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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004)

Charlie Kaufman é um dos roteiristas mais brilhantes e insanos do cinema. Responsável por preencher nossa mente com dúvidas a cada filme em que assina o roteiro. Kaufman ao mesmo tempo em que implanta complexidade as suas obras, confere a estas igualmente um poder significativo perante a arte e o público. Com Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças ele mescla, através de uma história de amor, sua criatividade somada a sua loucura, resultando em um dos filmes mais encantadores realizados nessa última década, e no cinema em geral.
Mesmo tratando-se de uma jornada psicológica confusa e estranha de um homem na tentativa de reparar o seu erro, o filme consegue agradar o público que mantenha sua percepção sensorial e mental, ativas e abertas às teorias da trama criada e intricada por Kaufman. Em toda a sua duração, o filme se adéqua a uma narrativa incomum e cronologicamente inexata, o que aumenta minha ênfase de que espectador deve manter a mente e sentidos em conexão para apreciar em totalidade o filme.

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças narra a história de amor entre Joel e Clementine, que aos poucos passa a dissolver-se em meio a brigas, discussões e divergências. Clementine decide por fim romper este relacionamento, eis que então ela inicia um tratamento numa clínica especializada em apagar (por completo) as pessoas indesejadas da mente. Joel, triste pela atitude de Clementine, decide por fazer o mesmo e deletá-la da mente. Porém, em meio a operação de extração, ele passa a analisar seus momentos juntos dela, e acaba por descobrir que não deseja excluí-la de sua memória, e sim preservá-la, tanto em sua mente quanto em seu coração. Então dar-se início a jornada de um homem dentro de sua mente, para não esquecer a maior dádiva que a vida lhe proporcionou, Clementine, seu verdadeiro e único amor.
A força do filme não encontra-se apenas na complexidade de seu roteiro, mas também na sensibilidade que este nos remete, fazendo-nos testemunhas do quão difícil é a jornada de um apaixonado em busca de reparar seus erros. Os protagonistas da trama não se encontram numa linha tão paralela a nossa, isso porque, Joel e Clementine são como um casal normal, de problemas e desilusões corriqueiras, mas que por fim, completam-se de forma forte e ímpar. O meridiano que o filme traça nos faz analisar e observar que mesmo sobre um realismo fantástico, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças aborda questões humanas corriqueiras ilustradas em situações improváveis. Afinal, quem nunca se arrependeu por uma atitude, e quis correr atrás para reparar seu erro? Quem nunca quis esquecer alguém por algum problema que a mesmo lhe causou?

Kaufman realiza, junto com Michael Grondy, uma obra fantástica sobre arrependimentos, falhas, mas, sobretudo sobre a importância do amor. Além serem responsáveis por uma obra de profundidade, eles extraem de Jim Carrey (talvez, na melhor interpretação de sua carreira) e Kate Winslet atuações magistrais, aderindo força a seus personagens, a trama, e conseqüentemente, ao filme como um todo. A produção transmite força em todos os seus quesitos a uma parte técnica competente, uma direção eficaz e um roteiro sensacional.

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças é uma viagem colossal, sentimentalmente e psicologicamente, sobre as chances que a vida nos dá, seja para montarmos uma nova perspectiva da mesma, ou reparamos as falhas cometidas. Lindo, inteligente, realista e ao mesmo tempo fantasioso. Uma ode de sentimentos e devaneios que resultam num intenso e poderoso longa cinematográfico. Ao contrário de seu título, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças permanecerá definitivamente não apenas na memória de seu público, mas também na história geral do cinema.

“Feliz é a inocente vestal!
Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança.”

(Alexander Pope)

Nota: 10.0


Trailer do Filme

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