No cinema, apresentar ao espectador uma experiência inédita e impactante e utilizar para isso somente o recurso audiovisual é, para o realizador da obra, firma-se em um ponto estratégico para fazer com que seu trabalho seja reconhecido e permaneça inerte a passagem dos anos, o que alavanca o respeito e a admiração por sua criação. O ano em 1973, e o assunto é o exorcismo, é crível que, numa época como a década de 70, uma obra que abrangesse uma temática tão discutida, ganharia proporções maiores que as almejadas a princípio; isso porque, o exorcismo é, até hoje - mesmo que não mais praticado -, um tabu pelas inúmeras controversas religiosas que essa prática carrega, portanto, a investida aqui foi sublime, em abordar um tópico que gerasse a discussão do público e conciliá-lo com imagens chocantes e impactantes que deixasse o espectador em estado de êxtase.
O Exorcista contou com uma merecida consagração crítica e pública, não por suas nítidas qualidades, mas por sua admirável coragem em por em prática um conteúdo tão repreendido como a temática religiosa, por isso, independente do apresso o não pela obra, ela merece todo o respeito. Mesmo que para os tempos atuais pareça didático e um tanto quanto piegas, o horror presente em O Exorcista serve até hoje como referência para muitos títulos do gênero atualmente, tendo em vista também que o filme produziu algumas das cenas mais clássicas que se conhecem no cinema terror, entre outros fatores que fizeram-no um verdadeiro marco cinematográfico.
A estória narra os acontecimentos vivenciados pela família MacNeil, onde uma atriz vê-se numa situação perturbadora, ao ter sua filha possuída por ser demoníaco. A princípio, todos são leigos quanto ao estado físico e mental da garota, é quando, agoniada com o sofrimento de sua filha, a atriz procura um padre para auxiliá-la naquele momento. É quando os eventos se descontrolam, e, indo contra as regras de sua igreja, o padre passa a realizar sessões de exorcismo com a menina. O roteiro é escrito por William Peter Blatty, adaptado de seu próprio Best-seller, que, teria sido baseado em registros reais de casos de exorcismo, tendo como centro de inspiração o caso de exorcismo do garoto de Maryland nos anos 40. Esta abordagem conferia a O Exorcista não apenas uma repercussão visual, mas um relevante diálogo com temas tão pouco comentados em meios artísticos, isso garantiu ao filme o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado entregue pela Academia.
Hoje, “medo” talvez não seja a melhor palavra para designar as sensações provocadas pela produção, pois ao mesmo modo que trouxe-lhe benefícios, a passagem do tempo também auxiliou para que alguns feitos de O Exorcista permanecem vitalícios apenas no período de sua realização. Inevitavelmente, em alguns aspectos, o filme foi vencido pelo prazo de validade destes, como em certas cenas, que um dia provocaram o pavor em seu público, hoje beiram a comicidade, o que se torna uma situação desagradável, tendo em vista toda a reputação em questão de horror, adquirida pelo filme. Para um filme, especialmente do gênero terror, manter-se inerte ao passar dos anos em a “prova dos nove” que garante por definitivo sua qualidade, em O Exorcista, alguns de seus méritos se esvaíam com os anos que chegavam, mas muitas de suas virtudes permanecem intactas até hoje, garantindo ainda sua boa imagem, mesmo com mais de três décadas desde que fora realizado.
O Exorcista pertence a uma vanguarda do gênero horror que sobrevive até hoje, graças a sua relevância diante a sétima arte e suas qualidades que conferem brio ao status que foi conquistando. Este filme foi uma das principais fontes de inspiração, que até hoje, fornece muitas de suas fórmulas de como se fabricar um bom filme de horror a produções atuais deste gênero. Prova de que, os novos ainda tem muito a aprender com os velhos, e se a procura do espectador for a de presenciar um filme de terror genuíno, basta apenas conferir esta grande obra que o cinema nos cedeu.
Nota: 7.0
Três filmes de terror que provavelmente não irei rever na minha vida: "O Exorcista", "O Iluminado" e "Casa dos Espíritos".
ResponderExcluirEu ainda acho este filme insuportavelmente assustador. Me dá medo mesmo, mexe com a minha imaginação.
ResponderExcluirO Iluminado, em todos os pontos, é superior a este filme, e o que mais me chama a atenção é que, mesmo que o filme seja bom (e é, de fato), todos insistem em afirmar que este é o maior/melhor filme de horror da história do cinema. Sendo que ele está muito aquém deste patamar - minha concepção.
ResponderExcluirAinda continuo a achar o filme do Kubrick o mais perfeito filme de terror já criado.
Clássico do cinema! Acho O Exorcista um terror diferente de o Iluminado, por isso a comparação entre os dois torna-se difícil para mim, ainda mais tratando - se de dois filmaços. Se tivesse que escolher um dos dois, escolheria O Iluminado, na minha opinião o melhor filme de Stanley Kubrick e Jack Nicholson, meu diretor e ator favoritos!!!
ResponderExcluirNão acho melhor filme do Kubrick, mas é um dos melhores, e, de quebra, considero-o, como supracitei, o melhor filme de horror do cinema.
ResponderExcluirQuanto a comparação deste para com O Exorcista se deve ao fato da afirmação do primeiro comentário, em que o leitor refere-se a três filmes (estes dois entre eles) como grandes amostras do horror, mas minha concepção do terror, em sua essência passa muito além de imagens feias e vômitos verdes, ele se encaixa melhor no que o Kubrick construiu em O Iluminado. Trata-se de algo mais orgânico, intenso, palpável. Não sei, é indescritível.