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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei (2010)


A abordagem de temas como amizade e que utilizam os mais diversos estilos de conexões humanos(ou não, vide Free Willy) resultam em obras batidas ou favoritos de "Sessão da Tarde". Entretanto, temos aqui um exemplo muito diferente deste típicos filmes água com açúcar que vemos por aí. O Discurso do Rei é uma obra muito elegante e que consegue impressionar por trazer uma história que, vista superficialmente, seria nenhum pouco interessante. Acontece que quando se encontra nas mãos de uma equipe bem mais que eficiente, se torna uma obra maravilhosa e que quase foi uma obra prima, não fosse por questões dos acontecimentos reais.
Centrando-se em um período "pré-Segunda Guerra Mundial", somos apresentados Príncipe, Duque de York e, futuramente, Rei George VI (Colin Firth) que passa por problemas de dicção que acabam com sua intensidade nos pronunciamentos ao povo. Passando por vários fonoáudiologos que não conseguiram curá-lo, o rei perde as esperanças de se curar, mas sua esposa, a futura Rainha Elizabeth (Helena Bonham Carter) conhece Lionel Logue, um terapeuta em discursos, que parece conseguir algum efeito para ajustar o discurso do rei.

Sob a mão elegante de Tom Hooper que adora fazer close-ups e tomadas pouco convencionais (observe os tipos de posicionamentos de câmeras que ele utiliza no primeiros diálogo do Rei George VI e de Lionel Logue), o longa apresenta uma trama que centra em um conflito drámatico que, veja ironia, se encontra muito maior na visão da nobreza do que a Segunda Guerra Mundial estava por vir. A originalidade se encontra no fato de ser uma narrativa que foca pouco na guerra iminente para centrar-se em uma trama interna na vida de um nobre com um problema aparentemente banal e desinteressante.

Por meio de uma intensidade que é duplicada, vemos as medidas tomadas para deixar que a trama fique em um nível de toque com o espectador tão grande para deixá-lo verdadeiramente tocado com a luta do Rei em tentar consertar seus problemas com a voz. Acontece que, por tentativas claramente compreensíveis, a trama acaba por utilizar situações clichês para atingir a meta de levar o público a ficar envolvido com a trama. Ou seja, ao contrário do que disse ao comentar sobre Desencanto, o longa usa recursos batidos para fluir a história e até apresentar-nos outras sacadas que redimem o uso de clichês.

Os personagens são um dos grandes pontos altos do filme quando se trata de envolvimento. O fato é que a gagueira do Rei George VI não é o único ponto a ser estudado, pois se trata de uma dissecação da vida do Rei para mostrar que seu problema com discurso é um pano de fundo que resultou de dramas de infância e um amostra de que, nem sempre, a nobreza é tão esnobe como mostrada em filmes fracos (exemplo de Assassinato em Gosford Park). Entretanto, mais uma vez isto se torna um clichê necessário para manter o interesse dos espectadores para com a vida dos personagens e, querem saber, funciona! Clichês que soam bem e verdadeiros quando temos atores brilhantes em atuações inspiradissímas.

Cheio de insights, Colin Firth tem uma atuação de fala e movimentos. Observem a quantidade de movimentos faciais ele executa para manter sua gagueira não somente na fala, mas nas expressões que possui. É visível que suas indicações a diversas premiações não foram puro marketing. Geoffrey Rush é um ator que eu admiro desde seu memorável Cap. Barbossa em Piratas do Caribe, encarnando o terapeuta em discurso Lionel Logue, se torna claramente teatral a maneira como há um jogo de cena toda a vez que ele e Firth estão em cena, os dois mais parecem duas metades que se completam em jogos de falas e movimentos hilários e muito bem conduzidos.



Tratando-se da parte técnica, notável a maneira como os momentos que se passam em cenários exteriores sempre são nublados, cinzas e dão a noção de frio, provável que seja a ênfase que Hooper deseja dar ao medo do Rei do público. A direção de arte é muito bela e fiel a época em que se passa, já porque se localiza em vários momentos em cenários interiores e necessitam de uma decoração que consegue nos convencer de que a época retratada são os anos 30.

Mesmo não possuindo grande originalidade e momentos clichês, O Discurso do Rei possui uma direção elegante, roteiro cheio de situações divertidas e diálogos bem amarrados, atuações nada menos que perfeitas e uma produção técnica impecáveis. Uma história de amizade nenhum pouco convencional que merece ser vista por todos.

NOTA: 8.5


Trailer do Filme
 

Um comentário:

  1. Esse filme sim tem jeitão de Oscar. Apesar da maioria apostar em "A Rede Social", continuo com minha torcida por este filme que reúne muito mais qualidades que seu principal concorrente no Oscar.

    http://acervodocinema.blogspot.com
    http://memoriadasetimaarte.blogspot.com

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