
Sabe-se muito (pouco) sobre o sentido da nossa existência. Desconhecemos muito do tempo que nos precedeu e sabemos verdadeiramente pouco sobre o futuro que nos espera (ou não) para além da vida. A dimensão onírica talvez seja o momento que estamos mais perto de nos aproximar do transcendetal. Nesse intervalo em que estamos, há uma infinidade de perspectivas, possibilidades e interpretações. Nolan vem com o seu novo filme “A Origem” para suscitar essa temática extensa em complexidade, e por meio do seu blockbuster-inteligente, oferecer um aporte reflexivo para o público a respeito do tema.
Optando por um inicio claramente introdutório e didático em suas explicações, mas sem com isso judiar da compreensão do espectador, Nolan apresenta ao espectador exemplos e diálogos inspirados a respeito da motivação em invadir os sonhos alheios que instiga o trabalho do grupo encabeçado pelo protagonista Dom Cobb, vivido por DiCaprio, um dos maiores de sua geração, em composição tão magnifica quanto a conferida Teddy Daniels, em A Ilha do Medo. Muitos apedrejam "A Origem" por ser didático demais e por não explicitar como a humanidade chegou a tal nivel de desenvolvimento tecnológico que a permitiu invadir sonhos. Esses mesmos esquecem que o recorte da realidade apresentada por Nolan, indicado ao Oscar pelo seu brilhante roteiro, já é suficientemente complexa para um blockbuster comum.
Agora, vamos falar dos sonhos. A principio, no “primeiro nível do sonho de Nolan”, os personagens que coordenaram a incursão em um sonho do herdeiro de um grande império empresarial (vivido por Cillian Murphy. ótimo) são de suma importância.
Ariadne (Ellen Page) faz as vezes do espectador e pouco a pouco desvenda, utilizando-se literalmente das perguntas do público, os mistérios e as regras do jogo que envolvem o conceito rico do onirismo que permeia “A Origem”, que mesmo não sendo tema inédito no Cinema, surge com um frescor e uma complexidade num nivel satisfatório para os fins da obra, lembrando de certa forma o maravilhoso “Campo dos Sonhos”, que trabalha em uma perspectiva semelhante.

Sobre as atuações, além das citadas, destacam-se duas participações: Joseph Gordon-Levitt (Mistérios da Carne, A Ponta de um Crime) e Marion Cotillard. Aquele faz um trabalho excepcional, merecendo seu papel de destaque numa grande produção. Seu perfil sério e compenetrado no trabalho ajuda a criar a essência e a veracidade das possibilidades que “A Origem” propõe para o mundo dos sonhos, contribuindo para que o espectador acredite fortemente nas motivações e na execução da operação de invasão de sonhos. Vale citar também o trabalho de Cotillard, que já havia demonstrado talento apurado em seus trabalhos anteriores (Piaf – Um Hino de Amor, Um Bom Ano), e agora vem retratar com um belo figurino de femmefatale, a mulher confusa (?) de Dom Cobb. A película conta também com participações de Ken Watanabe (O Último Samurai), Michael Caine (Regras da Vida), Tom Berenger (Platoon) e Cillian Murphy (Ventos da Liberdade) que, apesar de menos expressivas, em hipótese alguma soam dispensáveis á trama.

(SPOILER - a partir daqui, leia apenas se assistiu ao filme) Nolan demonstra que acordado ou dormindo, o homem sempre será um sonhador, projetando a sua própria existência na tentativa de entender a si mesmo, na busca por quebrar os limites de sua própria inteligência e também alcançar a sua satisfação interior, a paz. “A Origem” magistralmente usa da inquietude da moral humana para condensar as questões transcendais e oníricas em um único momento, deixando ao público mais do que uma pergunta, uma decisão o totem parou ou não de girar?
Nota: 9,0
* em homenagem ao amigo Daniel C.
Trailer do Filme
Muito bom, mas eu daria 9.5, porque fiquei meio puto com o lance do totem! hahah
ResponderExcluirE bem lembrado, a Marion entrou muito bem, lindíssima, mas não tem como não destacar a BRABA do Joseph =P
abraço
(e muito obrigado pela homenagem, Peu =D)
Haha, eu achei o lance do totem no final genial, me deixou intrigado.
ResponderExcluirE concordo, Marion tá divina mesmo *___*