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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cópia Fiel (2010)



Assim como no reino biológico, o cinema é submetido a um processo metamórfico natural, para que dessa forma, se adapte a novas condições e cumpra perfeitamente seu ciclo de desenvolvimento. Entretanto, mesmo com essas mudanças que a arte (não apenas o cinema, mas o conceito de modo geral) enfrenta, apenas seu revestimento é modificado, pois sua essência continua preservada e intacta, a cada obra realizada, como um manifesto artístico de plena expressão. Cópia Fiel apresenta este processo de modificações de forma poética e inovadora, demonstrando que não importam quais sejam as transformações que a arte enfrente, isso porque, ela continuará sempre exprimindo sua forma singular e admirável.

O cineasta Abbas Kiarostami realiza um trabalho que emana brilho e originalidade aos padrões cinematográficos atuais, uma vez que, Cópia Fiel transforma certas fórmulas já conhecidas na composição de romances e dramas em elementos de inovação a sua própria narrativa. Cópia Fiel apenas reproduz, com sutileza e elegância, características conhecidas pelo público, executando-as em cena, de forma sublime, em uma narrativa complexa que respira ares totalmente inovadores.

Cópia Fiel conta a estória de um escritor, que viaja até a Itália para promover seu novo livro, uma obra literária que defende a importância de réplicas e cópias de obras artísticas. Durante o evento de apresentação do livro, uma mulher mostra-se interessada na figura do escritor, é então que ela o convida para um passeio a carro pela cidade, antes que ele volte para seu país. Durante aquela viagem, eles discutem teorias, conversam, visitam restaurantes, museus, até que, em determinado momento da trama, toda aquela relação de conhecimento passa a alterar-se e tomar contornos inéditos.


Contando com as atuações incríveis do casal protagonista, Cópia Fiel constrói um prisma autentico fornecido por seu roteiro, que produz um novo linguajar para conduzir uma narrativa. É, de fato, um filme de difícil compreensão, a que se atribuí a trama escrita pelo próprio diretor, porém, esta complexidade foi o necessário para extrair Cópia Fiel de uma categoria corriqueira a qual seria submetido, isso porque, é através dos rumos que sua narrativa toma que notamos a engenhosidade de toda aquela trama, que nos surpreende sem possuir qualquer reviravolta impactante, apenas deixando fluir a naturalidade de sua estória.

Outro notório alicerce em Cópia Fiel é o excelente trabalho dos atores em cena, que através de interpretações naturais e gloriosas, conseguem firmar a vasta dimensão que seus papéis possuem, e a complexidade de suas respectivas trajetórias na narrativa. William Shimell realiza um personagem forte, que emana sua inteligência e refinação através de uma naturalidade notável. Porém, o destaque nesta obra é a atuação de Juliette Binoche, que modela uma personagem carismática, humana, apresentando mudanças de personalidade durante todo o trajeto que o filme traça. Os personagens Elle e James - Binoche e James - são as peças fundamentais para o desenvolvimento da intrincada narrativa, que assim como estes dois, vai assumindo outros revestimentos e facetas, iludindo e fascinando cada vez mais seu público.

Cópia Fiel captura a essência artística e adere a ela outra moldura, deixando sua excelência inerte, alterando somente seu estado exterior. Portanto, o título não poderia ser mais apropriado, uma vez que, a pregação do filme é a de que mesmo que uma obra seja copiada, seu valor artístico possa ser o mesmo, ou até maior, que a da obra original. Todo este conceito, avaliado sobre uma trama carregada de simbolismos e metáforas, que confere a esta obra um brio ainda mais subjetivo e lírico. Quanto a discussão principal, as divergências estarão sempre presentes, já que o valor de uma obra original e de sua réplica, seram balanceados de acordo com o ponto de vista de cada indivíduo, mas, posso dizer que, pelo menos aqui, a cópia é o que há de mais belo, autêntico e valioso.

Nota: 8.0



2 comentários:

  1. Estou mto afim de assistir esse filme, já foi indicado por fontes seguras, ótima escolha em postar sobre a obra.
    Parabens pelo texto e pelo blog.

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  2. o problema é que sou apaixonado pela binoche. tudo que ela faz é fantástico. quando se junta com kiarostami então... dá nisso. fantástico.

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