Em 2004, quando era estudante da UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles), Shane Arcker realizou um curta-metragem que obteve grandes proporções, chamado unicamente de 9. Os poucos mais de 10 minutos do curta foram suficientes para que a realização de Arcker abocanhasse alguns prêmios em festivais universitários, além ter sido exibido no Festival de Sundance, em 2005, e de ter sido indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação.
Aqui, abro espaço para minha opnião pessoal: não vi nada de mais em 9. Sim, foi muito bem realizado, com uma trama intensa e mantendo uma narrativa cuidadosamente bem construida, mas que lá no fundo, não acrescentava nada para nada, e era apenas uma pequena experiência visual muito bem acabada.
Continuando, a idéia de transformar o curta em um longa-metragem surgiu de uma mente bastante peculiar: Tim Burton, diretor famoso por seus filmes de estilo bizarro. E assim nasceu 9 – A Salvação, novamente comandado por Shane Arcker, tendo Burton e Timur Bekmambetov (O Procurado) na produção.
E a expectativa era grande. Além dos nomes importantes de Arcker, Burton e Bekmambetov, o elenco de dubladores contava com nomes de peso, como Elijah Wood (da trilogia O Senhor dos Anéis), Jennifer Connely (vencedora do Oscar por Uma Mente Brilhante), John C. Reilly (O Aviador), entre muitos outros. Ou seja, não era qualquer projeto.
E deu certo! 9 – A Salvação é uma animação bastante divertida, que recicla com inteligência a idéia do original, e ainda por cima, é um primor técnico. Na trama, nos vemos em um mundo paralelo, onde um grupo de bonecos vive o pós-Apocalipse. Eles acabam encontrando 9, um dos últimos da espécie, e o único que apresenta chances reais de ajudá-los a sobreviver.
Claro, era esperado que o filme mostrasse, no mínimo, um bom apuro visual, mas impressiona o cuidado com o aprimoramento da técnica, desde o acabamento dos cenários até o design dos bonecos. Os contornos se tornam muito mais complexos e soturnos, que vão adquirindo mais profundidade com o desenrolar do filme (obviamente, um toque do estilo dark de Tim Burton).
E a decisão de tornar o projeto de Arcker em um longa-metragem se mostra mais que acertada e necessária, já que o roteiro ganha espaço para inserir mais explicações que foram despertadas pelo curta original, por exemplo, o procedimento para que os bonecos ganhassem vida. O roteiro também faz questão de trabalhar bem no envolvimento entre os bonecos, revelando, aos poucos, suas caracteristicas.
Arcker também constrói cenas de ação satisfatórias, que de tão bem feitas, chegam a ser surpreendentes para um filme do gênero (semelhante ao que havia sido feito em Os Incríveis, da Pixar). Existem também alguns momentos bonitos, como o grupo se divertindo ao som de Over the Rainbow, numa citação ao clássico O Mágico de Oz.
Se o filme peca em alguma coisa, é em seus minutos finais, que além de apressado, perde completamente a tensão criada anteriormente, apostando em diálogos fracos e com um tom politicamente incorreto que beira o irritante. Tudo se torna mais infantil, bobo e maniqueísta, o que acaba frustrando completamente os que aguardavam um desfecho mais marcante (como é o meu caso).
Mesmo que, como sua obra original, o filme não apresente nada de novo (a semelhança com WALL•E é gritante), vemos aqui uma obra muito mais divertida, completa, e realizada com maior apuro por parte de seus realizadores. O resultado é que 9 – A Salvação se torna superior ao original, e mesmo para aqueles que não viram o curta, este vale a conferida.
Nota: 7.0
E assista ao curta original de Shane Arcker:
Possui um visual incrível, mas eu esperava mais! Ainda assim é um bom filme!
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