabando, seja por previsões climáticas ou por um aviso bíblico, e o apocalipse chega a nossos olhos. Sobre está definição pós-horror encontre-se A Estrada, um filme que direciona seu foco a uma intensa jornada de pai e filho em meio a uma ilustração em grafite sobre o mundo pós-apocalipse. O filme não se atém a contar somente a história “do fim”, mas sim criar uma ótica de dois seres humanos que em meio ao caos e a destruição, vão amadurecendo e desenvolvendo ainda mais seus laços afetivos.
Mesmo que mantenha uma premissa interessante, A Estrada possui mais defeitos que qualidades, pesando contra ele de um lado oposto da balança. Durante toda a sua narrativa o filme não imprime qualquer vitalidade, o que o torna gradualmente arrastado e até deveras cansativo. Paulatinamente, à medida que o pai e o filho tornam-se mais cúmplices, a viagem deles por toda a America dilacerada torna-se mais fadigante, isso porque, o cenário esfumaçado pouco adere à trama, ao contrário, aos poucos vai sendo mais e mais cansativo, bem como toda a idéia de ângulo apocalíptico.
Durante toda a trajetória de pai e filho somos apresentados por uma relação terna, que ao decorrer de sua duração vai se tornando mais enriquecedora para ambas as partes, entretanto toda essa mensagem forte de amor e companheirismo esconde por trás um roteiro teoricamente simples e planificado que pouco avança e muito contorna. Isso mesmo. Podemos destacar sua atmosfera pesada, não apenas pelas imagens e a ambientação, mas sim por esta climatização densa não ajudar a trama a engrenar-se (não atropelando os fatos) e a agregar mais seu público numa história verdadeiramente instigante.
Mesmo utilizando um pano de fundo esfumaçado e caótico de pós-apocalipse, A Estrada não é um filme “sobre” o assunto. Esse ângulo de “fim dos tempos” não cabe ao filme em questão, pois aqui o que realmente importa é a caminhada física e emocional dos dois seres, seja sobre um cenário destruído ou sobre um belo dia de sol, o que importa realmente é como aquela migração atingirá suas personalidades e suas alavancas para o aprimoramento, e como em todo o caminho existem pedras, foi preferido escolher aquela ambientação como as provações que ambos passariam, servindo como uma metáfora dos problemas que enfrentamos para concluir nossos objetivos e por fim, uma visível advertência ambiental.
Quanto à motivação de toda a trama, respectivamente a união entre o homem e o garoto, podemos notar semelhanças – ainda que poucas – com o belíssimo trabalho de Sam Mendes em Estrada Para a Perdição, pois mesmo com sua perseverança e produção elevados, A Estrada tornou-se apenas uma sombra do que o filme de Mendes alcançou, não só em patamares cinematográficos, mas também níveis emocionais fortes e num ângulo geral, pois a mensagem neste se torna planificada e plástica se compararmos com o filme de 2002.
Entretanto, A Estrada possui predicados que o fazem um qualificado entretenimento para o público, pois, como todos sabem, no cinema, as previsões do fim sempre renderam frutos e mais frutos para seu prisma comercial, não é de hoje que a imagem do desfecho da terra trouxe consideráveis retornos lucrativos para o meio, e, para seus realizadores. E mesmo não mirando nesta premissa, será agradável para os mais adeptos a esta temática observarem a noção do diretor iniciante John Hillcoat sobre os acontecimentos derradeiros, de uma forma mais precisa, fazendo contraste com a megalomania de Roland Emmerich.
A Estrada erra mais que acerta. Passando por seu exaustivo cenário, sua narrativa seca e seu desenvolvimento arrastado. Em suas virtudes imperam, basicamente, sua interessante premissa e sua mensagem central sobre a relação riquíssima entre um pai e seu filho. Entre erros e acertos, A Estrada desaponta por suas falhas primárias, que aos poucos vão comprometendo mais e mais a produção. E, infelizmente, para uma produção tão comentada e elogiada quanto, o resultado final ficou no meio do caminho.
Nota: 5.0
Achei um belissimo filme. Meio arrastado, realmente, mas ainda assim, um lindo conto sobre a sobrevivência e a esperança.
ResponderExcluirGostei desse filme, me surpreendeu. Bom roteiro que trabalha com tema difícil, aliás em evidência, e poucos personagens.
ResponderExcluirhttp://acervodocinema.blogspot.com
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