Pânico é um tipo raro de filme que conseguiu aplicar as regras presentes no filme na própria vida real dos envolvidos no projeto, isso porque, da mesma forma em que cada assassino de cada filme aproveita o legado deixado pelo anterior para cumprir um novo massacre, Wes Craven se pendura nos feitos de uma obra anterior para realizar a seguinte. Digo isso por Pânico 3 ter nascido de uma investida lucrativa, algo que certamente renderia bons números em sua bilheteria, este é um dos tradicionais capítulos que não precisavam ter sido produzidos, ou pelo menos, não com tanta antecedência.
É certo que o intervalo entre o primeiro e o segundo filme da saga foi de apenas um ano (!), e mesmo que Pânico 2 tenha sido uma seqüência digna de seu antecessor, é nítido que esse curto período de tempo afetou nas projeções que o filme poderia alcançar. O terceiro capítulo teve mais oportunidades que o segundo para ser bem sucedido, uma vez que o tempo entre esses dois foi de três anos contra apenas um ano entre os dois primeiros filmes. Porém, um fator determinante impediu que Pânico 3 fosse superior aos dois anteriores: Kevin Williamson. Afinal, como poderiam querer adquirir a qualidade dos primeiros títulos da franquia, se não contassem com um roteiro escrito por aquele que a fundou? Este foi o ponto que tornou o terceiro filme obscurecido por sua inferioridade ao primeiro e segundo filme da série.
Mesmo que o desfecho da trilogia seja dotado de imprevisibilidades, assim como as próprias regras e o trailer do filme sugerem, o filme utiliza fórmulas realmente não condizentes com os elementos que tanto agradavam em Pânico. Neste aqui, as tentativas de fabricar a tensão no público são desfocadas por estórias que simplesmente não convencem em seu desenvolvimento, em especial, a trama reveladora sobre a mãe de Sidney, que, mesmo que seja um importante personagem para a saga, certas revelações de seu passado soam forçadas e são apenas táticas utilizadas para esquematizar as surpresas e reviravoltas da estória.
Pânico 3 ata laços com os anteriores por conduzir a mesma trajetória dos três sobreviventes do massacre a mais um novo sangrento capítulo em suas vidas. Aqui, Sidney, após os eventos do segundo filme, refugia-se em uma casa isolada temendo possíveis ataques e pressões da mídia, todo o lugar que vive é cercado com todas as medidas de precaução, em decorrência da paranóia da jovem. Após um dos atores do filme “Stab 3” ser assassinado, a velha lembrança do mascarado retorna aos sobreviventes dos massacres anteriores, e diferente do que acontecera antes, este assassino não segue apenas a linha dos filmes de terror, ele “cria” sua próprio filme de terror.
O exercício de metalinguagem permanece ainda vitalício, mostrando que o terceiro filme ainda preserva algumas raízes que deixaram a franquia tão famosa. Entretanto, o maior equívoco em Pânico 3 encontra-se inevitavelmente em seu roteiro, que emprega artifícios que não atam as pontas como os outros faziam com brilhantismo. A começar por suas artimanhas de provocar o medo e a tensão no público, o roteirista falha ao incluir tipos de elementos que simplesmente não funcionam com o que Pânico já propôs, como exemplo a cena do pesadelo de Sidney com sua mãe (em uma nítida referência ao clássico A Hora do Pesadelo [1984], também de Wes Craven), e entre outras tantas cenas que definitivamente não colam com a atmosfera que Pânico ostentou durante seus primeiros dois episódios.
No fim da projeção, a sensação de desgosto é inegável, não apenas por ter ficado muito aquém de seus antecessores, mas também por ter rompido algumas fórmulas que antes, se sucediam tão bem na saga. Pânico 3 possui ótimos momentos de tensão, além é claro, da habilidade de Craven em fornecer os momentos de tensão sempre instigantes que movem o público a ativa investigativa, e esses fatores reduzem um pouco os equívocos providenciados por este exemplar aqui.
No fim, toda a experiência que Pânico 3 proporciona a seu público pode ser resumida em uma palavra: Decepcionante.
Nota: 5.0
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