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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pânico 4 (2011)


"What's your favorite scary movie?"

Desde que o gênero terror veio sofrendo com a sua degeneração de estilo e os clichês acabaram por se mostrar cada fez mais presentes em tela, não era tarde até aparecer a série Pânico para satirizar e, ao mesmo tempo, homenagear o gênero mais rodeado de previsibilidades. Porém, dessa vez, não há uma homenagem, há mais críticas e isso estas atiram não somente para o lado cinematográfico.

De volta ao famoso bairro de Woodsboro, vemos Sidney(Neve Campbell) em sua terra natal para divulgar seu livro de auto-ajuda sobre como superou seus traumas dos infâmes três ataques por cinco diferentes Ghostface. Enquanto isso, Gale Weather-Riley(Courteney Cox) sem carreira jornalística e tentando escrever um livro de ficção, mas claramente com bloqueios criativos. No entanto, mais uma vez Ghostface retorna e parece agora agir de acordo com as regras dos terrores modernos.

Agora, o foco está no "moderno". Desde que a inventividade acabou e o público já se encontra insatisfeito com os momentos exaustivos e repetitivos do gênero mais polêmico do cinema(depois do pornô), os remakes começaram a tomar forma e se mostraram cada vez mais ousados em querer mudar o original e ter um pouco de identidade. Teremos citações das mais conhecidas refilmagens como A Hora do Pesadelo, Viagem Maldita, Sexta-Feira 13, etc. Wes Craven, claramente, não deve gostar de refilmagens

Interessante como a inserção da metalinguagem já começa a aparecer de forma excessiva. A ênfase que o roteiro de Kevin Williamson deseja oferecer à críticas pode parecer exagerada e passar dos limites da genialidade para o repetivo, mas dessa vez, percebo que há um toque pessoal do próprio roteirista no filme e ele sabe o que faz. Ao incluir a dificuldade com que Gale tem de fazer uma nova história após tantos anos, pode ser algo do próprio roteirista que após tantos anos sem escrever sobre a série acabou querendo colocar seu próprio drama e, portanto, fazendo um pedido de desculpas caso o filme não seja como os outros.

Entretanto, Wes Craven, um dos grandes mestres do terror, ainda se mantém com o foco não somente no gênero que tanto domina, mas sempre soube fazer uma trama policial com uma atmosfera genuína, claro, isso desde o primeiro da série. Inclusive, as sátiras se estendem, mesmo que em um momento curto, ao gênero policial e consegue misturá-lo ao terror e fazendo uma hilária cena entre Anthony Anderson e Adam Brody. A condução do suspense e terror não muda, Craven faz questão que, para continuar sendo uma série que atrai tantos, repetições são necessárias, mas inserções são sempre possíveis.

Em comparação aos seus antecessores, Pânico 4 possui características de cada um deles. Afinal, o humor que se encontrava em excesso no terceiro está aqui de forma mais contida, a reviravolta está mais para o segundo e também o terror do primeiro está aqui. Entretanto, o quarto filme só se sobressai sobre o regular terceiro filme, pois com a volta de Williamson(no terceiro, Ehren Kruger assumiu o cargo), o terror volta com tudo. Mesmo assim, é ótimo vermos que há uma composição de personagens que partilham semelhanças com os antigos e como isso confere uma ar de nostalgia, principalmente, nos lembraremos do fantástico Randy.


Craven e Williamson também decidem lançar uma crítica, não somente a nova geração de filmes de terror do século XXI, mas também a toda a geração de hoje. Para não revelar muitos detalhes, digamos que as críticas explodem ao final do filme, ou seja, logo na reviravolta. Se nos três primeiros a visão se voltava mais ao cinema do que aos jovens, agora podemos dizer que temos uma trama que não foi simplesmente escrita, mas que foram anos e anos de observação para traçar um retrato bastante satírico de uma geração fútil e controlada. Além de, mais uma vez, a mídia levar duras críticas às suas atitudes egocêntricas e frias por uma "nova Gale Weathers".

Seria terrível termos substituições nos papéis que tornaram Sidney, Gale e Dewey personagens tão queridos. Mais uma vez, mesmo depois de 10 anos sem contato com seus personagens, Campbell, Cox e Arquette passam a sensação do que vimos na trilogia. E o costume também, pois se, está é a quarta vez que Ghostface aparece, eles já se acostumaram. É impressionante notar o conforto e afinidade do trio para com os já clássicos personagens e isto faz com que nós nos sintamos a vontade e a experiência se torna, no mínimo para aqueles que gostam da série, divertida. No final, para aqueles que acompanham a série há anos será a mesma coisa para os outros que o fizeram, uma diversão.

Defeitos há sim. O principal defeito é o foco na comédia. A violência é um uso que, nos primeiros filmes, não era a comédia, neste exemplar é. Se nos primeiros, a comédia não era tão presente e se encontrava mais presente nas situações de metalinguagem e contradição, aqui temos um humor negro muito maior. E isso foi uma certa decepção ao percebermos que o terceiro filme abusara demasiadamente da comédia e que os momentos de terror diminuiram. Mas, nem por isso, o quarto não nos proporcionará bons momentos.

Sobre a reviravolta final, digo somente algo, esta tem um toque genial, esta muito mais integrada, em relação às outras, à ideia de sátira. No entanto, é um tanto absurda, mas ainda sim, dentro desse absurdo, encontramos metáforas e meta-linguagens. Aliás, pode ser até motivo de interpretação o final, então é interessante a proporção de uma reflexão mais complexa sobre a série de terror, mas tudo girando em torno de linguagens figuras e "linguagem dentro de linguagem". É uma meta-filme, ao final das contas.

Claramente, inferior aos dois primeiros, mas superior ao seu antecessor, Pânico 4 mostra-se mais divertido e engraçado. A seriedade pode ter diminuído, mas podemos notar que o tempo não conseguiu estragar a série, aliás, mostra que pode durar. Eis um exemplo de franquia que depende de fatores externos e, mesmo assim, é tão original e, nesse caso, não desapontará.

"Primeira regra de uma refilmagem, não foda com o original".

Nota: 7.0


3 comentários:

  1. Genial a idéia de Pânico... Tenho que assistir este o quanto antes.
    Ps: Bom texto.

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  2. Vou ver hoje! Que ansiedade! O primeiro é um dos meus filmes favoritos!

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  3. Achei o filme muito bom. Exagera na metalinguagem, mas diverte pacas, e tem momentos geniais.

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