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domingo, 10 de abril de 2011

Arraste-me Para o Inferno (2009)


Sam Raimi, após bem sucedida trilogia Homem-Aranha, retorna as telas com uma produção, no mínimo, curiosa, que serviria para resgatar as raízes que lançaram seu nome no mercado cinematográfico. Até hoje, o subgênero trash é bastante apreciado por cinéfilos em todo o mundo, e o que difere essa categorização fílmica de um gênero qualquer é que, o cinema trash não é indicado a premiações ou conceituado honrosamente, há sim um apreço por parte de amantes de cinema para com esse gênero, que vem as telas, simplesmente, com a função de trazer diversão e um entretenimento sujo aos espectadores.

Arraste-me Para o Inferno é um resgate feito por Raimi pelo cinema trash, em uma forma de modernizá-lo e conectá-lo aos padrões atuais, este gênero teve sua explosão nítida durante as décadas de 70 e - principalmente - 80, e hoje raramente aparece algum bom exemplar deste, e com Arraste-me Para o Inferno, o gênero que parecia estar esquecido, continuou enterrado. Esta produção trouxe em sua bagagem a missão de divertir e apresentar seus predicados através da violência gráfica. É fácil compactar, em uma junção de imagens e sons, elementos falidos que evoquem um cinema que a muito permanece apenas na memória de seu público? É claro que é, pois no gênero trash não é necessário roteiro estupendo, atuações destaque ou fórmulas corriqueiras que funcionam no cinema tradicional. Para se fazer um trash necessita apenas de uma câmera, alguns atores (ou pessoas dispostas), uma mente louca que lhe permita muita, mais muita criatividade e imaginação.

Infelizmente, esta promessa do que seria uma boa homenagem a este gênero, foi na verdade uma produção de muitos, mais muitos equívocos, que utiliza vergonhosamente a computação gráfica para tentar maquiar seus notórios defeitos. Raimi certamente estava cansado após uma dose tripla de heróis que escalam prédios e disparam teias dos pulsos, então ainda grogue após a trilogia realizou um filme desinteressante, que não funciona como um verdadeiro trash deve funcionar. Não é engraçado, não assusta. Se não possui as características mais elementares deste cinema, o que sobra afinal? Sobra uma produção preguiçosa, na qual Raimi tenta encobrir sua falta de imaginação, maquiando sua escassez de criatividade com uma obra precária em méritos cinematográficos, ainda falha se analisada como uma homenagem, ou regresso a velhas raízes, se preferirem.


A estória aborda a trajetória de vida de Christine Brown, uma jovem ambiciosa que trabalha como analista de créditos em um banco. Para promover seu status na empresa, a moça se nega a hipotecar a casa de uma velha senhora desesperada, esta mulher implora a consideração de Christine para com sua situação, e a jovem a humilha em público. Então esta mulher lança uma antiga maldição na vida da jovem, esta passa a ser agora perseguida por um enfurecido demônio que pretende, em uma data estipulada, levar a alma dela para o inferno. Analisado superficialmente, este pequeno enredo poderia frutificar em um delicioso filme de horror a moda antiga, entretanto Raimi desperdiça qualquer virtude que possa ser extraída de sua trama para dar lugar a algo previsível, onde os sustos, e os lances cômicos podem ser rastreados a quilômetros antes de, enfim, se apresentarem as telas.

O filme não se decida, a nenhum momento qual seu objetivo, uma vez que a estória transforma-se em base para um humor fracassado, em tentativas ordinárias para provocar os sustos. A tensão no filme é ridiculamente manipulada, onde toda a atmosfera de horror falsificado desta produção não possui sentido aparente, tendo em vista que os sustos são quase inexistentes. Assustador? Somente para quem ainda temer a franquia do Brinquedo Assassino. Raimi troca os sentidos em criar, ao invés de um “filme de horror”, um “circo de horrores” (no pior sentido que esta expressão signifique). As qualidades que Arraste-me Para o Inferno deveria apresentar estão dispersas no tempo, mas propriamente a três décadas atrás.

Raimi distribui uma obra descartável, de elementos semelhantes a um desenho animado, talvez até ainda mais leviano e ordinário que uma produção cartunista qualquer. Arraste-me Para o Inferno é um filme que pirateia as fórmulas que dão certo no cinema trash, e faz isso da forma mais precária, imprestável e medíocre que possa haver; temos então um filme que transmite previsibilidade por todos os seus poros, onde de forma descarada, tenta maquiar seus erros a partir de seus exageros no uso dos efeitos computadorizados, apenas para promover apenas uma gratuita e genérica violência gráfica. O que deveria ser um elo que o cineasta faria com o início de sua carreira, tornou-se uma auto-sabotagem, que fracassa tanto como entretenimento quando como realização cinematográfica.

O título não poderia ser mais apropriado, uma vez que foi para o inferno que o filme nos arrastou. Essa observação foi inútil, eu reconheço, mas não se preocupem, o filme é ainda mais.

Nota: 3.0



6 comentários:

  1. Uma diversão bastante seletiva e assustadora.

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  2. Putz, será possível que só eu gsotei deste filme? Raimi no lugar certo é outra coisa.

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  3. Não se preocupa, não, Ice. Eu adorei este filme e saí do cinema com um sorriso no rosto (e com o coração no pescoço!) =)

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  4. No caso, eu diria que conta-se nos dedos os que não gostaram desse filme. Eu sou um deles. ):

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  5. Ufa, ainda bem q não estou só nesta, ahuahuauhahuhua!!


    http://icenema12.blogspot.com

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  6. Quanta crítica negativa hen? Achei que você exagerou, não é pra tanto assim...
    Eu não achei o melhor filme do mundo, mas do jeito que você escreveu pareceu que era o pior da história. Hora de rever seus conceitos, rs

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