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sexta-feira, 8 de abril de 2011

The Runaways - As Garotas do Rock (2010)

- Derek, Marie te disse que ela não está usando calcinha?
- É mesmo? Espero que isso seja coisa de família.


Anos 70. O mundo está contaminado pelo vírus mais mortal e infeccioso que a raça humana já viu. Esse vírus arrasou milhões, confundiu pessoas, quebrou tabus e conseguiu a proeza de mover o mundo por uma única causa. Nunca antes na história algo conseguiu mudar tanto as pessoas por um motivo tão singelo. Esse vírus avassalador se chama “Rock ‘n’ Roll”. E ele mudou principalmente os homens, que, controlados por ele, dominaram-no completamente. O papel das mulheres era apenas suspirar e gritar seus nomes. Mas, um grupo de mulheres fugiu desse rótulo e perguntaram: “Por que nós não nos infectamos por esse delicioso vírus?”. Correndo atrás dele, as fugitivas encontraram-no e decidiram: “Iremos mudar o mundo lado a lado com você, Rock ‘n’ Roll”. Então, As Fugitivas, ou, em sua língua nativa, The Runaways, conseguiram colocar-se em um pedestal e arrasaram o mundo como uma saborosa torta de cereja na cara de todos aqueles que não acreditaram nelas. E, sim, elas fizeram sucesso. Como uma bomba!

The Runaways, 2010, é um frenético filme que conta a história da primeira banda feminina de rock que conseguiu o status de rock star, e é baseado no livro Neon Angel: A Memoir Of The Runaways escrito por Cherie Currie. Indo às apresentações, Cherie é “a gatinha sensual – Brigitte Bardot em um estacionamento de trailers”; Joan Jett, “o coração do rock ‘n’ roll – uma morena durona das ruas”; Sandy West, “Miss Califórniacom um baseado na boca e brigona”; Lita Ford, “filha do amor de Sofia Loren e Ritchie Blackmore – você não irá querer se meter com Lita” e Robin Robbins, “a inteligente e esperta, que arrasa no baixo”, que fizeram sucesso em todo mundo em meio à célebre frase que caracteriza muitíssimo bem essa época: sexo, drogas e rock ‘n’ roll. O filme é praticamente voltado somente a Cherie e Joan, Dakota Fanning e Kristen Stewart, respectivamente, que, além de serem as melhores atrizes, mais caras, e mais conhecidas e famosas, são, na banda, as mais “influentes”.



Joan queria desde sempre formar uma banda de rock. Em meio a casacos de couro e lesbianismo, ela vai atrás de Kim Fowley (Michael Shannon), um famoso produtor musical afetado e grosso, “Eu sou o próprio rei da histeria”. Quando ela conta seus planos, ele, se dizendo “o cachorro mais sortudo”, convida-a para tocar com Sandy, e ver o que acontece. Enquanto isso, Cherie, que idolatra David Bowie (a trilha-sonora é praticamente dele, fato maravilhoso), se apresenta no show de calouros da escola, com o raio no rosto, dublando a músicaLady Grinning Soul, mas é ridicularizada pelo público, que joga coisas nela - tomates básicos. Ela mostra seus dois lindos dedos médios, vira-se como uma diva e depois diz que detonou. Ela e David Bowie. Fowley, vendo o ensaio de Joan e Sandy, adora, dizendo que elas serão mais famosas que Os Beatles, mas acha que falta algo na dupla, e vai atrás para saber o que é. Numa festa, ele vê Cherie, e encontra a solução dos seus problemas, já que ela era “muito estilo, meio Bowie e Bardot, com uma olhar de ‘eu posso arrebentar um motorista de caminhão’”. Ele pergunta se ela sabe cantar, e, mesmo sabendo que não podia, diz que sim. Então, fácil assim, ela entra na banda. No dia da audição, Fowley, numa cena bastante forçada, cria uma música para Cherie, a mais que famosa Cherry Bomb, música símbolo da banda. E a partir daí o sucesso vem esmagadoramente.

O filme é bem dinâmico e agitado. Quase não conseguimos respirar tamanha ação. As palavras ”b*tch”, ”f*ck”e vários outras de baixo calão estão em cada minuto do filme, além das cenas de consumo de drogas e insinuações de sexo, fatos inevitáveis, já que aquela época era isso mesmo. Os mais conservadores e puritanos se afastem desse filme, que tenta ser um documentário, mais falha desse aspecto. Também não funciona muito bem como “cinegrafia”. Funciona simplesmente como entretenimento que mostra resumidamente a trajetória da banda. É um filme, oras.

Queria, sinceramente, não ligar esse filme à saga Crepúsculo, mas é inevitável. “Com certeza Stewart e Fanning só foram escolhidas pela repercussão da saga”, era o que eu pensava inicialmente, mas The Runawayscomprova um fato interessante, mais para uma atriz que para outra. Fanning nós já sabemos da qualidade, tento em vista outros importantíssimos papéis, como em Guerra dos Mundos, por exemplo, além da própria saga (ela é minha atriz preferida de lá), mas com Stewart nós não temos essa mesma segurança. Ok, ela foi bem nos papéis anteriores, como em O Quarto do Pânico, filme que mais a consagrou, mas na saga ela é antipática e apática, o que todos rotularam-na como “atriz ruim”, entretanto, a culpa não é dela. Para quem já leu os livros sabe: Bella Swan é a antipática, não Kristen Stewart. Esse paradoxo faz como que tenhamos má impressão da atriz, mas ela está é fazendo um bom papel! Sim, Stewart é uma boa atriz, e Bella deve ser queimada na fogueira (menos). The Runaways conseguiu comprovar isso, pelo menos para mim, mas Fanning é um pouco angelical demais para o papel de Cherie, que era bastante agressiva. A atriz que faz a irmã do papel dela, Marie, parecidíssima com Fanning, poderia ter feito uma Cherie mais parecida com a original.




O ambiente 70’s é lindamente reproduzido (eu adoro essa época, entende?), tanto que as cores do filme são apagadas e até desfocadas, como uma filmagem da época. Floria Sigismondi, que roteirizou e dirigiu, não quis fazer uma super retratação do clima que rondava os bastidores da época, a meu ver, e sim relatar calmamente os shows, as conversas, as brigas e a separação do grupo. A cena do show no Japão, onde Cherie canta de lingerie é assustadoramente parecida com a original (queria mostrar aos meus amigos a cena. Fui à internet e procurei o vídeo, mas quando assistia vi que era o real! Exatamente igual, até as ações de Cherie, como enrolar o cabo do microfone na perna).

A trilha sonora, que vai de Nick Gilder, David Bowie à Suzi Quatro é magnífica. Claro, as músicas da própria banda, gravadas na voz de Steward e Fanning dão o magistral enlace.

Joan, depois da separação do grupo, gravou a clássica música I Love Rock 'N' Roll, que definitivamente conquistou o mundo, mas uma coisa é certa: por um mês, você só vai querer dizer para seu daddy e para suamom que você é uma Ch ch ch ch ch ch ch Cherry Bomb!


Nota 7.0




2 comentários:

  1. Eu acho que esse filme faz um importante registro de mulheres tentando entrar num mundo dominado pelos homens. Acho que as Runaways têm um papel legal na história do rock e isso foi bem mostrado pela diretora. Os destaques foram Michael Shannon e Dakota Fanning.

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  2. Concordo com você, Kamila. The Runaways foi um divisor de águas no mundo machista do rock.

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