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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Inverno da Alma (2010)


A ousadia e a identidade própria sempre foram algo extremamente representativo para toda a arte; não apenas no meio cinematográfico, em sua representação de imagens e sons, mas também, na literatura, nas artes plásticas e em todo o círculo de expansão expressiva. Artistas em todo o mundo, e de todas as épocas destacaram-se por destilarem a suas obras características próprias que tornam-no independente. Este mesmo princípio é usado para classificar películas cinematográficas que se se apresentam a uma margem significativa do cinema comercial, sendo assim, trata-se de produções de custo menor, filmadas de maneira mais crua e contendo uma trama não convencional.

Inverno da Alma encaixa-se a essa categoria, sendo este um filme que escapa dos padrões comerciais, que apresentam estórias mais acessíveis e maleáveis para o grande público (há exceções, claro). Por fugir dos maiores holofotes, a produção destacou-se mais em festivais, fisgando mais a atenção da crítica especializada, e é claro, dos mais ávidos a este tipo de cinema. Inverno da Alma é um filme forte, não que contenha cenas com maior teor de violência explícita, mas pela experiência psicológica que ele submete seu espectador, passando por uma espiral de agonia e pressão durante toda sua projeção.

Na trama, Ree é uma jovem de 17 anos que, diferente da maioria de sua idade, não vai a festas, não se diverte e não namora, ela passa todo o tempo cuidando de sua família – irmãos e mãe. Por decorrência de certos problemas tem com a justiça, seu pai usa a casa como garantia, Ree é então avisada de que, sua residência será tomada caso seu pai não retorne para prestar contas com a lei. As únicas alternativas que a moça possui para salvar sua casa é apresentar seu pai as autoridades, ou provar a elas que ele está morto. Então, dar-se início a uma perigosa jornada, em que Ree investigará o que realmente aconteceu com seu pai.


Embora pareça se seguir como um suspense investigativo corriqueiro, a narrativa de Inverno da Alma trilha um caminho mais imprevisível do que o suposto. A investigação guiada pela jovem, acontece muito a frente do que a linha de tempo permite-nos acompanhar, isso porque, até a protagonista sabe mais sobre toda a trama do que nós espectadores, não há - como na maior parte dos filmes investigativos - uma troca mútua de perguntas e respostas, na qual o protagonista vai descobrindo os eventos do caso ao mesmo vamos investigando junto com ele, e sobre a trama que esta sendo repassada, sabemos o equivalente ao que ele sabe – ou tenha descoberto. Mas aqui a intenção não centralizar-se apenas no cenário do desaparecimento e da investigação, e sim mostrar a determinação de uma única garota em prol do bem de sua família.

O cenário no qual a estória se ambienta é totalmente introspectivo e hostil. A frieza que os fatos e eventos vão se desencadeando conferem ao filme uma dinâmica nula com seu espectador, tanto sobre o que ele está observando, quanto pelo que ele está sentindo. Este é o maior problema de Inverno da Alma, ao apresentar-se por sua maneira gélida e realista de demonstrar todos os fatos de sua narrativa, ele acaba firmando-se - a todo o momento - numa posição defensiva, contra qualquer aproximação que o espectador possa vir a fazer durante a projeção.

Mesmo que possua uma história densa, cruel, e seja pontuado com uma atuação grandiosa da novata e talentosa Jennifer Lawrence, o que faltou realmente em Inverno da Alma foi uma conexão - sentimental e interativa - mais precisa que ele poderia fazer com seu público. Infelizmente, por isso não ocorrer, e ele acabar promovendo uma frieza e distância quilométrica com quem o assiste, o filme ficou aquém do que sua capacidade poderia o alçar, ficando dessa forma, disperso na gelidez de sua própria trama e na sensação de vácuo que provoca no espectador ao fim de sua sessão.

Nota: 6.0



Um comentário:

  1. Todas críticas que leio sobre o filme comentam sobre o aspecto gélido que ele passa ao espectador. Ao sair do cinema, fiquei perplexo com a tamanha frieza que me deparei junto ao filme ao longo de toda sessão. Mas por que o filme se chama "Inverno da Alma"? O filme não deveria ter uma "alma" gelado, fria, crua, e direta? Exatamente o que propõe e cumpre em todos os quesitos. E ver a Jennifer atuando, ah... o filme é um ouro! Eu recomendo!

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