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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Assassinato em Gosford Park (2001)


Último grande filme do genial Robert Altman com um elenco talentoso e uma história intrigante.

À morte do diretor Robert Altman (M.A.S.H., Short Cuts), é incalculável o quanto o cinema internacional perdeu. Altman sempre foi um gênio na direção, elaborava excelentes roteiros e era capaz de surpreender com suas histórias envolventes e formidáveis. Com sua última grande produção, Altman foi além do que estava acostumado a fazer, e antes de partir, levou o tão merecido Oscar.

Assassinato em Gosford Park, além de uma intrigante história, conta com um elenco afiadíssimo. Entre veteranos e principiantes, destacam-se as damas Helen Mirren, Maggie Smith, Kristin Scott Thomas, o "senhor" Michael Gambom, e os ingressantes, Kelly MacDonald, Clive Owen e Ryan Phillippe. Todos estão muito competentes em seus respectivos papéis, com ares às vezes, submissos e outras vezes, superiores. Isso se deve ao fato do filme se sustentar em cima do dilema que as classes sociais eram nos anos 30.

Sir William McCordle (Gambom) e Lady Sylvia (Scott Thomas) convidam vários amigos para passarem um final de semana em sua belíssima mansão de campo. Durante a estadia, os convidados apreciarão uma caçada, jantares festivos e chás da tarde. Cada um desses esnobes convidados levarão consigo seus respectivos empregados. Estes, se amoltoam nos andares de baixo da mansão, juntos com os criados dos anfitriões, enquanto os seus patrões desfrutem dos luxuosos e espaçosos aposentos dos andares de cima. De uma maneira incrível, o roteiro de Altman nos mostra a vida de riqueza das condessas, produtores de filmes, heróis de guerra simultaneamente com a vida simples e humilde dos cozinheiros, copeiros e faxineiros. Servindo de comparação e para causar um impacto ainda maior, o roteiro sugere as diferenças entre as duas camadas sociais de uma forma mais ampla. Não de propósito, essas vidas acontecem muito pertas umas das outras, todas no mesmo lugar, na mesma mansão. As características que nos são apresentadas junto com a aparição de seus personagens parecem mudar ao longo que a história vai tomando seu rumo. "Nada é o que parece". Essa parece ser a frase mais útil para explicar tal momento do filme, já que tudo que pensávamos ser, não é mais.


Misteriosamente, o anfitrião McCordle é encontrado morto em seu escritório. Daí em diante, todos são suspeitos. Como de prache, a culpa cai por cima dos empregados, mas nem mesmo os próprios convidados seriam liberados pela polícia. Esse mistério se estende até o final quando é revelado o verdadeiro assassino. Até lá, personagens vazios vão ganhando importância e suas histórias são conectadas a de outros personagens, explicando assim, a existência dos mesmos.

Os belos cenários de Stephen Altman e Sarah Hauldren são grande destaque do longa e marcam o luxo dos aposentos dos convidados e a precariedade dos aposentods dos criados. Com os figurinos acontece o mesmo, desde vestidos lindos e caros até qualquer trapo, tudo vira uma obra de arte nas mãos da competente Jenny Beavan.

Entre as interpretações, vamos destacar as indicadas ao Oscar de Coadjuvantes, as duas veteranas inglesas Maggie Smith e Helen Mirren, onde a primeira é responsável pela parte humorística do filme e a segunda pela parte misteriosa. As duas dão shows de interpretação e mostram à que vieram.

Robert Altman se foi, mas vai fazer muita falta. Sua genialidade, criatividade, tudo ficará na memória de todos para sempre, e Assassinato em Gosford Park, nada mais é do que uma bela herança de um dos melhores diretores de todos os tempos.

Nota: 8.0


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