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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desejo e Reparação (2007)


História forte, roteiro excelente, fotografia maravilhosa, direção precisa e atuações afiadas fazem de Desejo e Reparação um dos melhores filmes feitos nos últimos anos. Joe Wright acertou mais uma vez, mostrando um grande potencial para se tornar um futuro grande diretor dessa nova safra. Já havia provado bastante talento e coragem ao passar para as telonas o conceituado livro de Jane Austen, "Orgulho e Preconceito" (Pride and Prejudice, 2005). Desejo e Reparação também exigiu coragem, por se tratar de uma obra bem elogiada do escritor Ian McEwan. Usando de muita inteligência e criatividade, Joe Wright acertou na dose certa de drama, romance e guerra.

Trata-se da história da pequena Briony Tallis (a ótima Saoirse Ronan), uma aspirante a escritora com uma mente incrivelmente fértil. Muito observadora, Briony repara na paixão latente entre sua irmã Cecilia e o filho da governanta Robbie Turner. Mas uma sucessão de mal entendidos levará Briony a cometer um erro que poderá mudar para sempre as vidas do casal apaixonado, assim como sua própria vida.

O drama tem como pano de fundo a Inglaterra pré Segunda Guerra Mundial, onde uma atmosfera de perigo já rolava no ar. Com muita habilidade, o diretor se esquiva dos clichês tão comuns de filmes sobre as guerras mundiais, assim como aproveita ao máximo a paisagem campestre numa belíssima fotografia. Também muito habilidoso, não permite que o filme desande num melodrama, dosando da forma certa o romance e as cenas de guerra. Aliás, as cenas de guerra são muito originais e fortes, quase inéditas.


A personagem Briony com certeza é o ponto alto do filme, já que se mostra bastante complexa e sujeita a mudanças. A princípio, quando interpretada por Saoirse Ronan, é mimada e potencialmente manipuladora; já na época da Segunda Guerra, se mostra uma personagem fechada e arrependida, cujo único objetivo na vida é reparar seus erros do passado. No final é interpretada pela veterana Vanessa Redgrave, agora mais madura e amargurada com as escolhas que fez na vida. É definitivamente uma personagem muito bem construída, nos mínimos detalhes, o que a torna real e verossímil. Com uma personagem tão notável, sobra pouco espaço para as boas interpretações de Keira Knightley e James McAvoy.

O filme acaba passando uma mensagem muito intensa sobre as calamidades causadas pela guerra, assim como expõe o poder de mudar vidas que há nas nossas decisões. É um filme completo, tanto que recebeu 6 indicações ao Oscar, ganhando apenas o de Melhor Trilha Sonora. A trilha sonora, aliás, é impecável, fazendo alusão àquele barulhinho que fazem as máquinas de escrever, obviamente em função da personagem Briony.

Outro ponto positivo é o fato do assunto "reparação" estar sempre em alta na história, mantendo o filme fiel ao seu título, sem se perder em outros conflitos que vão surgindo ao decorrer da trama.



Joe Wright acertou em cheio nesse filme, como poucos andam acertando ultimamente. Infelizmente não conseguiu repetir a magnitude em seu último trabalho, "O Solista" (The Soloist, 2008). Mas com Desejo e Reparação e "Orgulho e Preconceito" no currículo, ele com certeza abrirá muitas portas em Hollywood, podendo nos brindar com outros bons filmes futuramente.

Nota: 9.0



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