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sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Rede Social (2010)


Navegando no Facebook, antes de assistir A Rede Social, eu não tinha a mínima ideia de que seu criador é Mark Zuckerberg, nem que tal site era, anteriormente, o “The Facebook”, nem que o começo dessa rede social se deu por conta de um site que comparava fotos de duas garotas para eleger a mais “gostosa”, ou seja, não sabia nada da interessante história da criação do site.

Agora, sabendo de todos esses detalhes, devo dizer que o Facebook é muito mais interessante do que era antes de assistir esta obra de David Fincher. O filme foi um sucesso em quase todas as premiações às quais concorreu (mesmo perdendo a premiação principal – o Oscar – para o britânico O Discurso do Rei) e mereceu, de fato, todos os prêmios que ganhou. E que fique bem claro, A Rede Social faz mais do que contar a história da tal rede social.

Este filme, assim como outra obra do mesmo David Fincher (Clube da Luta, 1999), define uma geração, e o faz muito bem. Enquanto o filme de 1999 define a geração da década de 1990 – aqueles que trabalham, muitas vezes, em empregos que não gostam para comprar coisas que não precisam –, o mais recente, define os jovens da primeira década dos anos 2000 – a geração da globalização, aquela que consegue fazer tudo sem sequer sair de casa pelos computadores e internet, a geração da falta de convivência real.

A Rede Social retrata uma geração fria composta de jovens que se escondem e fazem tudo pelo computador, pois têm medo da convivência, e talvez seja por isso que muitos o consideram um filme frio. Em minha opinião, Fincher captou e usou isso de maneira genial e isso fez com que parecesse que o filme se distanciasse um pouco do espectador causando uma sensação de frieza. Porém, isso nem é um defeito, e sim uma causa da abordagem profunda do diretor na tal geração.

Logo na primeira cena do filme, uma incrível sequência de Zuckerberg com sua namorada, somos apresentados ao ritmo do filme: diálogos ultrarrápidos numa linguagem mais complicada do que o normal, e também vemos a personalidade do personagem principal: um nerd um tanto quanto complicado, meio robótico e, não posso deixar de concordar com sua namorada, um babaca.

Ao longo do filme, dá para perceber que Fincher e Sorkin (o roteirista ganhador do Oscar) não quis que os personagens desse filme fossem construídos de forma maniqueísta. Os personagens, assim como na vida real, não são apenas “bonzinhos” ou “bandidos”, e essa complexidade no estudo dos personagens é um ponto alto do filme. Por exemplo, ao mesmo tempo em que Zuckerberg trai seu único e melhor amigo, ele também saí em sua defesa. Isso gerou em mim mistura de sentimentos: uma “pontinha de raiva” de Zuckerberg e também um pouco de pena dele. Além disso, há algo de cômico nele, principalmente nas suas tiradas sarcásticas.


Claro que para isso dar certo seria preciso que as atuações fossem boas o suficiente para confirmar a não unilateralidade dos personagens. E todos os atores dão conta dessa responsabilidade. E quando digo “todos” são todos mesmo, inclusive Justin Timberlake que havia sido duramente criticado por suas atuações em filmes anteriores. Porém, de fato, a melhor atuação do filme é de Jesse Eisenberg. Ele capta, brilhantemente, a essência robótica e nerd de Zuckerberg, talvez porque já tenha experiência em interpretar personagens nerds. Sua semelhança física com o próprio criador do Facebook, também ajudou na sua atuação.

Andrew Garfield também se destaca interpretando o brasileiro Eduardo Saverin – o mais injustiçado no filme. Há algo muito bom em relação a como o filme retrata Eduardo. Ele é um jovem economista bem sucedido e não há nenhum tipo de estereótipo na sua construção, diferente do que muitos outros filmes fazem com personagens vindos do Brasil.

A trilha sonora é um caso a parte. Aquele som criado pelos integrantes da banda Nine Inch Nails - Trent Reznor e Atticus Ross - que se assemelha ao som de uma corrente de bits na cena em que Zuckerberg hackeia Harvard inteira fez com que informática parecesse interessante para mim. E mesmo não fazendo parte da trilha sonora original, “Baby you’re a rich man”, dos Beatles tocada ao final confere certa ironia à cena que, por sinal, foi muitíssimo bem feita. Assim como todo o filme.

E Mark Zuckerberg, apesar de tudo, é um cara normal... só que muito rico.

Nota: 10.0


6 comentários:

  1. A Rede Social vai alem da história e se torna um retrato de uma geração que deseja realizar o fetiche de ter um milhaõ de amigos no face, mas está distante daqueles que, de fato, são importantes para nós.

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  2. Acredito que filme é como música, dependendo do momento vivido, aquela música ou filme podem ser eternos. Não adianta ver um filme mais lindo do mundo se a pessoa não estiver bem consigo mesma.
    Bem, eu gostei de “A Rede Social” e muitos concordam que o Mark Zuckerberg é um babaca, aliás, todos acham que os nerds são, mas eu penso o contrário. O jeito nerd do Mark, a meu ver, é bem diferente dos nerds retratados nos filmes, como o Peter Parker. Em contraste com o Parker, o Zuckerberg é um nerd seguro e é o que é sem se importar com a cara de desprezo dos outros, principalmente da namorada. Conseguiu fazer do Site de relacionamentos a sua fortuna, pessoal, o cara pode ser tudo, menos babaca. Não sou fã do cara e nem acesso o Facebook, porém, foi o que notei no filme. Talvez o Mark de verdade não seja tudo que foi mostrado pelo ator, que em minha opinião, mereceu a indicação para o Oscar.
    Muitos criticaram essa indicação, só porque o ator é jovem e um pouco desconhecido, a galera não respeita mesmo. Todavia, achei que ele incorporou muito bem o jeito nerd e dava para sentir o seu comprometimento com o papel. Quiçá, não merecesse ganhar, mas a indicação foi justa.

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  3. Bem Sr. Insólito, a sua comparação do filme com a música é exatamente como eu me sinto. Se eu estou "de bem comigo mesmo" e decido ver um filme, é bem provável que eu vá gostar de vê-lo, o mesmo acontece com a música. E acho que eu estava de bem comigo mesmo ao ver A Rede Social. Considero ele o melhor filme de 2010 e também um dos melhores filmes que eu já vi. Muitos podem discordar disso, e tais pessoas até tem razão, mas eu dou muito valor à emoção que o filme me traz, talvez seja isso um defeito, ou uma qualidade, não sei.
    E eu achei Zuckerberg um babaca, não porque ele é um nerd, mas porque ele fez de tudo para ser um. E também concordo com você que Eisenberg merecia a indicação ao Oscar, como eu disse no comentário, ele captou a essência nerd e robótica do personagem e, devo confessar que me diverti com as tiradas sarcásticas dele.

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  4. Respeito muito o trabalho do David Fincher em transformar uma história de "dinheiro, sexo e traição" (subtítulo do livro Bilioários por acaso) em um retrato de uma geração.

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  5. Foi só eu que achei A Rede Social um tanto irritante? :(

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  6. Rafa, entendo seus sentimentos, A Rede Social é o filme do facebook, o filme da geração da primeira década dos anos 2000, mas também, é o filme de Zuckerberg, e ele é sim um pouco irritante, só que isso causou efeitos diferentes nas pessoas, uns adoraram, outros já não.

    Eu me sinto como você, em relação a outros filmes que geral fala bem, mas eu odiei, tipo Silêncio dos Inocentes...

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