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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Bravura Indômita (2010)



Que os Coen são geniais, isso é indiscutível. Que os Coen são exímios narradores de histórias, isso é indiscutível. Que os Coen conservam um altíssimo status perante o cinema, isso é indiscutível. Que os Coen podem conciliar a inteligência ao entretenimento e render uma grande soma de bilheterias isso é... Sim, isso é possível, pois estes cineastas não são famosos pelo retorno lucrativo que providenciam, mas sim pala criatividade que imprimem a cada obra, destilando a estes elementos pessoais de suas carreiras e, eventualmente, aderindo uma qualidade particular a cada filme realizado. De tempos em tempos o resultado do trabalho dos irmãos rende bons frutos lucrativos, tendo em vista principalmente que os dois são cada vez mais bem visto pelo cinema e, conseqüentemente, para todo o público.

O maior exemplo desta conexão entre o talento dos irmãos e sua característica rentável aconteceu com o lançamento da aguardada leitura dos Coen pela obra literária de Charles Portis. Bravura Indômita trouxe consigo uma corrente de expectativas daqueles que imaginavam este como o maior e melhor filme dos irmãos e claro, para os que (assim como eu) admiram o belo trabalho da dupla. Com uma ambientação precisa e uma climatização em cenas e passagens que nos remete ao famoso western norte americano, Bravura Indômita tornou-se um maior sucesso de bilheteria dos irmãos, arrastando muitos ao cinema e fisgando para si inúmeras críticas positivas.

Entretanto, o trabalho mais aguardado dos irmãos Coen não possui os elementos mais prezados de suas carreiras que os fazem ganharem o adjetivo de “geniais”. Em Bravura Indômita eles foram mais convencionais do que se imaginava, este não possui as qualidades que mais estimamos no trabalho dos irmãos. Falta originalidade. Falta criatividade. Conseqüentemente falta o espírito Coen em quase tudo. Mesmo aqueles que apontam a causa disto ser pelo filme tratar-se de uma adaptação a um romance literário, eu retruco, pois mesmo com uma matéria-prima de papel, os Coen firmaram êxito no premiado Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Man, 2007), onde também ambientarão sua história em uma climatização de velho oeste americano, e utilizaram uma frenética perseguição (ainda que diferente a deste filme) como ponto de partida.

O elenco escalado para viver esta história canalizou na história em si, uma presença mais relevante, passando por uma boa performance de Matt Damon ao grande destaque da pequena Hailee Steinfeld vivendo a obstinada Mattie, que busca a todo custo à vingança pela morte de seu pai. Porém, o que fez todo o público voltar os olhos para cá foi Jeff Bridges que aqui vive o protagonista da trama, fazendo um páreo com a interpretação de John Wayne na primeira adaptação para o cinema em 1969. Bridges não corresponde a tanto alarde, tendo em vista que ele esteve eclipsado pela performance da garotinha Steinfeld, que carregou com talento um personagem difícil e fez valer sua indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.


Primeiramente, mesmo não tendo lido a obra original, tenho a dizer que o material esteve, desde o principio, muito planificado para as mãos dos irmãos, isso porque, durante toda a projeção há pouquíssimos resquícios de que aquele se trata de um filme da dupla, pois diferente dos demais trabalhos, os nomes “Joel e Ethan Coen” não são de muita valia quando percebemos que aquele filme não possui a força que deveria obter, e não consegue cativar como os Coen de outrora. A isso não se deve em problemas de estética, já que neste quesito o empenho e as qualidades do filme se mostram em evidência, mas sim no roteiro onde temos uma história de vingança seca e planificada que, durante todos os seus 110 minutos de duração, não consegue extrair emoção ou envolver o espectador como deveria.

Mesmo sendo direcionado a uma caçada obstinada a uma caçada visceral ao responsável pelo frio assassinato do pai da garota, o filme em alguns momentos desvia-se de seu foco para mostrar as relações crescentes entre Cogburn (Bridges) e a garota, onde voltamos a partida onde prezaram mais pela qualidade externa que para um melhor trabalho no roteiro. Primeiramente porque Bravura Indômita não é um filme que se atenha a sentimentos (a não ser unicamente a vingança), assim sendo ele por sua vez torna-se frio demais na conexão para com o público, a carga dramática não é tão intensa, bem como a presença dos Coen não é tão evidente. Essas e outras falhas reduzem o que este filme tinha a apresentar, e tendo em vista os envolvidos no projeto e ao alarme que estava recebendo, o filme ficou aquém do que prometia.

Não sei este seria o "mal das expectativas", ou simplesmente mais um trabalho mediano surgindo e decepcionando por se tratar da dupla de cineastas mais geniais e originais destes últimos tempos. Provavelmente só o tempo dirá isso, e por enquanto este é Bravura Indômita, um filme tecnicamente belo, mas emocionalmente sem espírito.

Nota: 6.0


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