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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dogville (2003)

Tudo aqui falado sobre a obra de Lars Von Trier pode ser pouco para descrever sua força e sua vital importância em aspectos artísticos e cinematográficos. Dogville é um símbolo definitivo da conciliação entre a originalidade e a inteligência em uma única obra. Toda a sua magnificência descreve puramente sua relevância em meios culturais, mostrando o quão verossímil é ao relatar à crua e fria natureza dos homens.

Movimento Dogma 95.

O Dogma 95 foi um movimento cinematográfico internacional. Deu-se através de um manifesto escrito no ano de 1995, que visava à criação de um cinema mais real e menos comercial. Este teve como autoria os cineastas Thomas Vinterberg e Lars Von Trier.

Até hoje este movimento possui força nas mãos dos cineastas dinamarqueses. Vinterberg consagrou-se através deste, em 1998, com o lançamento de seu Festa de Família (o primeiro filme oficial do movimento). Von Trier por sua vez, entregou a sétima arte um dos projetos mais bem quistos desta última década. Dogville tornou-se o maior representante deste manifesto, tendo alçado proporções inimagináveis, e eventualmente recebido o reconhecimento internacional.

A terra das oportunidades.

Lars Von Trier fez de Dogville um prelúdio para discussões e críticas, pois este é o primeiro capítulo de uma saga ambientada nos Estados Unidos, e toda a sátira descarregada a nação americana concentrasse em toda a trama do filme.

O filme é ambientado em 1930, durante a grande depressão americana e mostra a trajetória de Grace (Nicole Kidman), uma jovem que durante uma fuga a mafiosos, acaba por ir parar na pacata cidadezinha de Dogville. Então, ela é amparada pelo jovem Tom, que pede aos demais habitantes para abrigá-la e esconde-la de seus perseguidores. Logo de início, os moradores demonstram uma recepção calorosa e uma boa hospitalidade à moça, porém, quando a busca dos mafiosos a jovem se intensifica pondo em risco a segurança da cidade, os moradores passam a revelar suas verdadeiras intenções, têm-se início a uma jornada de sofrimentos e humilhação.

É crível que o que Lars Von Trier pretendia através desse argumento era repassar a nós, espectadores, uma análise social verossímil da crueldade dos seres humanos e conseqüentemente usar dessa premissa para atingir a nação mais emergente do globo.


Mesmo direcionando as críticas da produção aos Estados Unidos, as reflexões sociais se espelham não apenas lá, mas em acontecimentos e situações que acontecem em todos os lugares. Onde as máscaras caem, e as pessoas mostram o que são na realidade.

Dogville.

A obra de Von Trier definitivamente não é facilmente digerível e nem ao menos agradável. Não. É um retrato duro das ações do homem, mostrando situações extremas e pondo a debate seu comportamento social. Outro fator que não agradará a todos é a ausência de cenografia, pois todas as locações da cidade são marcadas com giz representando seus respectivos locais, desde ruas a casas, tendo poucos adereços em cena. O foco é apenas em seus personagens.

Como se trata de uma minúscula cidade, Dogville possui pouquíssimos habitantes. Todos no local se conhecem, entretanto, conhecem-se apenas em fachada, pois cada um tem uma personalidade escondida que culminará em seu verdadeiro eu, e conseqüentemente, no sofrimento da jovem Grace.

Lars Von Trier.

O brilhante cineasta teve a audácia de criar uma película original, que mostra com realismo as ações do próprio ser humano, em sua forma verdadeira e vil, e que por ventura quebrasse as barreiras do convencionalismo e padrões impostos. Poucos diretores realizam algo deste feitio, e isso por si só, já é mais que um mérito.

Ainda haveria muito a se falar do cineasta e dá obra em si, tanto que não me são escolhidas todas as palavras que poderia demonstrar o poder de Dogville e de seus realizadores. Genial! A única e mais cabível palavra que encontro para designar a representação deste filme em sua totalidade, e como espectador, acredito que são obras profundas como essa que fazem do cinema um meio artístico de qualidade e inteligência.

Conclusão.

Dogville já tornou-se um clássico. Um feito imprescindível a qualquer cinéfilo que se disponha a acompanhar toda uma equação de méritos resultará por fim, numa fantástica produção. É com segurança que eu posso afirmar que Von Trier conseguiu. Dogville é uma obra prima que retrata com maestria a crueldade de uma espécie, e por fim, com sua subida de créditos, fará o público analisar sobre quem seriam os verdadeiros cães.

Nota: 9.0

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