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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Frost/Nixon (2008)


O melhor filme de Ron Howard. Começo este comentário com esta ousada afirmação. Isso porque, desde o que temos ciência de sua filmografia, resumem-se em sua maioria a obras limitadas e outras voltadas apenas para aspecto comercial. Dentre todas as suas criações, Frost/Nixon é a que possui maior poder e relevância histórica e cinematográfica, não apenas por relatar um escândalo político que marcou lugar na história americana, mas por mostrar verdadeiramente Richard Nixon, o homem por trás de tudo aquilo, sem em nenhum momento parecer tendencioso ou apelativo, mas sim uma construção honesta e verossímil de todo o cenário político.

Até 2008, o ápice que o cineasta havia chegado a sua carreira fora em 2001 com o premiado Uma Mente Brilhante, entretanto neste filme Howard apresenta um material diluído pelo apelo comercial a qual a produção o submeteu, resultado, o filme recebeu o prêmio máximo da academia no ano de 2002, e mesmo com outros indicados mais gloriosos, Uma Mente Brilhante foi o mais elogiado e aplaudido até então. De volta à disputa pelo prêmio principal da noite, Ron Howard parece ter amadurecido durante este período de tempo, pois Frost/Nixon além de confirmar uma qualidade cinematográfica superior ao filme de 2001 consegue ser um grande passo acima que Howard dá em sua filmografia, e convenhamos, isso quer dizer muita coisa.

A história é uma narrativa verídica, três após o escândalo do caso Watergate, onde Richard Nixon, depois de renunciar o cargo de presidente e passar muito tempo calado sobre o assunto, cede uma entrevista a David Frost, um apresentador de talk shows, eis que a partir do início da sessão de entrevistas, temos um embate instigante, onde acompanhamos avidamente uma batalha inteligente e perspicaz de dois homens se enfrentando diante das câmeras, luzes e dos espectadores americanos.



A batalha de Frost e Nixon acontece não apenas através da câmera do grupo responsável pelas entrevistas, mas também sobre as lentes da câmera de Ron Howard, onde temos atuações brilhantes de um elenco primoroso, em Frank Langella e Michael Sheen disputam tanto em tela, quanto na grandiosidade de suas interpretações. Nixon e Frost. Langella e Sheen. Duelos implacáveis, de personalidades grandes, guiados sublimemente por todos os poderosos 122 minutos de duração.

Frost/Nixon possui uma narrativa instruída para nós por quem viveu e presenciou tais fatos, pois a sua estrutura é quase um documentário de teor político, mas sobre uma visão do homem por trás do título, onde Richard Nixon nada mais é que um homem que errou e tenta mostrar seus (controversos) pontos de vista sobre sua falha na administração da nação. É isso que o filme mostra, não julgando em momento algum as atitudes dos personagens, mas sim relatando os fatos e deixando a nosso cargo o poder da conclusão.

Frost: "– Certo. Espere, só para eu entender melhor, está me dizendo que em algumas situações, o Presidente pode decidir quando algo é interesse da nação e quando é ilegal?
Nixon: "– Estou dizendo que quando um Presidente o faz, não é ilegal."


Mesmo tendo seu reconhecimento eclipsado por produções relativamente menores em seu ano, Frost/Nixon consegue imprimir com maestria uma análise política concreta, em uma disputa de interesses onde os espectadores não são apenas a platéia, mas toda uma sociedade testemunha e vítima da corrupção e de outras barbáries no meio político.

Frost/Nixon utiliza de uma série de entrevistas para conduzir um embate histórico, guiado em tela por duas personalidades perspicazes e um par de atuações fenomenal. Howard molda um filme engenhoso, que põe em discussão, através de um acontecimento passado, os rumos políticos atuais. Por fim termino meus argumentos, com a mesma afirmação que fiz logo a princípio, pois estamos, definitivamente, diante do melhor filme de Ron Howard.

Nota: 9.0

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