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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Conduta de Risco (2007)


Roteiro complexo com atuações marcantes. A estréia de Tony Gilroy na direção não poderia ser melhor.

Depois de escrever todos os três filmes da trilogia Bourne, Gilroy estréia na direção de um filme "cabeça", complexo, com personagens fortes e um roteiro pra lá de bem escrito. Conduta de Risco é um daqueles filmes que exigem uma capacidade de compreensão ainda maior por parte do espectador. Detalhes minuciosos podem fazer toda a diferença em uma história original, escrita pelo próprio Gilroy. O diretor (e também roteirista) desenvolve uma narrativa interessante, bem construída e retalhada. O enredo gira em torno de quatro dias da vida do advogado Michael Clayton (George Clooney), que presta serviços a uma empresa, encarregada de "limpar" a ficha de seus clientes processados. Chamados então de "faxineiros", os advogados estão enfrentando um processo de escalas gigantescas. Centenas de famílias tentam processar uma empresa fabricante de venenos anti-microorganismos de plantações. Todas essas famílias alegam que esse veneno causou a morte de vários familiares. Com a responsabilidade nas costas de livrar essa empresa fabricante U/North de pagar quantias milionárias a tantas famílias, um de seus colegas, e também advogado, Arthur Evans (Tom Wilkinson) sofre uma crise de consciência, levando a um colapso nervoso. Mesmo ele afirmando saber que a empresa é a causadora de tantas mortes e que estava com sangue nas mãos, as pessoas o tratam como um louco. Uma jovem representante da U/North, Karen (Tilda Swinton), após ser promovida, é enviada para solucionar o problema. Pressionada demais para não falhar com as investigações e tentar permanecer em seu novo cargo, ela decide tomar atitudes impensadas e precipitadas.

Depois de um "flashback" muitíssimo bem aplicado, o roteiro de Gilroy nos leva à revelação dos conflitos. Embora não haja mistério algum depois, exceto no início do longa, onde o filme comaçava a tomar vida por si só, a narrativa consegue prender o espectador, que além de prestar máxima atenção a todos os detalhes, os mais minuciosos possíveis, percebe que os personagens vão chegando ao seu limite de estresse, tomando consciência de quem são na realidade. Clayton, um homem infeliz, viciado em jogo e com uma dúzia de dívidas, permanecia em um emprego que não o satisfazia, mas o dever de pagar a pensão de seu filho e suas dívidas, não o deixava sair do serviço. Quando ele é pego de surpresa com o surto de seu colega, ele percebe quem ele realmente é e o que fez durante toda a sua vida. Grande marca dos personagens é o fato de todos terem alguma coisa a esconder, dando a sensação de não haver uma única pessoa sequer que seja "do bem".


Em relação às interpretações, o elenco afiado vai desde George Clooney, indicado ao Oscar de Melhor Ator até o recentemente falecido Sidney Pollack. Clooney, embora não esteja na melhor atuação de sua carreira, convence como o personagem-título original, que demonstra, aos poucos ser frio e calculista. Outro destaque é o ator Tom Wilkinson, também idnicado ao Oscar, tem a melhor atuação de sua carreira como o advogado surtado. Porém a atriz Tilda Swinton é a que demonstra uma grande capacidade. Aparentando ser uma trabalhadora fiel a sua empresa, compromissada e esforçada, ela escorrega em alguns pontos que mudam completamente o sentido de enchergar sua personagem. Tal transição é importante e fica muito bem nas mãoes de alguém que saiba atuar. E com o Oscar de Coadjuvante, Swinton prova que foi a escolha ideal para o papel. Embora não tenha merecido o Oscar, tanto quanto Cate Blanchett, em Não Estou Lá, a estatueta foi uma espécie de "prêmio de consolação" para um filme muito bem idealizado que recebera sete indicações, incluindo nas categorias principais.

Obviamente, o maior equívoco não foi esse. A indicação da triha sonora, que demonstra ser fria e muito mais simples do que o aceitável, a edição foi lançada de fora. Comandada por pelo irmão do diretor, a montagem precisa e bem elaborada não deu a John Gilroy sua primeira indicação.

Boa passagem pela crítica, nem tanto pelo público, Conduta de Risco pode ter sido idolatrado por uns e odiado por outros, a difícil mensagem que o filme tem a passar é complicada de se entender, mas que ao final, deixa você pensando e pensando, saboreando o gosto de ter visto um filme "cabeça", mas que é perfeitamente compreensível e se houver um pouco mais de esforço por parte do especador, teria sido levado ainda mais a sério.

Nota: 8.0




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