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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Terapia do Amor (2005)

Antes de tudo, me sinto na obrigação de reclamar, e me desculpem a expressão, mas que merda de titulo é esse? Impressionante o dom que as distribuidoras brasileiras possuem de dar titulos completamente errôneos aos filmes. Terapia do Amor (Prime no original) acabou sendo mais uma vitima deste terrivel costume, que sempre esconde embaixo do tapete o que um filme deseja passar através de seu titulo.

E aproveitando esta deixa, Terapia do Amor surpreende justamente por causa disto. De primeira vista, parece apenas mais uma comédia romântica que segue a já cansada fórmula do gênero. Até certo ponto, não deixa de ser verdade, mas o que faz a diferença é o tom sério e maduro que a produção toma.

Dirigido e roteirizado por Bem Younger, o filme conta a história de Rafi (Uma Thurman), uma bela mulher, independente e bem-sucedida, de 37 anos e recentemente divorciada, que conhece David (Brian Greenberg), um talentoso pintor de 23 anos. O casal se apaixona, mas logo as coisas se complicam, já que a terapeuta e confidente de Rafi, Liza (Meryl Streep), é a mãe superprotetora do rapaz.
Diferente do que a sinopse sugere, Terapia do Amor segue um caminho menos convencional, no que se refere ao tratamento da história e dos personagens. Apesar de se passar em uma bela e chique cidade Nova York, o filme possui alguns momentos duros, tristes, que por vezes, o transforma em um interessante drama. Claro, para um filme do gênero, não poderia faltar o clima alegre e tranquilo, mas Younger resolve ir mais além, investindo em momentos que, se fosse comandado por qualquer outro, seria transformado em algo cômico, como quando Rafi descobre que Liza é mãe de seu namorado, ou a conversa das duas na cozinha. São cenas que tentaria qualquer diretor a fazer alguma gracinha, mas sabiamente, Youger se afasta disso.

Os personagens seguem pelo mesmo caminho, e não possuem aquela personalidade neurótica que costumamos ver em algo do gênero. São personagens criveis, realistas, que enfrentam problemas como qualquer outro ser humano.

Os diálogos também fogem da mesmice, investindo até em algumas falas de teor sexual, mas sem aquele tom bobalhão tão costumeiro. Fica claro que o público-alvo é o adulto, o que não significa que o filme não tenha algumas cenas que possam divertir uma faixa etária um pouco mais baixa.
Mas Youger acaba levando o filme um pouco a sério demais, e tenta abordar outras questões, mas sem muito sucesso. O fato da familia do rapaz ser judia, esperando que ele se case com alguém da mesma crença, é simplesmente jogado na tela com o simples objetivo de complicar o relacionamento do casal, mas que acaba não adicionando nada a narrativa. Mas isto deve acabar passando despercebido entre os menos exigentes.

Mas a investida nada convencional de Younger, e a excelente quimica entre Thurman e Streep conpensa estes pequenos defeitos. Thurman, que anda investindo bastante em produções similares (mas sem a mesma qualidade, é claro), surge absurdamente linda na tela, e encanta com todo seu charme. Do outro lado, Streep torna sua personagem mais complexa do que a história sugere, fugindo do estereótipo da mãe histérica.

Contando ainda com uma deliciosa trilha sonora, Terapia do Amor é uma grata surpresa do gênero, um romance maduro e pé no chão, que provavelmente irá desagradar os que curte um programa mais convencional, mas que se mostrará interessante para os que gostam de algo diferente. Recomendo.

Nota: 7.0


2 comentários:

  1. Eu já desisti de reclamar dos títulos em português, mas nada supera o clássico de Doris Day, A Espiã de Calçinhas de Renda, The Glass Bottom Boat no original. Apesar de que, o spoiler em Bonnie e Clide - Uma Rajada de Balas chega bem perto.

    Eu assisti Terapia do Amor há um bom tempo, mas me lembro de ter tido impressões semelhantes. Excelente resenha.

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  2. Obrigado pelo elogio, Julia.

    Mas é isso mesmo, as distribuidoras brasileiras tem esse péssimo hábito de colocar titulos horriveis nos filmes. Sem falar na também péssima distribuição dos mesmos.

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