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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Jogos Mortais (2004)

foto de Jogos Mortais

As luzes se acendem. Meus olhos doem, estive muito tempo no escuro. Não sei onde estou, mas meu nariz não aprecia o odor do local. Ao recompor meus sentidos, percebo que estou acorrentado, preso num lugar desconhecido, especificamente, um banheiro. O medo e a tensão tornam-se crescentes e cortantes, então, ao ouvir uma voz, percebo o motivo de estar ali. Estou num jogo.

Em um período incerto de tempo, algumas surpresas aparecem no cinema sem prévio aviso, e trazem consigo um novo combustível ao seu gênero, um presente bem vindo a todo o público e por fim, uma assinatura de seu nome na história. Seja em maior ou em menor grau, alguns filmes surgem no mercado com um propósito a mais que o de proporcionar entretenimento planificado, e sim mostrar algo a mais ao público, não necessariamente algo totalmente inédito, mas sim algo diferente, algo, por assim dizer, especial.

Embarcando em uma climatização claustrofóbica onde reinam o pavor e o pânico intensos, Jogos Mortais torna-se umas das maiores e melhores surpresas do ano de 2004, calibrando ainda mais seu gênero (adormecido desde “Seven”), e registrando sua fama perante a crítica e os espectadores. Um fator decisivo a culminar no sucesso de Jogos Mortais é o deste não ater sua trama aos padrões e aos convencionalismos, desde perseguições frustradas ao “misterioso” homicida a um roteiro de investigação sem qualquer esmero. O filme ultrapassa essas proporções pedestres e alça seu poder mais além, apresentando-nos a uma proposta ousada, eficiente, e original, em meio à baixa média atual.

De início, somos apresentados a uma estranha cena, onde dos homens aparentemente desconhecidos acordam num banheiro sujo e deplorável, cada qual preso em um extremo do lugar. Entre eles dois encontra-se um homem morto e a seu lado um revolver. Tudo parece sem qualquer nexo, mas então, dão-se conta que estão sendo testados por um lunático assassino, pouco a pouco pistas vão sendo descarregadas para estes conseguirem se safar do jogo, e a medida que isso ocorre, vão se dando conta do porque daquilo tudo estar acontecendo.

foto de Jogos Mortais

Propositalmente foi preferido ambientar a maior parte da trama em um banheiro. Aquele lugar úmido e fétido proporciona a Jogos Mortais uma aflição particular, muito superior as sensações enlatadas dos filmes de terror atuais. A atmosfera relembra o espectador os thrillers clássicos, onde o assassino sempre possuía suas vítimas na palma da mão, não se atendo a planos e armadilhas estapafúrdias, mas sim criando um cenário de horror e sangue original e completamente impactante. Jigsaw: O nome deste assassino ganhou fama com à medida que o nome Jogos Mortais era mais e mais enaltecido, e hoje, este figura como um dos grandes vilões desta última década.

O fator “X” que distingue Jogos Mortais (1) da média dos suspenses policiais contemporâneos é justamente os elementos que o mesmo emprega para criar em seu espectador um clima inquietante de tensão, e ao mesmo tempo, conseguir ser engenhoso e singular, marchando bem até culminar em seu implacável e surpreendente desfecho, onde damo-nos conta que presenciamos não apenas um mero suspense corriqueiro, mas sim um grande filme, que mesmo não sendo uma obra prima, consegue acertar em todos os alvos que direcionou.

Por fim, só tenho a dizer que toda a criatividade e a astúcia de Jogos Mortais renderam a ele um status a qual sua fama e imagem tornam-se enaltecidos e bem vistos. Entre todos os problemas causados por suas seqüências mal realizadas, o primeiro capítulo de Jogos mortais permanece intacto aos posteriores, não só pela sua superioridade em termos cinematográficos, mas por sua coragem e ousadia, que resultaram em algo não muito corriqueiro para o cinema, um suspense de altíssima qualidade.

Nota: 8.0


Um comentário:

  1. Um excelente suspense, um quebra-cabeça realmente muito bom. É uma pena mesmo que as continuações tenham ser perdido tanto.

    Detalhe: parei no 3°, nem quis ver o resto.

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