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segunda-feira, 14 de março de 2011

Disque M para Matar (1954)

Eis aqui um dos mais bem elaborados trabalhos da carreira de Hitchcock, repleto desuspense, inteligência e surpresas. Baseado numa peça de teatro de grande suscesso na Broadway do dramaturgo Frederick Knott, Disque M Para Matar é um primor em tudo que se propõe a fazer.

Conta a vida de Tony Wendice, um aposentado tenista profissional que elabora um plano para assassinar sua esposa, Margot, após descobrir que esta tem um amante. Para isso ele chantageia um ex-colega de faculdade e arruma um álibe perfeito, ao lado do próprio amante de sua esposa. O plano é meticulosamente planejado e não há espaço para erros. Mas tudo vem por água abaixo e Tony deve partir para um rápido e inesperado plano B.

Em 2008 o filme ficou em nono na lista dos 10 maiores filmes de mistério na votação promovida pelo American Film Institute, além de ser reconhecido mundialmente por sua narrativa genial.
Se passa praticamente inteiro dentro de um apartamento, mas isso de modo algum o torna monótono. Pelo contrário, Hitchcock mantem uma tensão constante. Pioneiro na técnica 3D, Disque M Para Matar é gravado de forma peculiar, em função das três dimensões. Percebe-se isso na forma como os objetos são colocados em primeiro plano em relação aos atores, deixando mais acentuado o efeito de profundidade. Também é interessante notar que o cenário é bem parecido com os cenários de peças de teatro, escolha feita por Hitchcock para deixar a trama com um ar teatral. Os personagens são filmados dos pés à cabeça, dando a oportunidade do espectador notar seus movimentos pelo assoalho, também para acentuar o efeito teatral.

Muito inteligente, o diretor faz do personagem Tony um cara carismático e divertido, impedindo uma possível rejeição do público. Ray Milland interpreta Tony com grande talento, já que o personagem vai mudando seu bom humor à medida que seus planos começam a desandar, de modo que o Tony do final é um Tony totalmente diferente do início. Grace Kelly também tem mudanças gradativas, mostradas claramente pelo seu figurino. De início ela usa cores mais vivas como vermelho, mas conforme o filme passa ela traja cores mais amenas, como o cinza.

Uma coisa rara nos filmes de Hitchcock: o inspetor de polícia é bastante simpático. Na maioria dos filmes do diretor, a polícia é retratada como severa, já que Hitchcock assumidamente tinha medo de polícia.
O filme ganhou algumas adaptações para a TV, e 44 anos depois ganhou uma refilmagem na obra de Andrew Davis, "Um Crime Perfeito" (A Perfect Murder, 1998), estrelado por Michael Douglas, Gwyneth Paltrow e Viggo Mortensen.

É uma obra cheia de diálogos e não contem muitas cenas de ação, por isso é preciso atenção redobrada para pegar o fio da meada, já que todas as cenas e todos os detalhes são importantes e podem passar despercebidos.

A tensão está presente do início ao fim, de uma forma que só Hitchcock poderia fazer, trazendo para nós o que há de melhor do cinema. Um grande filme, que infelizmente acabou ficando na sombra de outros mais famosos do diretor, mas que merece toda a atenção e respeito daqueles que se dizem fã de um bom suspense.

Nota: 10.0


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