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domingo, 17 de abril de 2011

Insônia (2002)


Podemos dizer que sempre quando a estréia de bom diretor lança aos olhos do público uma grande surpresa, as expectativas com relação ao projeto seguinte sempre serão as maiores e mais alarmantes possíveis. Foi o caso do cineasta M. Night Shyamalan com seu O Sexto Sentido, onde com a seguida dos projetos posteriores a este, muitas esperanças foram fundadas apenas com base no que este filme representou, através disso a imagem dele (e de seus filmes seguintes) foi sendo pouco a pouco dilacerada, sendo ele, especialmente para a crítica, uma sombra do sucesso que apresentou em 1999. Com sabem, isso no meio cinematográfico é bastante comum, e diante deste “mal das expectativas” que o renomado cineasta Christopher Nolan lançou ao público Insônia em 2002, tornando uma decepção para os que aguardavam algo tão grande quanto o fabuloso, Amnésia (Memento, 2000).

Abrindo a década passada, Amnésia tornou-se uma das maiores surpresas a surgir no mercado cinematográfico. Neste, Nolan depositou um quebra-cabeça intrincado, difícil e, sobretudo instigante. O público e crítica foi fisgado pelo talento emergente de Nolan, e dois anos depois isso viria a ser mostrado com o aguardado Insônia, que além de contar com a realização do cineasta, tinha em sua produção um elenco de alta escala, que engrandeceu mais seu nome e, eventualmente, as expectativas sobre o mesmo. Mesmo possuindo uma ambientação digna e uma história poderosa, Insônia não conseguiu corresponder, para o grande público, todo a alarde que havia recebendo, e por fim tornou-se o trabalho mais repudiado da carreira de Christopher Nolan.

A trama de Insônia é uma cadeia de eventos em que o espectador não só é testemunha de todos os fatos, mas também o juiz que determinará o caráter de cada qual dos personagens. Narra à história de um detetive (Al Pacino) que é mandado para investigar o assassinato de uma jovem, numa isolada cidade no Alasca. Durante uma perseguição ao responsável pelo crime, ele acaba por matar acidentalmente seu parceiro, e a única testemunha daquilo é justamente o assassino (Robbin Williams) que tanto procurava, pouco a pouco se inicia uma intensa caçada policial, rodeada por muitas chantagens e armadilhas.


Mesmo não acertando em tudo o que mirou, Insônia consegue proporcionar tudo na medida mais precisa tornando-se uma filme policial diferente da média atual, não revolucionário, mas por seus predicados, deveras original. Um dos pontos mais interessantes aqui seria justamente a índole dos personagens centrais, respectivamente o policial e o criminoso, onde não presenciamos as personalidades do bem e do mal, mas sim de dois homens, fazendo de todo o possível para apagar os erros que cometeram, nem que para isso tenham que jogar contra as regras. Esse game de gato e rato torna-se com a medida do tempo, mais instigante e delirante, onde a partir do visível desgaste mental deles, suas ações vão tornando-se mais e mais imprevisíveis, culminado na ruína de tudo que havia sido montado até então, onde a trama policial é deixada agora nas mãos da personagens de Hillary Swank, e toda a climatização principal gira apenas num cenário de sobrevivência.

Outra qualidade visível de Insônia é justamente sua ambientação que muito lembra o ótimo trabalho dos irmãos Coen em Fargo – Uma Comédia de Erros, tendo em vista que ambos se dão numa investigação em meio a um cenário gélido e estático. Dando um giro maior por toda a produção de Nolan verá não apenas um corriqueiro thriller policial, mas sim uma encenação analítica da mente humana, suas atitudes e seu comportamento diante de situações extremas. Nolan veicula bem sua trama, onde o maior erro dar-se em sua mudança de narrativa visível, passando de uma investigação policial de desenvolvimento lento para uma trama mecanicamente acelerada, onde este contraste de tempo incomoda na assimilação dos fatos e numa mais completa apreciação da obra.

Posteriormente a esse, Nolan realizou grandes filmes que foram mais bem vistos e recebidos por parte do público e crítica. Insônia para a maioria tornou-se a “mancha” na filmografia daquele que é um dos mais prestigiados cineastas da atualidade. Mesmo não tendo correspondido aos excessos e exigências do público, Insônia cumpre bem seu papel de uma agradável e engenhosa trama policial, e aos que manterem os olhos abertos para isso, também teram essa mesma percepção.

Nota: 7.5


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