Charme é o que se vê durante todo o decorrer dos 123 minutos dessa grande obra do igualmente grande diretor William Wyler. Mestre em filmes de faroeste, Wyler mostra um outro lado ao criar uma deliciosa história de roubo com pitadas cômicas. Acertando em cheio na escolha do elenco e da trilha sonora, o diretor fechou com chave de ouro essa charmosa comédia.
A trama é sobre a bela jovem Nicole Bonnet, filha de um habilidoso falsificador de obras de arte, Charles Bonnet. A vida de luxo dos dois está prestes a acabar quando Charles falsifica uma estátua para um museu, e sem perceber assina um documento que permite um teste de autenticidade da obra. Esse erro pode desmascarar Charles, levando-o para a cadeia. A solução aparece quando um ladrão invade a casa dos Bonnet, mas é pego por Nicole, que lhe pede ajuda para roubar a peça do museu. Sem opções, o ladrão aceita ajudar, sem disfarçar uma incontrolável atração por Nicole.
Começa então uma grande história de roubo, temperada de leve com romance e ótimos diálogos, além da irresistível comédia de bom gosto. Simon, o ladrão interpretado por Peter O'Toole, é de um incrível cinismo e esperteza, conquistando de cara o público. Audrey Hepburn interpreta a linda Nicole, igualmente carismática e inteligente. A personalidade dos dois se choca, provocando inúmeras provocações e atitudes carregadas de segundas intenções. Afinal, mesmo tendo de repudiar seu invasor, Nicole precisa da ajuda dele para limpar a barra de sua família, além de sentir uma grande atração pelo picareta. Juntos elaboram um dos mais incríveis planos de roubo da história do cinema.
Tradicional em Hollywood, histórias de roubo sempre chamam atenção, principalmente quando contam com um elenco charmoso e talentoso. Com esse filme não foi diferente, já que conquistou público e crítica, alcançando uma cifra de 230 mil dólares só na primeira semana de exibição nos EUA. Depois desse filme, ainda surgiram outros muito bons sobre roubo, como "Onze Homens e um Segredo" (Ocean's Eleven, 2001), como exemplo mais recente.
O filme foi todo filmado na bela Paris, lugar perfeito para corresponder à elegância da obra. A trilha sonora ficou na mão de ninguém menos que o mestre John Williams, que, para variar, caprichou na produção. O figurino não poderia ser deixado de lado, considerando o ícone de moda Hepburn no elenco, sendo de extrema elegância e bom gosto. Um detalhe interessante foi a filmagem de Wyler, pobre em closes, exigindo mais dos atores em cenas com muitos personagens. Dessa forma, Wyler conseguiu tirar o melhor de cada um do elenco. Não é de admirar que Hepburn conseguiu usar essa técnica a seu favor, chamando toda a atenção em cada vez que surge na tela.
Há também as participações de dois outros grandes atores. Hugh Griffith interpreta Charles Bonnet com toda a astúcia necessária. O querido Eli Wallach participa como um tedioso e rico pretendente para Nicole. Como elenco de apoio eles estão mais do que ótimos, acrescentando mais humor à trama.
Não foi um dos 12 filmes pelo o qual Wyler foi indicado ao Oscar, muito menos seu trabalho mais brilhante. No entanto é uma das mais queridas e inteligentes obras do diretor. É também a terceira parceria entre ele e Hepburn, mostrando mais uma vez uma grande afinidade profissional com a atriz. Um filme delicioso e suave, sem grandes pretensões, mas que sabe divertir e encantar de uma forma que somente os filmes daquela época sabiam, sendo assim indispensável e inesquecível.
Nota: 9.0
Linda como sempre! Preciso nem falar quem é... Né?
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