Encontre seu filme!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Wall-E (2008)

Wall-E e seu pouco ortodoxo bichinho de estimação.


A Pixar conseguiu, mais uma vez, se inovar e criar o que eu considero ser sua melhor obra. "Wall-E" é indiscutivelmente belo! O filme pode ser descrito, basicamente, como uma" estória de amor entre dois robôs". De primeira vista pode ser clichê, mas o filme consegue ir muito além dessa definição. O ano é 2700, e a Terra foi abandonada pela humanidade devido ao excesso de lixo em seu bioma. O vários robôs encarregados da "limpeza" do planeta falham e ficam inoperantes, embora um único robô (obviamente, o Wall-E) continua a incessante limpeza. Esse é o enredo básico; o início da estória, que introduz um dos mais cativantes robôs do cinema desde R2-D2. É difícil não gostar de Wall-E logo que conhecemos sua rotina: após quase setecentos anos de solidão, o robô desenvolve uma personalidade curiosa, recolhendo entulhos que ele considera interessante no lixo que compacta (a cena da caixa do anel de diamantes é hilária) e assistindo incessantemente um famoso musical de 1928, "Hello, Dolly".

Outro personagem igualmente cativante (como poderia deixar de ser) é a robô EVA, pela qual Wall-E se apaixona e faz de tudo para atrair sua atenção (o que rende cenas memoráves). A relação dos dois, que é o motor da estória, é expressa quase sempre entre gestos, já que ambos possuem capacidade vocal limitada (Wall-E que o diga). Uma curiosidade: EVA parece um produto saído da "Apple", visto seu design e estlo bem similares à da empresa e também notando que o fundador da Pixar foi Steve Jobs.


Wall-E & Eva, em uma cena linda, ainda que um tanto clichê.

Mas um aspecto pelo qual a tama trabalha até sua conclusão, além do amor entre os dois robôs, é a preservação do ambiente. A Pixar conseguiu transformar vários "clichês ambientais" em um enredo simples, mas fantástico. O filme pode ser dividido em dois mundos: a Terra abandonada pela humanidade e a super-nave onde vive o restante desta. A Pixar faz um retrato direto, até mesmo cruel, de uma sociedade que vive o puro ócio: homens e mulheres no cúmulo da obesidade que se locomovem exclusivamente em assentos flutuantes e que se alimental exclusivamente de alimentos liquefeitos. O primeiro confronto do espectator com essa cena é repulsiva, mas necessária para a trama.

Mas o que valoriza ao máximo a película não é sua simplicidade de enredo, ou as belas cenas de amor entre Wall-E e EVA ou mesmo a perfeição técnica do filme, mas os efeitos sonoros. A trilha sonora encaixa-se perfeitamente em cada ocasião, sendo que o ápice dessa coerção musical é notada na cena em que Wall-E viaja pelo espaço segurando-se na nave de EVA. Nunca vi uma música encaixar-se tão bem ao meio desde "2001: Uma Odisséia no Espaço".

Por falar em "2001", o filme faz uma referência bem clara a ele na cena da luta entre o capitão da "Axiom" (nave-lar dos seres humanos) e o piloto automático AUTO. Este último, por sinal, é quase um primo de HAL-9000. Foi uma referência muito bem feita, e o próprio AUTO pode acabar entrando na lista de "computadores malvados mais memoráves do cinema". Outra referência é ao já mencionado "Hello, Dolly", filme que Wall-E assistiu durante todos os anos de solidão na Terra.



O desenho dos seres humanos chega a ser repulsivo, mas isso talvez tenha sido intencional.

Até os créditos finais são muito bem aproveitados. Note que, conforme os humanos vão reaprendendo os conceitos básicos de agricultura e de demais atividades, as pinturas com as quais são exibidos os créditos vão "evoluindo": começa com pintura rupestre, depois passa para os hieróglifos, depois para estilos modernistas e assim vai. É uma escalada criativa, mostrando a re-evolução da raça humana.

O único ponto que pode realmente decepcionar em "Wall-E" é que ele NÃO é um filme para crianças. No trailer do filme, o espectador pode ter a idéia de uma trama de aventura, daquelas que toda criança fica vidrada em acompanhar. Pois não é! "Wall-E" é um filme sério, subliminar, tocante. Entender sua verdadeira beleza está acima da paciência de uma criança, sendo que em certas partes o filme fica até mesmo monótono. "Wall-E" guarda, em sua simplicidade toda, uma essência introspectiva. É um filme para refletir, pode se dizer assim. As crianças podem até ficar "tocadas" com a graça de Wall-E e EVA e também com as cenas cômicas envolvendo o nosso robô-protagonista, mas muitas delas talvez fiquem "boiando" ao longo da história. Infelizmente, muitas delas vão gostar mais da ação de "Kung Fu Panda" do que da emoção de "Wall-E". Uma pena.

Porém, isso não tira de "Wall-E" a sua perfeição. E se o filme não for literalmente "perfeito", chega bem perto. É a estória mais original e inovadora da Pixar, sendo que seu valor "poético"; emocional não pode ser calculado (é sério, sem nenhum exagero). Segundo um site de críticas norte-americano, "Wall-E é tão belo quanto um filme pode ser". E ele o é!

(Ah, se as crinaça podem ficar desapontadas com Wall-E, pelo menos elas vão gostar muito do curta "Presto" que é, de longe, o mais engraçado curta já feito pela Pixar)



DJ Wall-E arrebentando nas paradas!


NOTA: 9,0



Nenhum comentário:

Postar um comentário